Deflação pode afetar as aplicações? Veja dicas para proteger o patrimônio

O Brasil teve deflação de 0,68% em julho (quer dizer, a inflação foi negativa). Isso é positivo para os consumidores. Mas o que acontece com os investimentos que são corrigidos pela inflação, como é o caso do Tesouro IPCA?

Esse título é muito usado pelos investidores e varia conforme o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), indicador oficial da inflação no país. Veja a seguir quais os impactos para quem tem dinheiro nessa aplicação.

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Como o IPCA impacta a renda fixa? Se o Tesouro IPCA representa uma boa estratégia para a proteção do patrimônio, o seu retorno é corrigido para baixo em momentos de deflação. Dessa forma, um título que oferece a remuneração mensal da inflação mais 0,5%, teve rendimento negativo em julho, uma vez que a queda nos preços foi de 0,68%, afirma o sócio e assessor da Aplix Investimentos, Yuri Cavalcante.

Isso pode até ligar o sinal de alerta para o investidor. Mas, por outro lado, a pessoa tem a segurança de manter o seu poder de compra, diz Cavalcante.

Além do mais, esse não é um cenário que deve perdurar. Os analistas entendem que o fenômeno da deflação pode voltar a se repetir em agosto, mas o ano deve fechar com inflação, e é importante proteger seu patrimônio dessa desvalorização (o que o investimento atrelado ao IPCA cumpre).

Segundo o boletim Focus, relatório do Banco Central feito a partir de consultas a especialistas de instituições financeiras, o IPCA deve ser de 7,11% neste ano e de 5,36% em 2023. Nos 12 meses encerrados em julho, a inflação chegou a 10,07%.

Vale investir em títulos não indexados ao IPCA? Na renda fixa, ativos como o Tesouro Selic e os CDBs se tornam mais interessantes neste momento, diz o head de Alocação e Produtos da HCI Invest, Pedro Correa. Com a taxa básica de juros, a Selic, em 13,75% ao ano, o primeiro rende justamente os 13,75% ao ano mais uma remuneração variável.

Quanto aos CDBs, modelo em que o investidor faz uma espécie de empréstimo às instituições financeiras, o ganho é ligado ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário, taxa cobrada na tomada de recursos entre os próprios bancos). Por sua vez, o CDI normalmente gira em 0,10 pontos abaixo da Selic. Por isso, hoje está em 13,65% ao ano. Dessa maneira, tanto o Tesouro Selic quanto os CDBs não são impactados pela deflação.

Quais os cuidados para a proteção do patrimônio? De acordo com Pedro Correa, da HCI Invest, nos últimos três meses, a assessoria vem reduzindo a recomendação para os clientes que têm o IPCA como referência, porque é esperada uma queda da inflação para os próximos meses.

Mateus Caldasso, sócio da Alta Vista Investimentos, diz que por mais que eventualmente ocorra deflação em alguns períodos, a possibilidade de ter o rendimento ligado ao IPCA é bastante vantajosa para quem deseja ter uma reserva no curto prazo (até um ano), médio (entre um a três anos) ou longo prazo (acima de três anos).

Mas Caldasso também alerta para o fato de que, caso o investimento escolhido seja o IPCA, em um momento de queda dos preços, pode não haver tempo suficiente para a recuperação da rentabilidade.