Quais são as empresas mais endividadas da Bolsa? Qual o risco de investir?
Com uma taxa de juros básica há um ano e dois meses na casa dos dois dígitos, ter dívidas altas não está fácil para as empresas. Mas, ainda que esse fator preocupe os investidores, o endividamento da empresa não deve ser a única métrica para tomar uma decisão de investir ou não em uma ação.
Empresas negociam dívidas
Empresas pedem proteção contra credores. As Americanas pediram recuperação judicial no início do ano, com dívidas que superam R$ 42,2 bilhões. A Oi entrou em sua segunda recuperação judicial este ano. Já a Light pode estar mais perto de pedir a RJ, com dívidas de R$ 11,1 bilhões. A rede de varejo Marisa (AMAR3) está renegociando R$ 603,4 milhões e fechando lojas.
O mesmo acontece com algumas empresas fora da Bolsa. A varejista de moda Amaro entrou em recuperação extrajudicial motivada por uma dívida de R$ 244,6 milhões. E a Tok&Stok está fechando algumas lojas no país e promovendo saldões com ofertas de até 50%. A companhia de decoração deve cerca de R$ 600 milhões.
Quais são as empresas mais endividadas da Bolsa?
A alavancagem mede o endividamento de uma companhia e sua capacidade de pagamento. Ela é calculada dividindo-se o total da dívida da empresa pelo seu Ebitda dos últimos 12 meses - os lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização, ou seja: o caixa que a empresa gera somente com a sua operação.
Mostra como a empresa poderia pagar suas dívidas. Se uma empresa tem um nível de endividamento equivalente a três vezes seu Ebitda, isso quer dizer que ela demoraria três anos ou precisaria multiplicar por três sua geração de caixa atual para pagar o total de suas dívidas.
O mercado considera que, quando o endividamento fica entre 2 e 2,5, essa é uma situação saudável para a empresa. Até 3,5 vezes é aceitável. "Mas claro que tudo isso depende do setor em que a companhia atua", diz Leonardo Piovesan, analista fundamentalista da Quantzed, casa de análise de Curitiba (PR).
Confira a seguir quais são as 10 empresas com maior endividamento, conforme levantamento da TradeMap:
- BRF (BRFS3): 5,2 vezes - R$ 23, 52 bilhões
- Equatorial (ECTL3): 4,76 vezes - R$ 41,18 bilhões
- Localiza (RENT3): 4,20 vezes - R$ 33, 27 bilhões
- Cosan (CSAN3): 3,97 vezes - R$ 56,52 bilhões
- Simpar (SIMH3): 3,87 vezes - R$ 39,82 bilhões
- Energisa (ENGI11): 3,21 R$ 28,21 bilhões
- Neoenergia (NEOE3): 3,15 vezes - R$ 43,5 bilhões
- Eletrobras (ELET3 e ELET6): 3,06 vezes - R$ 59,86 bilhões
- Raízen (RAIZ4): 2,97 vezes - R$ 44,12 bilhões
- Marfrig (MFRG3): 2,78 vezes - R$ 64,78 bilhões
Fonte TradeMap. Em dívida/ebitda
Nível de dívida não é tudo
Mais do que endividamento, é preciso entender a situação da empresa. Muitas das empresas nessa lista estão endividadas porque compraram outras para crescer. Outras estão em setores tradicionalmente mais endividados.
Americanas não aparecem na lista. As Americanas, que entrara em recuperação judicial em janeiro, têm uma dívida total de R$ 42,3 bilhões. Mas a empresa ainda não divulgou o balanço do último trimestre de 2022 e por isso não há como calcular o Ebitda dos últimos 12 meses para chegar ao endividamento da empresa."A única coisa que a gente prevê é que ele deve estar na casa dos dois dígitos, muito alto", diz Piovesan.
BRF sofre com os preços de grão, como milho e soja, em alta. A empresa tem custos maiores, mas não consegue aumentar o preço dos seus produtos para compensar isso, já que a inflação diminui o poder de compra dos consumidores. No ano passado, ela teve um prejuízo bilionário. Para tentar se recuperar do ano ruim, a empresa está vendendo ativos no total de R$ 4 bilhões.
JBS e Marfrig também tem endividamento alto. Essas duas têm mais mercado fora do país, o que as ajuda. Lembrando ainda que, atualmente, a Marfrig tem 31,66% da BRF, dona das marcas Sadia e Perdigão.
Empresas de energia se endividam para investir. É o caso de Equatorial, Energisa, Neoenergia e Eletrobras. A Equatorial, por exemplo, comprou concessões no segmento de distribuição de energia, transmissão e até saneamento. Também fez aquisições no segmento de geração renovável de energia.
"Mas como elas, fazendo essas compras, aumentam a base de clientes, o faturamento aumenta também ", diz Ruy Hungria, analista de ações da Empiricus Research.
Outra segurança é a sua capacidade de pagamento. Apesar da dívida dessas empresas ser bem alta, elas têm muito caixa e uma geração de renda alta e constante, corrigida pela inflação.
A Localiza está endividada por causa da fusão com a Unidas, feita em julho do ano passado.
Cosan, Simpar e Raízen são "holdings" que envolvem outras companhias. A Simpar, por exemplo, engloba sete empresas, dentre elas Movida (MOVI3), Vamos (VAMO3) e JSL (JSLG3). No geral, é aceitável que as empresas que têm participações em outras tenham uma maior alavancagem.
Cosan tem dívida para o longo prazo e ela consegue pagar. É bom também saber o quanto da dívida das companhias vence no curto prazo, segundo Larissa Quaresma, analista de ações da Empiricus Research. Ela diz que a posição da Cosan está confortável.
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