Caminhoneiros de AL afirmam ter apoio da PM: 'disseram estar do nosso lado'
Caminhoneiros parados na rodovia BR-101, na altura do município de Messias (AL), dizem receber apoio de policiais militares locais e que eles não seriam expulsos pela força.
"Eles já vieram, disseram que estavam do nosso lado e que não vão nos tirar. Estamos com eles também, não mexem conosco aqui", afirmou um caminhoneiro que não se identificou.
Na terça-feira (29), a reportagem do UOL presenciou um carro da PM passar no local e buzinar como se estivesse cumprimentando os grevistas.
A Secretaria de Segurança Pública de Alagoas informou que não tinha conhecimento do caso e não iria comentar.
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Também recebem apoio popular
Os caminhoneiros vêm recebendo apoio popular. "Nenhum poderoso conseguiu fazer o que vocês fizeram. Estão de parabéns", disse um advogado de Garanhuns (PE), que fez questão de parar o carro e dar o recado a um grupo de caminhoneiros.
No entanto, há sinais de cansaço. "Eu mesmo já queria ir para casa, claro. Já passou muito tempo, mas acho que o momento é de ficar. O governo pode dar mais do que deu", afirmou o caminhoneiro Cristiano Silva dos Santos, 41.
Os apoios são comuns, as buzinas também, mas o grupo reclama. "Ninguém vem aqui ficar com a gente. Quando a gente parou, correram para os postos em vez de virem fazer coro conosco", declarou um motorista logo após a saída do advogado.
Agricultores dão mandioca para caminhoneiros
Na beira da BR, o UOL conheceu uma das tendas armadas que são ponto de apoio e concentração dos motoristas. No local, eles se revezam fazendo as refeições. Para isso, recebem diversos produtos de pessoas que passam.
Perto do meio-dia da terça-feira (29), agricultores pararam um carro e entregaram mandioca ao grupo, que agradeceu. Os motoristas disseram que o apoio popular tem sido fundamental.
Os caminhoneiros estão parados nas proximidades de um grande posto de combustível, onde usam banheiro e têm algum suporte extra. O local serve, normalmente, de ponto de parada de viagens quando eles cruzam Alagoas.
Não reconhecem lideranças de sindicato
Os caminhoneiros no local não reconhecem liderança dos movimentos que negociaram em Brasília com o governo. "Estamos carentes de liderança, irmão. Ninguém lá nos representa, o governo não nos atendeu como queria", declarou um caminhoneiro que se identificou apenas como Érico.
Muitos dos que participam do movimento são arredios com a imprensa e não conversam com jornalistas. "A gente diz uma coisa, vocês põem outra", afirmou um deles, afastando outros.
Mas a crítica ao jornalismo parte de uma minoria, e a maioria aceita conversar naturalmente --apesar de alguns não quererem dar nomes ou permitirem fotos.
Intervenção militar e preço menor do diesel
Pelas conversas, dois pontos parecem unir bem os caminhoneiros: o pedido de intervenção militar como solução para a "roubalheira" e o pedido para que o governo baixe por 12 meses o preço do óleo diesel para R$ 2,80 --patamar que igualaria o valor deixado à época do impeachment de Dilma Rousseff.
Levando em conta que o preço médio do óleo diesel na região é de R$ 3,85, a redução no valor teria de ser bem menor que os R$ 0,46 anunciados pelo governo no domingo (27).
"Não dá mais, esse valor não serve. Hoje quem carrega o Brasil nas costas é o caminhoneiro, carregando as coisas e tirando do bolso", afirmou Joana D'Arc Correia dos Santis, 47, que é dona de caminhão e é uma das poucas mulheres presentes.
Todos os motoristas ouvidos pela reportagem se classificaram como não partidários, nem ligados a políticos, mas demonstraram apoio ou simpatia à intervenção militar. "Não fomos nós que roubamos a Petrobras, para eles descontarem na gente", afirmou José Sergio, 50.
"Não adianta que a gente não vai sair antes de conseguir os R$ 2,80. Eles querem vencer pelo cansaço, mas somos nós que vamos vencer. Eles não são gente nossa, não sentem na pele o nosso dia a dia", disse João Araújo, 38.
Frete por R$ R$ 9.000, lucro de R$ 1.000
O UOL ouviu relatos dos caminhoneiros sobre os valores recebidos por autônomos e funcionários de empresas. Entre os assalariados, eles dizem que os valores mensais variam entre R$ 1.200 e R$ 2.500. Entre os autônomos, o valor varia de acordo com a carga e a distância.
Em um frete de uma carreta entre Maceió (AL) e São Paulo, por exemplo, um caminhoneiro disse receber em torno de R$ 9.000. "Disso, hoje, a gente não fica nem com R$ 1.000. Tudo fica com a transportadora, que fecha o contrato, e, da nossa parte, o resto fica nos postos com o óleo diesel nesse preço", afirmou um trabalhador que se identificou como Antônio.
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