Primeiro fundo indexado ao bitcoin estreia com sucesso nos EUA
O primeiro fundo de investimentos indexado (ETF) ao bitcoin estreou nesta terça-feira (19) na bolsa de Nova York, e muitos participantes do mercado de criptoativos veem neste novo produto um mecanismo para popularizar as moedas digitais.
ETFs vinculados ao bitcoin já existem na Ásia, no Canadá e no Brasil, mas esta é a primeira vez que um é aberto na principal praça financeira do planeta.
O ProShares Bitcoin Strategy ETF (BITO), nome completo deste fundo indexado (exchange traded fund em inglês), ou seja, cuja evolução está atrelada a algum tipo de ativo, neste caso o bitcoin, fechou em alta de 4,95% a 41,98 dólares por título.
Cerca de 23,9 milhões de títulos de mais de US$ 1 bilhão mudaram de mãos, segundo estimativas da Bloomberg News.
Este novo fundo e seu lançamento na bolsa impulsionaram a cotação do bitcoin nos últimos dias. Nesta terça, o bitcoin manteve sua ascensão no mesmo ritmo do fundo ETF (+4,42%), chegando a 64.056 dólares, perto de seu recorde de abril (64.870 dólares).
Para Art Hogan, da National Securities, a chegada deste novo produto financeiro no mercado "era certamente uma das mais esperadas e é o que impulsionou a alta da criptomoeda" nesta terça-feira.
Evento simbólico
Diferentemente de outros fundos de investimento, em um ETF pode-se colocar e tirar dinheiro a qualquer momento.
Em um sinal da importância do evento, os dirigentes da ProShares, a empresa que lançou o produto, estiveram presentes no pregão da New York Stock Exchange para tocar o sino de abertura do mercado.
Os investidores que colocarem dinheiro neste novo ETF não vão comprar bitcoins diretamente. Seu dinheiro será aplicado em contratos no mercado futuro vinculados a esta criptomoeda.
Este funcionamento indireto das aplicações foi fundamental para a autoridade reguladora dos mercados americanos, a SEC, que alertou para a volatilidade do bitcoin.
As autoridades da bolsa não se opuseram ao lançamento deste fundo, embora o tenham feito em casos anteriores desde 2013. No entanto, publicaram um tuíte com uma advertência na semana passada, o que reflete as dúvidas e críticas que estes novos ativos digitais suscitam.
"Antes de investir em um fundo que tem contrato futuro com bitcoins, assegure-se de ter pesado os riscos e os benefícios", escreveu o organismo.
Alguns especialistas do setor relativizaram o lançamento deste produto, ao considerar que os investimentos que desejarem se expor ao bitcoin já tinham a possibilidade de acessar esta criptomoeda com facilidade.
"Não é a solução definitiva, mas é uma boa solução temporária", resumiu Nicholas Colas, cofundador da consultoria DataTrek.
Para ele, a verdadeira revolução foi o lançamento em 2017 dos contratos a futuro com base no bitcoin, sobre os quais se apoia o novo fundo introduzido nesta terça na bolsa nova-iorquina.
Entrevistado nesta terça-feira pela CNBC, o presidente da SEC, Gary Gensler, destacou que estes contratos a futuro são regulados com sucesso há quatro anos.
Mas, embora a exposição ao bitcoin seja indireta, "são um tipo de ativos altamente especulativos", insistiu.
Cotação em alta
A antecipação do lançamento deste novo fundo impulsionou a cotação do bitcoin nos últimos dias. Seu preço disparou 40% em um mês.
"O BITO oferecerá aos investidores a possibilidade de se expor facilmente aos rendimentos do bitcoin, através de uma conta de corretagem (...), o que elimina a necessidade de uma conta em uma plataforma de intercâmbio de criptomoedas", acrescentou o grupo Proshares, um dos principais provedores de ETFs, em um comunicado divulgado na segunda-feira.
"Lembramos de 1993 e do primeiro ETF de ações; 2002 e do primeiro ETF de obrigações, e de 2004 no primeiro ETF de ouro. O ano de 2021 ficará na memória pelo primeiro ETF ligado a uma criptomoeda", comemorou na segunda-feira o presidente da ProShares, Michael Sapir.
Os ETFs se desenvolveram de forma exponencial há 20 anos e se valorizam em mais de 5 trilhões de dólares nos Estados Unidos, o que representa 70% do mercado mundial destes fundos.
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