Churrasco frio? Dona da Sadia fica no vermelho e Minerva lucra milhões
A dona da Sadia e a Minerva estão em direções opostas na Bolsa hoje, 11. As duas empresas processam e vendem carnes. Ambas trabalham com exportação, vendem para a China, em dólar. Mas uma teve prejuízo de R$ 451 milhões no segundo trimestre de 2022, enquanto a outra lucrou R$ 424,7. O que deu errado para uma delas?
Enquanto a Minerva Foods (BEEF3) comemora o lucro, que foi de 264% maior que o resultado de abril, maio e junho do ano passado, a BRF (BRFS3), dona da Sadia e Perdigão, viu seu prejuízo aumentar 126%, conforme informaram as companhias em seu balanço trimestral.
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Como consequência, as ações da Minerva estão em alta de 6,08% hoje, às 15h, enquanto o papel da BRF amarga perdas de 10,96%. A queda chegou a superar os 11,3%.
Qual foi o desafio para a BRF? As duas venderam bem: receita líquida de vendas da BRF foi de R$ 12,9 bilhões, aumento de 11,2% sobre os R$ 11,6 bilhões do mesmo intervalo de 2021. A Minerva teve receita líquida 34,7% maior, chegando a R$ 8,47 bilhões.
Mas o problema da BRF é o endividamento: a empresa está devendo bem mais. A companhia encerrou o trimestre com o índice de alavancagem (relação entre dívida líquida e o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) em 3,14 vezes, contra 2,83 vezes no primeiro trimestre do ano. Ou seja, a dívida da empresa agora é 3,14 vezes maior que seu lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização.
Outra coisa que prejudicou a BRF foram os resultados de aplicações financeiras. Como a dívida da empresa é em dólar, ficou maior ainda. Além disso, ela investiu mais para conseguir vender. Isso prejudicou a geração de caixa da empresa. "Ou seja, a companhia precisaria de um volume de vendas muito maior para garantir um fluxo de caixa livre positivo e viabilizar a sua expansão", dizem Régis Chinchila e Luis Novaes, da equipe de análises da Terra Investimentos.
O que eu faço se tenho ações da BRF? É hora de vender? As casas de análise não estão recomendando a compra da ação da empresa. O BTG, a Eleven e o Itaú BBA, entre outros classificaram o papel como neutro: melhor não comprar, nem vender.
E a Minerva, se deu bem? A Minerva, que só vende para o mercado externo, resolveu diversificar e não vender somente - ou majoritariamente - para a China, que teve restrições por conta da covid-19 no trimestre. "Nossa estratégia de diversificação geográfica, um dos principais pilares do nosso modelo de negócios continua sendo essencial na manutenção da nossa rentabilidade, e como importante agente mitigador de riscos", destacou a empresa, em seu balanço. Um dos focos da empresa foi a América do Sul.
E vale comprar? O Goldman Sachs, a Eleven e outras casas de análises também são neutras para BEEF3. O banco americano, por exemplo, não duvida do fôlego da empresa. Apenas acredita que a valorização da ação não tem perna para ir mais além: chegaria ao máximo em R$ 15 até o fim do ano, preço que já alcançou hoje.
JBS (JBSS3) e Marfrig (MRFG3) divulgam resultados hoje, após o fechamento do mercado.
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