Bolsa cai depois do Copom: o que está acontecendo?

Investidores ficaram frustrados com o comunicado mais duro do que o esperado do Comitê de Política Monetária (Copom). Por isso, a Bolsa está em queda.

O comitê do Banco Central manteve a taxa Selic em 13,75% - pela sétima vez consecutiva -, conforme era esperado pelo mercado. Mas não sinalizou quais serão os próximos passos. O problema é que os investidores esperavam que o BC já acenasse com a possibilidade de corte em agosto.

O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores, está em queda de 1,56%, aos 118.545,28 pontos, por volta das 15h.

O que o Banco Central disse

No comunicado, o comitê falou em "cautela e parcimônia". O banco disse que o cenário atual é de uma queda da inflação mais lenda que a esperada. Além disso, as expectativas para a inflação futura ainda estão altas. Por isso, é necessário continuar com a cautela.

Além disso, cenário externo atrapalha. Os bancos centrais das principais economias continuam preocupados em levar a inflação para dentro da meta, "inclusive com a retomada de ciclos de elevação de juros em algumas economias, em um ambiente em que a inflação se mostra resiliente".

O que o mercado achou do comunicado

Foi um balde de água fria para as gestoras de investimento, que já estavam prevendo uma queda em agosto.

Consideramos que o comunicado da autoridade foi duro. No parágrafo prospectivo, apesar de ter removido a menção à possibilidade de retomada de alta da Selic, o BC promoveu diversas alterações reafirmando a perspectiva de estabilidade na taxa.
Étore Sanchez, Ativa Investimentos

O comunicado do Copom trouxe elementos mais duros do que nossa expectativa, mas o tom geral foi no sentido de abrir espaço para flexibilização nas próximas reuniões.
Débora Nogueira, economista-chefe da Tenax Capital

O Banco Central parece estar olhando mais pra reunião de setembro (para a queda de juros), enquanto o mercado parece estar mais convicto com a próxima reunião de agosto.
Daniel Cunha, estrategista-chefe da BGC Liquidez

Alguns investidores já tinham se adiantado e comprado ações mais arriscadas. São papéis de empresas que poderiam ser beneficiadas pela baixa dos juros, como companhias de tecnologia, de varejo, e também as mais endividadas.

Por isso, a Bolsa está caindo. Se os juros estão altos, vale mais a pena deixar o dinheiro em aplicações da renda fixa, que rendem mais sem risco, do que colocar o dinheiro em ações, fundos e outros ativos da renda variável.

O que deve acontecer com os juros

Nem tudo está já perdido. Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, diz que há sinais sutis de que os juros podem ser reduzidos em agosto. "Eles retiraram a possibilidade de aumentar a taxa de juros caso a inflação volte a acelerar. Isso pode ser interpretado como mais um indício de um possível corte", diz o economista.

O BC foi claro ao dizer que tudo ainda vai depender do comportamento da inflação. "O banco reconheceu a melhora recente da inflação e das expectativas e afirmou que a atividade está desacelerando conforme o esperado", afirma Cassiana Fernandez, macroeconomista chefe do J.P. Morgan para Brasil e América Latina.

Ainda existe a possibilidade de corte de juros este ano. Cassiana acredita em um corte de 50 pontos em setembro, para 13,25%. Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, acredita que a maior possibilidade de queda é em agosto, mas de 0,25 pontos, para 13,50%.

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