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Superquarta: como as decisões sobre juros afetam seus investimentos

O Brasil e os Estados Unidos decidem hoje qual vai ser a taxa básica de juros do país. A escolha define os rumos da economia e afeta os rendimentos dos seus investimentos. Como as duas reuniões coincidem - e são muito importantes para o mercado - o dia é chamado de "Super Quarta". A expectativa é que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduza a Selic em 0,5 pontos percentuais para 12,25%, como prometeu na última reunião, e que os Estados Unidos mantenham a taxa inalterada ou apresentem uma nova alta.

A redução entre a diferença entre as taxas pode deixar o Brasil menos interessante para investidores. Há uma preferência maior pelos títulos do Tesouro dos EUA, o investimento com o menor risco de crédito do mundo, já que o responsável pelo pagamento é o governo norte-americano. Por isso, gestores internacionais gostam de alocar uma parte do portfólio neles quando o cenário mundial está incerto. Assim, tiram dinheiro de outras aplicações, inclusive a Bolsa brasileira, que acaba caindo.

Veja como as decisões sobre as taxas de juros podem afetar a economia e seu bolso.

Hoje as taxas de juros podem mudar

"Super-Quarta" é um dia importante para todo investidor. O termo foi criado por ser quando as principais autoridades monetárias para o Brasil se reúnem para decidir os rumos que pretendem dar à curva dos juros. Essa coincidência acontece só algumas vezes ao ano: não são todas as reuniões dos Bancos Centrais do Brasil e EUA que acontecem juntas, segundo Eduardo Mira, professor e sócio da Me Poupe!.

Uma das variáveis mais significativas da economia é a taxa básica de juros. Por ser um instrumento de política monetária dos Bancos Centrais, serve para conter a inflação, quando sobe, e incentivar o consumo, quando cai.

Investidores escolhem o que fazer a partir do cenário. A depender do que acontece na "Super Quarta", as pessoas analisam no que vale a pena aplicar: se é hora de investir mais na renda fixa, migrar para a renda variável ou dolarizar mais a carteira, por exemplo.

Alta lá fora, queda aqui dentro

As reuniões podem ter decisões opostas. O Brasil está em trajetória de redução da taxa de juros, mas os Estados Unidos estão em trajetória de alta, pois a inflação continua alta. Além disso, o mercado de trabalho e de consumo estão fortes, o que suportaria um aperto monetário mais forte.

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Especialistas esperam queda da Selic no Brasil. As principais previsões é que a taxa, hoje a 12,75% ao ano, caia para 12,25% ou 12,5% ao ano. Essa é a opinião da maioria dos profissionais do ramo, de acordo com os especialistas ouvidos pelo UOL.

Inflação pode fechar o ano em 4,63%. Já em 2024, a previsão é de 3,90% e, 2025 e 2026, de 3,50%. A estimativa irá se concretizar, a menos que os eventos internacionais tragam mais instabilidade, diz Ricardo Rodil, economista e líder do Mercado de Capitais do Grupo Crowe Macro, oitava rede mundial nas áreas de auditoria e consultoria.

Taxa de juros nos EUA está na faixa de 5,25% a 5,50% ao ano - e pode se manter nessa média. O Fed, banco central dos EUA, também podem levar os juros ao intervalo de 5,50% e 5,75% ainda neste ano. A expectativa é que caia para 5,1% até o final de 2024 e 3,9% até o fim de 2025, dizem os especialistas.

Alta na taxa de juros nos EUA reduz a expectativa de aceleração da queda da nossa taxa, pois se a nossa cai e a taxa americana sobe, a diferença entre as taxas cai e o prêmio de risco vai ficando desinteressante.
Eduardo Mira, professor e sócio da Me Poupe!

O que está acontecendo no mundo

Na pandemia, EUA e Europa aumentaram as taxas de juros. Diferente das últimas décadas, em que a inflação anual variava entre 2% e 3%, a população passou a se deparar com índices perto de 10%. O momento levou as autoridades monetárias a um "aperto" nas taxas de juros que ainda não acabou, diz Rodil.

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Grau de incerteza cresceu depois das guerras. A invasão da Ucrânia pela Rússia e a guerra entre Israel e Hamas afetam o fornecimento de alguns mantimentos para outros países e do preço das commodities.

Inflação nos EUA já está cedendo. Mas não quer dizer que o Fed não possa aumentar levemente as taxas, mesmo prevalecendo que haja uma queda no futuro.

Na Europa, a inflação anual fechou em 4,3% em setembro. Ainda considerada alta para os padrões europeus, começa a dar sinais de baixa. A expectativa é que a curva de juros acompanhe e não desestimule os investimentos.

Bolsa de Valores vai reagir às decisões

Movimento de corte dos juros foi prometido pelo Copom desde as últimas reuniões. Por isso, o que mexe com a Bolsa agora não é mais o corte da Selic, já esperado, mas sim a alta dos juros futuros nos EUA. Além disso, o andamento da Reforma Tributária no Congresso também afeta gastos do governo e as expectativas sobre o equilíbrio fiscal, diz Mira.

Oscilações vão acontecer, então foque no médio e longo prazo. As empresas sólidas e em setores que dificilmente passam por crises seguem sendo rentáveis. É o caso de empresas nos setores de saneamento e energia, por exemplo.

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Selic mais baixa atrai os investidores para a Bolsa. Caso a taxa de juros caia mais, a tendência é que as pessoas migrem para investimentos que ofereçam algum tipo de rendimento real, mesmo implicando um grau maior de risco, diz o líder do Mercado de Capitais do Grupo Crowe. É o caso de investimentos em Bolsa, como ações e FIIs, ou fundos multimercado.

As tendências de médio e longo prazo dizem muito a respeito da correlação das cotações e oscilações da Bolsa em relação à realidade política e econômica de cada país.
Ricardo Rodil, economista e líder do Mercado de Capitais do Grupo Crowe

No mundo, há fuga para os investimentos seguros

Renda fixa é menos arriscada. Quem não quer se arriscar, opta por investimentos que não sofram com a volatilidade e sigam dando um retorno mais garantido até em momentos de crise. Mas ativos atrelados ao IPCA e Selic vão render menos ao longo do tempo.

Se quiser se proteger, ainda é a melhor opção. Por mais que a estimativa da "Super Quarta" seja mais positiva para a renda variável, os confrontos no Oriente Médio e recuperação da pandemia não sumiram por completo. Assim, a depender do perfil do investidor, pode valer seguir em investimentos mais seguros.

A redução da Selic reduz imediatamente o retorno de todos os investimentos indexados ao CDI, como fundos de renda fixa, CDBs pós-fixados e Tesouro Selic.
Eduardo Mira, professor e sócio da Me Poupe!

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