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Por que a SpaceX precisa pousar um foguete em um drone flutuante

Dana Hull e Justin Bachman

15/01/2016 14h25

(Bloomberg) -- A SpaceX fez história no mês passado ao aterrissar um dos segmentos de seu foguete Falcon 9. A empresa de Elon Musk agora quer executar o mesmo feito em um barco-drone no Oceano Pacífico, uma manobra tentada duas vezes anteriormente, sem sucesso, na costa da Flórida.

A tentativa de pouso no mar será realizada no domingo, após o lançamento programado do satélite Jason-3 da Base da Força Aérea de Vandenberg, na Califórnia. A SpaceX tem grandes motivos para continuar tentando aperfeiçoar essa técnica de pouso no mar, apesar das imensas dificuldades técnicas de tentar reduzir a velocidade de um foguete que viaja a aproximadamente 8.000 km/h e pousá-lo em uma plataforma flutuante. Um deles é que os foguetes espaciais que retornam da órbita lunar, de Marte ou de outros lugares distantes no sistema solar voam a velocidades muito superiores às de uma órbita terrestre baixa de um ônibus espacial da Nasa.

O pouso em um barco no mar oferece uma margem de segurança maior, especialmente agora que a SpaceX está se aventurando em lugares mais distantes no espaço, disse Scott Pace, diretor do Instituto de Política Espacial da Universidade George Washington. "Se o retorno ocorre a uma velocidade mais elevada, um pequeno erro pode significar uma grande diferença na distância", disse ele. "Por razões de segurança, há uma área maior para trabalhar com um navio-drone".

Um navio-drone também oferece à SpaceX uma flexibilidade maior para pousos, considerando o potencial de que os portos espaciais em terra se tornem disputados, disse ele. Para o lançamento de domingo, há outra consideração ainda mais prática a se fazer: a SpaceX não tem plataforma de pouso em Vandenberg. No pouso bem-sucedido de um foguete realizado no dia 21 de dezembro, a Falcon 9 da SpaceX tocou o chão menos de 10 minutos após o lançamento em um lugar localizado cerca de 10 quilômetros ao sul da plataforma de lançamento, em Cabo Canaveral.

Missão marciana

Musk fundou a SpaceX em 2002 com o objetivo final de ir a Marte e possibilitar que as pessoas vivam em outros planetas. Para a SpaceX, os foguetes reutilizáveis capazes de pousar -- diferentemente do modelo tradicional, em que o foguete entra em combustão no retorno -- são um aspecto fundamental da redução do custo para atingir a órbita. Musk tem dito que um foguete totalmente e rapidamente reutilizável é a única forma de possibilitar que os humanos viajem de e para a Lua e Marte.

Musk batizou o navio-drone Just Read the Instructions (Apenas Leia as Instruções), um aceno literário ao falecido escritor escocês de ficção científica Iain M. Banks. Ele oferece uma zona de pouso de 150 a 250 pés (45 a 76 metros).

O navio-drone estará no litoral do sul da Califórnia, mas o pouso ocorrerá em um ponto distante no mar, o que provavelmente impedirá que os fãs de foguetes que se reunirão para assistir o lançamento vejam a conclusão. O primeiro segmento do foguete se separa no limite da atmosfera terrestre e a trajetória de retorno dele o coloca a centenas de quilômetros da costa.

Pouso em barcaça

A SpaceX testou pela primeira vez a capacidade da Falcon 9 de repousar suas pernas de aterrissagem em uma barcaça há um ano. Em uma das tentativas, o foguete de 14 andares de altura ficou sem fluido hidráulico pouco antes de atingir o barco e rompeu-se em pedaços. Outro teste programado para fevereiro de 2015 foi cancelado por causa do mar agitado. Em uma terceira tentativa, em abril passado, o foguete aterrissou com muita força e não aguentou o impacto.

Na quinta-feira, meteorologistas da Força Aérea dos EUA previram "uma chance de 100 por cento de clima favorável" para o lançamento, na manhã de domingo. O satélite Jason-3 que está sendo levado ao espaço -- um projeto liderado pela Nasa, pela Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos EUA e por duas parceiras europeias -- foi desenvolvido para estudar a superfície do oceano em busca de dados sobre a mudança do nível do mar e para uma previsão melhor de furacões.

Enquanto isso, a SpaceX, a Orbital ATK e a Sierra Nevada conseguiram contratos, na quinta-feira, para o transporte de cargas para a Estação Espacial Internacional em uma iniciativa da Nasa para privatizar os voos espaciais de rotina. A primeira missão está programada para 2019.