Popó diz ter perdido R$ 1,2 milhão em golpe de criptos; saiba se proteger
Acelino "Popó" Freitas, o tetracampeão mundial de boxe nas super pena e leve, diz ter R$ 1 milhão após cair em golpe com criptomoedas. Em entrevista para o Fantástico, o lutador disse que foi mais uma das vítimas da empresa Braiscompany, que é acusada de lesar outros investidores.
O que se sabe sobre o golpe
Popó colocou R$ 1,2 milhão na Braiscompany, disse ele ao Fantástico. Os investidores, conforme os relatos ao MP, depositavam os valores nas contas pessoais dos donos da empresa.
A promessa era converter os valores em criptomoedas. Esses ativos digitais ficavam sob a gestão da Braiscompany pelo período de um ano. A Braiscompany prometia um retorno financeiro ao redor de 8% ao mês.
A proposta funcionava como um aluguel. Os rendimentos dos clientes representavam o pagamento pela locação dessas criptomoedas.
Outros clientes denunciaram o suposto golpe nas redes sociais. O perfil Vítimas da Braiscompany, que reúne investidores lesados, tem mais 3.100 seguidores no Instagram.
Milhares de moradores de Campina Grande investiram na empresa. O MP-Procon, órgão do Ministério Público da Paraíba, recebeu 3.364 reclamações de consumidores que teriam contratos com a Braiscompany no estado. O prejuízo, só na Paraíba, seria de R$ 258 milhões. Antônio Neto Ais, o fundador da companhia, disse em uma live em redes sociais que gerenciava R$ 600 milhões de 10 mil pessoas.
Eu tirei R$ 1 milhão do meu bolso, consegui tirar em um mês (o rendimento), no segundo mês, ele (dinheiro) sumiu. Eu ganhei dinheiro tomando soco na cara, ganhar meu dinheiro não foi brincadeira.
Acelino "Popó" Freitas, ao Fantástico
O que é a Brainscompany
A Braiscompany era sediada em Campina Grande, Paraíba. Nem o nome dos donos era verdadeiro. O proprietário, que se apresentava como Antônio Ais, é na verdade Antônio Inácio Silva Neto. Sua esposa é Fabrícia Campos.
Ela está na mira do Ministério Público da Paraíba e da Polícia Federal. A ação foi aberta em fevereiro deste ano. A Polícia, em conjunto com o MP, fez uma nova operação contra a empresa no final de setembro.
A página da empresa está fora do ar. Nas redes sociais, a última postagem é de agosto do ano passado. UOL tentou contato com a empresa pelo Instagram, mas não teve respostas até a publicação da matéria.
Segundo a PF, a empresa movimentou valores equivalentes a R$ 2 bilhões em criptoativos nos últimos quatro anos. Foram cumpridos dois mandados de busca e apreensão nos municípios paraibanos de Campina Grande e Lagoa Seca. A Justiça já ordenou o bloqueio de bens nas contas bancárias da instituição financeira.
Eles também são procurados pela Interpol. Em junho, a Polícia prendeu três sócios dos donos na fronteira do país com a Argentina - eles estavam tentando deixar o Brasil por Foz do Iguaçu, diz a PF.
Além da Braiscompany, vinte empresas estão sendo investigadas pela Polícia Federal por pirâmides financeiras envolvendo criptomoedas. A PF calcula que, em seis anos, golpistas deixaram no prejuízo pelo menos 2,7 milhões de investidores e movimentaram quase R$ 100 bilhões.
Como se proteger de golpes de criptomoedas
Procure se informar se a empresa tem registro no BC. Empresas de investimento ou consultores precisam ter registro no Banco Central ou na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Muitos golpistas simplesmente copiam as logomarcas de BC e CVM e as colam em contratos, sites, aplicativos, páginas de internet e rede sociais.
De olho nos documentos. Peça o contrato social da empresa, verifique se no objeto social constam atividades de investimentos, aplicações ou comercialização de ativos digitais, criptoativos.
Por outro lado, as corretoras de criptomoedas ainda não precisam ser registradas. Não há uma central para se verificar se a corretora de fato existe, o que torna o investimento mais propício para golpes.
O Banco Central vai passar a regulamentar corretoras de criptomoedas. Essas empresas devem ser obrigadas a ter registro e a fornecer informações sobre seu funcionamento. Isso pode aumentar a transparência e a segurança desse tipo de investimento.
Desconfie. Oferecer rendimentos acima de condições de mercado é a isca dessas empresas. É o caso de um rendimento prometido de 8% ao mês. Não só é impossível prometer um rendimento fixo quando se trata de criptomoedas, que são instáveis, como a taxa informada é muito acima dos padrões considerados de referência do mercado.
Não aplique todo seu dinheiro num investimento só. Essa é umas das regras básicas dos investimentos. O segredo é variar as modalidades de investimento para diminuir as chances de perda.
Entre na Justiça. Mesmo que ainda não tenha nenhuma norma nesse sentido, é recomendável denunciar a empresa ao regulador. Independente de a companhia ter registro e de sua atividade ser ou não passível de fiscalização pela CVM ou pelo Banco Central, as vias da Justiça cível e penal são caminhos para o investidor reagir ao golpe.
Com informações das matérias "BC vai regulamentar criptomoedas: o que muda para os investidores" e "O que fazer e onde denunciar se você for vítima de golpe de investimento".
Deixe seu comentário