'Perdi R$ 35 mil num dia e hoje faturo R$ 20 mil por mês', diz day trader

Apesar de ter ficado abalado ao perder R$ 35 mil em um único dia, ele conta que isso faz parte da profissão. "Do mesmo jeito que quando perco dinheiro não devo ficar abalado, quando ganho não vou sair comemorando. É óbvio que, na época do prejuízo, eu não estava tão desenvolvido psicologicamente e não foi uma sensação legal. Mas esse é o meu trabalho e bola para a frente", afirmou Pedro.

Para ele, o erro foi a ganância. "O principal erro é querer fazer muito dinheiro com pouco. Obviamente, o trade te oferece a oportunidade de dobrar ou quadruplicar o seu patrimônio, mas você pode ir a zero", declara.

Consegue praticar esportes e não tem chefe

Entrou no day trade para poder trabalhar de qualquer lugar. Até se tornar day trader, Moraes foi bancário por mais de dez anos. Mais do que independência financeira, ele conta que buscava "independência geográfica". "Eu morava em Campinas (SP), mas o sonho era morar na praia. Trabalhar de onde eu quisesse foi o que chamou a minha atenção", diz.

Hoje, ele mora em Santos (SP), no litoral paulista. Ele pratica musculação, futevôlei e gosta de andar de skate. Além de trabalhar e morar e trabalhar de onde quiser, ele destaca que não precisa se reportar a nenhum superior e que é mais feliz hoje.

A entrada na profissão ocorreu de forma gradativa. Em 2018, ele começou a planejar uma transição. Isso teve início com pequenas operações na Bolsa, sem muito conhecimento, até começar a aprender com livros, cursos e conteúdos na internet. Já em 2020, passou a operar com a compra e venda de ações todos os dias.

Ele conta que consegue lucrar cerca de R$ 20 mil mensais. Mas diz que é difícil calcular uma renda média, já que se trata de renda variável. Moraes entende que, assim como em carreiras como médico e advogado, o segmento não é para todos. "Mas a pessoa só vai saber tentando", diz.

É uma carreira como qualquer outra. Ele afirma que assim como em uma carreira tradicional, em que as pessoas ingressam na faculdade e, depois, fazem um estágio para ganhar experiência, no day trade é preciso bastante estudo. "Não pode ser uma segunda opção de renda ou que a pessoa vai colocar um dinheiro para esperar e lucrar", declara.

Rotina estabelecida. Moraes diz que mantém um horário fixo de trabalho, das 7h às 15h.

Hoje, ele está focado em um único ativo: o ouro. Isso ajuda a ganhar experiência e a se tornar especialista naquele ativo, segundo ele. "Tem dias que não tem operação. Eu fico olhando para a tela, monitorando os preços e lendo", diz ele, que já atuou com câmbio de moedas estrangeiras e com índices de Bolsas dos EUA.

Funcionária pública queria mudar de vida

Elizandra Saldanha, 41, entrou no day trade no ano passado para ter mais qualidade de vida. Moradora de Joinville (SC), era técnica de enfermagem e trabalhava de 12 a 24 horas, dando plantão em um hospital público.

Sem tempo para passar com a família, começou a refletir se estava no caminho certo. Elizandra afirma também que um dos desejos era acompanhar o crescimento dos três filhos. "Não só o fato de ter mais tempo, mas a qualidade desse tempo", afirma.

Chegou a investir em uma franquia de comidas low carb ao lado da irmã, em 2021. Um ano depois, fez os cálculos e viu que a operação não caminhava bem. E que trabalhava ainda mais. "Comecei a refletir: é isso mesmo o que eu quero? De repente, eu estava mais presa do que antes", diz. Resolveu fechar o negócio e passou a procurar alternativas.

Ela já tinha tido contato com day trade há alguns anos, em 2018. Por receio de investir, até então acompanhava o mercado de longe, mas resolveu apostar de vez nas negociações de minicontratos.

Os minicontratos são frações de um contrato futuro. Os contratos futuros são usados para comprar um determinado ativo no futuro, com o preço definido de maneira prévia. Diversas commodities são usadas nas negociações desses contratos, como soja, milho, algodão, minério de ferro e ouro, além de moedas, a exemplo do dólar, libra e euro.

Trabalha só 16 horas por semana

Rotina hoje é muito mais tranquila. Ela trabalha de segunda a quinta-feira, em torno de quatro horas por dia. É verdade que ela já chegou a passar mais tempo estudando e operando no mercado, mas entendeu que o método não era produtivo.

Desde o início, ela diz ter um foco: o ouro. Hoje também com o euro e a libra, e diz acompanhar outros ativos. "Com o foco e conhecimento, é possível ser mais assertivo", afirma.

Ela diz ter uma renda mensal de cerca de R$ 10 mil.

É necessário ter estrutura emocional. Na mudança da saúde para o mercado financeiro, Elizandra diz que o que mais pesa é o lado psicológico. "Vou apertar o botão e vou ganhar ou perder dinheiro. Então, é sobre ter uma gestão de risco e trabalhar esse lado", diz. "O mais interessante é que é uma profissão. É preciso ter conhecimento e, principalmente, se conhecer", declara. "Nem todo mundo está preparado para a profissão, pois há riscos", afirma.

Resultado rápido não funciona. Elizandra afirma que, se entrar no mercado com uma meta de conseguir US$ 1.000 em razão de uma conta que está para vencer, por exemplo, com certeza vai perder dinheiro. É preciso contar com uma gestão bem definida e não ter tamanha pressão para conseguir bons resultados.

97% dos day traders perdem dinheiro

Nos últimos cinco anos, 4,6 milhões de investidores entraram na Bolsa de Valores. Hoje, são 5,3 milhões de pessoas físicas na B3. Esse movimento deu espaço para que investimentos de alto risco, como o day trade, ganhassem espaço. Muitos vão em busca de uma renda mensal mais alta, independência financeira e qualidade de vida.

Apesar do sonho de ter uma vida melhor, este tipo de investimento é muito arriscado. 97% dos que compram e vendem ações no mesmo dia na Bolsa perdem dinheiro. É o que concluiu um estudo dos economistas Bruno Giovannetti e Fernando Chague, da Fundação Getulio Vargas (FGV). A pedido da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), os pesquisadores monitoraram a performance dos investidores que operaram com minicontrato de índice ou dólar entre 2012 e 2017.

O resultado: 92,1% pararam em menos de um ano. Dos 3% que saíram no azul, 2,6% ganharam menos de R$ 300 por dia.

Aulão "Quer ser milionário? Veja como investir e o que não te contam"

Ter R$ 1 milhão na conta é o sonho de muita gente. O que não te contam é que esse é um caminho que exige disciplina nos aportes e consistência nos seus investimentos. Também pode não ser para todo mundo, já que o valor a ser acumulado depende do seu padrão de vida - o importante mesmo é investir de acordo com os seus objetivos para conseguir realizar seus sonhos.

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