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Entenda como foi o golpe que fez Usain Bolt perder R$ 64,5 milhões

Usain Bolt - Reprodução/Instagram
Usain Bolt Imagem: Reprodução/Instagram

Lílian Cunha

Colaboração para o UOL, em São Paulo

01/02/2023 14h08

O homem mais rápido do mundo, Usain Bolt, disse na semana passada que perdeu mais de US$ 12,7 milhões (o equivalente a R$ 64,5 milhões) que estavam aplicados na empresa de investimentos jamaicana Stocks and Securities Ltd (SSL), que trabalha com ações, títulos e valores mobiliários.

O que disse Bolt?

O velocista, que ficou agora com uma poupança de apenas US$ 12 mil na corretora, abriu a conta em 2012 e não sacou nem transferiu dinheiro desde então. A conta era para servir de pensão para o atleta e seus pais, segundo a Reuters. O golpe foi descoberto em outubro de 2022.

Não, não estou falido, mas [as perdas] definitivamente me prejudicaram, [os fundos] eram para o meu futuro.
Usain Bolt ao jornal 'Jamaica Observer'

O que já se sabe sobre o golpe?

  • Bolt foi um dos clientes fraudados por uma ex-funcionária do fundo de investimentos jamaicano Stocks and Securities Limited (SSL).
  • São pelo menos 30 vítimas, segundo um relatório da Financial Services Commission (FSC), que é o órgão jamaicano correspondente à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no Brasil.
  • Entre eles estão idosos e órgãos governamentais.
  • O Fundo Nacional de Saúde, a Sociedade Agrícola da Jamaica e o Fundo Nacional de Habitação colocaram milhões de dólares na investidora.
  • O valor total do prejuízo é estimado em US$ 3 bilhões (R$ 15 bilhões).
  • Para piorar, a SSL informou que tem apenas US$ 1 milhão em seguros para os investimentos que administrava.
  • O FBI aceitou o pedido do governo da Jamaica para investigar o golpe.
E o que aconteceu?

Uma suspeita já confessou a fraude. O nome dela é Jean-Ann Panton, gerente de relacionamento com o cliente da SSL. Ela deu uma declaração por escrito no dia 7 de janeiro.

De acordo com a rádio local, Nationwide News, milhões de dólares foram retirados das contas de clientes durante diversos anos.

Jean-Ann também entregou às autoridades uma lista de vítimas, mas o nome de Bolt não foi mencionado. De acordo com um ex-CEO da SSL, a empresa nem sabia que ele era um cliente.

Ela trabalhou na SSL por 25 anos. Ela disse, segundo a imprensa local, que tudo começou por volta de 2010, quando seu pai foi diagnosticado com câncer e ela era a principal responsável por seus cuidados e finanças.

"Ele teve que ir para o exterior para tratamento e não estava empregado na época. Foi nesse momento que pensei em pegar emprestado dinheiro de contas de clientes para cobrir as despesas de meu pai", escreveu Panton. O veículo local jamaicano, JBN Network, divulgou o depoimento.

"Eu não tinha ideia de como pagaria, mas essa foi a minha solução na época. Aproximadamente três anos depois, ele faleceu e eu também tive que ajudar nas despesas do funeral. Também peguei emprestado das contas do cliente para cobrir o funeral despesas", disse ela. Ela acabou gastando tudo o que pegou.

Isso pode acontecer com fundos no Brasil?

O gestor, no Brasil, não tem como entrar na conta da pessoa e transferir o dinheiro. Isso é impossível.
Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, casa de análise e empresa de tecnologia e educação para investidores

Mas como faltam detalhes ainda de como a ex-funcionária fez os desvios de dinheiro, não dá para dizer se é possível ou não acontecer o mesmo aqui. "Temos órgãos reguladores que são muito respeitados pelo mercado. Mas, mesmo assim, acontecem fraudes contábeis, como essa possível fraude recente das Americanas", diz Jorge.

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