Dólar ficará abaixo de R$ 5,10? É hora de comprar para viajar?
O dólar está cotado a menos de R$ 5,10 e fechou em queda mais uma vez ontem. Ainda que a cotação continue alta, é uma boa hora para comprar para viajar ou investir, dizem especialistas ouvidos por UOL.
Quanto o dólar já caiu?
Desde o dia 3 de janeiro, o dólar passou de R$ 5,47 para fechar esta terça-feira cotado a R$ 5,077. Em janeiro, a moeda americana fechou em queda de 3,85%. Veja a cotação hoje.
O dólar pode cair para abaixo dos R$ 5?
Sim, os analistas acreditam que a moeda americana pode ser precificada abaixo dos R$ 5 novamente, dependendo do cenário político-econômico,
"Há espaço para o recuo a R$ 4,60 nos próximos dias se o governo se mostrar mais afinado e entregar nos próximos meses uma agenda de reformas atrativa", publicou a Mirae Asset, em relatório para investidores.
Hoje, 1°, o Fed, banco central americano, deve subir os juros mais uma vez. A expecativa é que suba de 0,25 pontos a 0,50 pontos, uma alta mais contida desde que a taxa americana começou a subir. Analistas esperam que os juros parem de cair em maio.
Isso por si só já faz o dólar perder força.
Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos
A política brasileira é outro ponto de atenção. Se o governo anunciar políticas para limitar ou gerenciar os gastos, os juros brasileiros podem cair em um momento próximo, o que também pode levar à queda do dólar, diz Cohen.
Por ora, a projeção do mercado financeiro para a taxa de câmbio ao fim de 2023 está em R$ 5,25, segundo a últimas pesquisa Focus do Banco Central.
Então é uma boa hora para comprar?
Apesar de a cotação ainda estar muito alta, é sim uma boa hora para comprar, tanto para viajar quanto para fazer negócios, diz Renan Mazzo, diretor de câmbio da SVN Investimentos.
No caso de quem vai viajar, como a tendência ainda é de queda nos próximos dias ou semanas, a dica é ir comprando aos poucos, para aproveitar a cotação em queda.
E é melhor comprar papel moeda ou usar um cartão pré-pago?
- Para comprar dólar, o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) é de 1,10% no papel moeda.
- Já no cartão pré-pago ou no cartão de crédito, o imposto é de 5,38%.
- Até o começo deste ano, a taxa era ainda maior, de 6,38%, mas o tributo será gradualmente reduzido nos próximos anos, até chegar a zero em janeiro de 2028.
O que está acontecendo?
Os especialistas explicam que existem, pelo menos, três fatores puxando a moeda americana para baixo.
O principal deles é os juros dos Estados Unidos.
- Os mais recentes dados da economia americana mostram que a luta do Federal Reserve, o banco central dos EUA, contra a inflação está dando certo. Há algumas semanas, por exemplo, foi divulgado que a inflação oficial dos Estados Unidos caiu 0,1% em dezembro na comparação com novembro.
- Com isso, o Fed deve diminuir os juros projetados para os próximos 12 meses.
- Isso tem feito o dólar cair em relação a todas as moedas emergentes do mundo, inclusive o real.
Quando os juros nos EUA caem, o capital especulativo procura outros países com taxas maiores, como é o caso do Brasil. Esse fluxo de dólar entrando aqui faz a cotação cair.
Cristiane Quartaroli, economista Banco Ourinvest
A retomada da atividade econômica na China também faz entrar mais dólares no Brasil, já que o pais exporta muitos produtos básicos (commodities) para lá.
Por fim, está a política brasileira. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou no dia 12 uma série de medidas com o objetivo de reverter o déficit primário de R $231 bilhões estimado para as contas do governo federal em 2023. O mercado recebeu esse conjunto de medidas.
A viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a Argentina e o Uruguai, segundo Cristiane, também foram bem recebidas, o que também ajudou o dólar a cair.
Tudo vai depender também de o governo brasileiro colocar em prática o discurso de austeridade fiscal feito na semana passada.
Fabrizio Velloni, da Frente Corretora
China ainda preocupa mercado
- Na pandemia a inflação aumentou - muitos países pagaram auxílios sociais, o que aumentou o dinheiro em circulação, e a indústria ficou parada reduzindo a produção caiu, o que fez os preços subirem.
- A China está passando por isso só agora, explica Fabrízio Veillonella, da Frente Corretora. O país só retomou a atividade econômica com o fim da política de covid zero em dezembro passado.
- Então, a inflação chinesa pode agora por fim na baixa do dólar nos próximos meses.
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