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Crise na Bolsa: veja quais são as 10 ações que mais caíram neste ano

Preocupação: no curto prazo, nenhuma dessas ações deve se recuperar - Shapecharge/Getty Images
Preocupação: no curto prazo, nenhuma dessas ações deve se recuperar Imagem: Shapecharge/Getty Images

Lílian Cunha

Colaboração para o UOL, em São Paulo

28/03/2023 04h00

Empresas de saúde estão entre as maiores quedas da Bolsa desde o começo do ano, assim como a CVC, de turismo. Com a inflação e os juros altos, a receita dos consumidores diminui, as dívidas crescem, e algumas empresas passam a ter prejuízo. Veja abaixo o levantamento, que considera as ações do Ibovespa, principal índice da B3.

Nesta segunda-feira (27), o Ibovespa fechou em alta de de 0,85%, mas ainda abaixo dos 100 mil pontos. Terminou o pregão aos 99.670,47 pontos.

Veja quais são as ações que mais caíram desde o início do ano

  1. Hapvida (HAPV3): -56,30%
  2. Alpargatas (ALPA4): -46,15%
  3. Qualicorp (QUAL3): -35,60%
  4. Locaweb (LWSA3): -34,62%
  5. CVC Brasil (CVCB3): -34,08%
  6. Yduqs (YDUQ3): -31,17%
  7. Raízen (RAIZ4): -30,62%
  8. Rede D'Or (RDOR3): -28,94%
  9. BRF (BRFS3): -26,69%
  10. Eletrobras (ELET3): -24,26%

Fonte: Economatica

Variação acumulada de 3 de janeiro a 27 de março

Empresas de saúde estão no prejuízo

  • Hapvida, Qualicorp e Rede D'Or são os destaques de queda.
  • Um dos motivos é a inflação e a falta de dinheiro no bolso da população. Na hora do aperto de cinto, esses serviços são cortados, segundo Luis Novaes, analista da Terra Investimentos.
  • Planos estão mais caros. No ano passado, os planos de saúde individuais e familiares foram reajustados em até 15,5%. Esse foi o maior teto de reajuste já anunciado pela ANS desde 2000, quando a agência reguladora foi fundada. Foi quase o triplo da inflação do ano.
  • E dentre as três empresas, a menor é a Hapvida, que sofreu maior queda. Ela teve prejuízo no último trimestre do ano passado, revertendo lucro do ano anterior.
  • Outro motivo para a queda é a dívida. Com os juros altos, a dívida dessas empresas fica maior.
  • E o que fazer com essas ações? "Não vemos que o setor poderá recuperar sua lucratividade no curto prazo, assim, as ações da Rede D'Or e outras do mesmo setor não devem apresentar um desempenho acima do mercado", diz Novaes.

Dívidas e inflação mais altas afetam empresas

  • A CVC foi amplamente afetada pela pandemia. Sem faturar, a empresa se endividou. Aí veio a alta de juros e sua dívida disparou. É a tempestade perfeita. Por isso, a operadora de viagens está negociando uma reestruturação de sua dívida, que tem muitos vencimentos já no segundo trimestre de 2023. É um valor que quase empata com o caixa da companhia.
  • Dívida também é o problema da BRF, dona da marca Sadia. Mesmo conseguindo diminuir em 15,8% sua dívida líquida, que no final de 2022 chegou a R$ 14,6 bilhões, a empresa vai vender ativos para gerar R$ 4 bilhões e abater os débitos no decorrer do ano.
  • A Alpargatas, dona das Havaianas, se endividou com uma compra. No final de 2021, quando os juros estavam na casa dos 9%, comprou 49,99% da empresa norte-americana Rothy's, que produz roupas a partir de produtos reciclados por US$ 475 milhões. "Foi uma compra muito cara e depois a empresa precisou fazer um aumento de capital", explica Hugo Baeta, analista de ações da AF Invest.
  • Sem recuperação à vista. Sem conseguir passar o aumento de custos para os preços dos produtos, a empresa de roupas e calçados não vem conseguindo recuperar os lucros. e não há esperanças enquanto a inflação e os juros não caírem.
  • Locaweb também fez compras. A empresa fez 14 aquisições desde a abertura de capital em fevereiro de 2020. Agora, com os juros altos, a situação fica mais apertada.
  • Com a Raízen, dona dos postos Ipiranga e Shell, o prejuízo é com a perda de competitividade do etanol. A Raízen é produtora de açúcar e álcool. Mas, por conta da desoneração dos impostos federais sobre a gasolina e diesel, feita no ano passado, as pessoas passaram a abastecer mais com eles.
  • A empresa de educação Yduqs também está no prejuízo.
  • Eletrobras sofre com as chuvas acima do normal. A energia, principalmente hidrelétrica, ficou mais barata. A conta de luz residencial caiu em média 20% só em 2022, considerando preços até outubro, segundo a Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel). Isso fez o lucro da empresa cair 36%.
  • As ações das Americanas não estão na lista por não fazerem parte do Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira. Elas acumulam queda de 89,43%, para R$ 1,01, depois de pedir recuperação judicial em janeiro.

Quais dessas ações podem voltar a subir?

  • No curto prazo, nenhuma. A não ser que os juros e a inflação caiam, é difícil que haja uma retomada rápida.
  • No caso da Eletrobras, a companhia está passando por reestruturações que podem ajudar no ganho de valor dos papéis. A Mirae Asset recomenda a compra, esperando alta de 89% até o final do ano, de R$ 31,91 para R$ 58,70.
  • No caso de Yduqs, pode haver esperança se o governo investir em melhorias nos programas de financiamento estudantil. Para o Bank Of America, a recomendação, entretanto, ainda é neutra.

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