Franquias viram presente de pai para filho que busca nova carreira
Com uma ajuda financeira do pai, cerca de R$ 400 mil, as irmãs Paula, 26, e Carolina Pincovsky, 30, tornaram-se franqueadas da Domino’s Pizza (rede de pizzarias), em Recife (PE). O valor corresponde a 50% do total do investimento exigido pela rede.
Do valor restante, 30% foi obtido por meio de financiamento bancário e os outros 20% vieram de recursos próprios. O investimento total somou R$ 800 mil, segundo Paula.
“Se fossemos [as duas irmãs] financiar no banco todo o investimento, seria muito mais difícil começar o negócio. Talvez a abertura fosse inviabilizada devido aos juros cobrados”, afirma mais nova.
Formada em administração de empresas, Paula deixou o emprego na área de recursos humanos e ingressou no setor de franquias. “Como não tinha experiência à frente de empresas, optei por um modelo pronto e mais seguro”, diz. Carolina é advogada e deixou a área também por querer investir em um negócio próprio.
Há quase um ano à frente do negócio, as irmãs vão inaugurar a segunda unidade da marca na capital pernambucana ainda este mês. O pai está bancando 20% do investimento do novo ponto. O restante vem de recursos próprios (60%) e de financiamento bancário (20%).
O diretor da rede Domino’s no Brasil, Henrique Pamplona, afirma que, além do processo seletivo do franqueado, a marca faz auditorias mensais para avaliar a qualidade das unidades franqueadas e do serviço oferecido.
“Sempre avaliamos quem vai tocar o negócio, no caso, o filho. O franqueado tem de ter vontade de empreender e não ser apenas alguém que busca lucro fácil”, declara.
Outro que teve o auxílio do pai para abrir o negócio foi Onésio Tomazoni Filho, 22, franqueado da BagNews (rede de anúncios publicitários em ecobags), em Joinville (SC). Antes de ter a sua própria empresa, Tomazoni Filho atuou na empreiteira do avô. A unidade está em atividade há quatro meses.
Segundo Tomazoni Filho, o investimento total –R$ 28 mil– foi financiado por seu pai, que também fez toda a pesquisa de mercado. “Foi ele quem escolheu, mas só concordei com a ideia por ser um negócio ligado à sustentabilidade e por oferecer uma boa margem de lucro”, diz.
Tomazoni Filho concluiu apenas o ensino médio, mas diz que pretende ingressar no curso de administração de empresas em breve para auxiliar na gestão de sua loja.
Raio-X das franquias
Dados | BagNews | Domino's Pizza |
Investimento inicial (instalação + taxa de franquia + capital de giro) | A partir de R$ 28 mil | A partir de R$ 650 mil |
Faturamento médio mensal | R$ 18 mil | R$ 125 mil |
Margem de lucro sobre o faturamento | 35% (R$ 6.300) | 15% (R$ 18,7 mil) |
Prazo de retorno do investimento | 12 meses | De 30 a 36 meses |
- Fonte: BagNews e Domino's Pizza
Segundo o sócio-fundador da rede BagNews, Salvatore Privitera, a margem de lucro do negócio pode chegar a 35% do faturamento bruto. Uma unidade da marca pode ser aberta em casa e não precisa de funcionários, o que reduz os custos operacionais, de acordo com Privitera.
Para o presidente da consultoria Guetta Franchising, Alain Guetta, franquias sediadas em casa podem ter uma margem de lucro um pouco acima da média por não ter custo com aluguel da loja. No entanto, o faturamento bruto é inferior ao das redes com pontos comerciais.
“O lucro vai depender do volume de vendas do franqueado. Se vender pouco, vai lucrar pouco”, declara.
A opinião de Guetta é compartilhada pelo diretor-executivo da ABF (Associação Brasileira de Franchising), Ricardo Camargo.
"Sempre apontamos para os franqueados que o lucro gira em torno de 10% a 15% sobre o faturamento. Mas, em alguns casos, quando o trabalho é desempenhado por ele em sua própria casa, por exemplo, é possível atingir uma lucratividade maior."
Tomazoni Filho declara que o comando do negócio é dele, mas também conta com a ajuda do pai, que é radialista, para conseguir contatos de anunciantes para as ecobags.
“Já temos 30 clientes e parte do faturamento é dividido com meu pai”, diz. A parcela do faturamento que cabe a cada um não foi divulgada.
“Presentear” filho com franquia é arriscado
De acordo com Guetta, “presentear” o filho com uma franquia é um negócio arriscado. O filho, muitas vezes, pode não ter afinidade com o segmento escolhido ou mesmo com a atividade empreendedora. Neste caso, o risco de fracasso é alto.
“Muitos pais ainda investem em franquias na tentativa de ‘comprar um emprego’ para o filho que não consegue uma vaga no mercado ou não se adapta à política das empresas”, diz.
Outro erro, segundo o consultor, é quando o pai tenta impor uma franquia ao filho e não permite que ele participe da escolha do negócio.
“O interesse em administrar o negócio tem de partir do filho. Ele é quem deve escolher a marca que mais se adequa ao seu perfil, afinal é ele quem vai tocar a empresa. O pai tem o papel de avaliar junto com o filho e aprovar a escolha”, afirma.
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