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Líderes alertaram para risco de acordo com governo não chegar à estrada

Fernando Nakagawa e Tânia Monteiro

Brasília

25/05/2018 11h24

A manutenção dos protestos dos caminhoneiros nas estradas não surpreende lideranças do movimento que paralisa o transporte rodoviário no Brasil. As entidades que coordenam a paralisação explicam que o setor é muito pulverizado e, como cada motorista funciona como uma empresa, decisões das lideranças não necessariamente são seguidas pelos membros.

Essa pulverização do setor e a atuação independente de cada membro sempre foi destacada nas negociações pelas duas principais entidades que têm protagonizado o noticiário: a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), que firmou o acordo com o governo, e a Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), que não concordou com as negociações e deixou a reunião no Palácio do Planalto.

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"Assumimos o compromisso e vamos repassar o acordo ainda hoje (quinta-feira, 24) na íntegra, para todos. Mas é a categoria que vai analisar e é o entendimento deles que vai dizer se isso foi suficiente ou não", disse na quinta à noite o presidente da CNTA, Diumar Bueno.

A avaliação é bem semelhante à feita pelo presidente da Abcam, José da Fonseca Lopes, que disse na quinta que a posição da entidade no mesmo dia era pela manutenção da paralisação, mas que ele como presidente não poderia garantir a concordância de todos os associados.

Parte dos líderes saiu insatisfeita

O tom pessimista sobre a concordância dos motoristas já havia sido indicado na quinta à noite no Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado.

Os presidentes das Federações de Transportadores Autônomos de São Paulo e de Minas Gerais, Norival de Almeida e Silva e Gilmar Carvalho, respectivamente, não demonstraram confiança de que o acordo resultaria em liberação das estradas e retomada das entregas.

"Saio preocupado. Acho que podem não aceitar", disse Carvalho. Segundo ele, é "a categoria quem decide". O representante se comprometeu a mostrar os avanços obtidos na negociação, mas sem dar garantias do fim do movimento.

Almeida e Silva, que também é vice-presidente da CNTA, disse temer pela continuidade dos protestos. "Acho que eles os caminhoneiros vão continuar o movimento porque são muitas pessoas, com pensamentos muito diferentes. Mas isso o acordo é o que o governo disse que tem para oferecer."

Se o acordo for rejeitado, Almeida e Silva disse não "saber onde vai parar isso". "Todo movimento tem de começar e uma hora tem de negociar e terminar, porque protesto não é negócio de resultado financeiro, é reivindicação", afirmou.

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