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Empresas investem R$ 1,8 bilhão em duas usinas de etanol de milho no MT

Eliane Silva

Colaboração para o UOL, em Ribeirão Preto (SP)

09/04/2019 14h22

Com investimentos anunciados de R$ 1,8 bilhão, Mato Grosso deve ganhar mais duas usinas de etanol 100% de milho em 2020. A notícia anima os produtores do grão no estado, que devem colher 28 milhões de toneladas neste ano, segundo estimativa do Imea (Instituto Matogrossense de Economia Agropecuária).

A pioneira FS Bionergia --joint venture entre as empresas Summit Agricultural Groupe, dos EUA, e a brasileira Tapajós Participações-- já produz 530 milhões de litros em Lucas do Rio Verde e está instalando outra unidade em Sorriso.

Na planta em Nova Mutum, vai investir R$ 1 bilhão para produzir mais 530 milhões de litros por ano. A energia virá da queima de cavacos de eucalipto. Outras duas usinas também de R$ 1 bilhão devem ser anunciadas no segundo semestre de 2020 em Campo Novo do Parecis e Primavera do Leste.

Rafael Abud, CEO da FS Bionergia, afirmou que, com o aumento da produção, o MT está se tornando um grande exportador de etanol para outros estados.

"Nossa empresa produz um biocombustível com um dos menores índices de emissão de carbono do mundo e poderá também buscar mercados globais que têm demanda por combustíveis de baixo carbono", declarou.

A Ethanol Bionergia, fusão da paraguaia Inpasa com a companhia O+ Participações, do Mato Grosso, vai investir R$ 800 milhões numa planta que deve começar a produzir no segundo semestre de 2020 também em Nova Mutum e tem mais uma em planejamento.

Ramiro Azambuja, presidente da O+, disse que a meta da parceria é produzir 800 milhões de litros por ano. A matéria-prima para as caldeiras virá do consórcio milho-braquiária do grupo brasileiro, que atua em vários setores do agronegócio, com 80 mil hectares de área plantada, sendo 15 mil de milho.

"Estamos patrocinando uma verdadeira transformação no estado, já que o milho não tinha valor agregado", disse Azambuja. Além de abastecer Mato Grosso, a Ethanol prevê abastecer os postos do Nordeste, substituindo as importações de combustível dos EUA.

Ricardo Tomczky, presidente da UNEM (União Nacional do Etanol de Milho), disse que o milho tem limitações de logística no estado e, se não for consumido localmente, precisa ser transportado a longas distâncias, o que eleva seu preço.

Segundo ele, os investimentos respondem à demanda crescente no Brasil por etanol, principalmente o hidratado, após o mercado da gasolina passar a refletir seus reais custos de produção.

Antonio Galvan, presidente da Aprosa (Associação dos Produtores de Soja e Milho) do MT, afirmou que a demanda por mais milho é muito bem-vinda.

"A gente espera que, finalmente, o produtor comece a sentir o gosto de plantar milho para ter alguma renda, porque tradicionalmente esse grão deixa muito pouco ou nada de remuneração ao produtor."

O país já tem dez plantas produzindo etanol de milho, cinco delas no Mato Grosso. Duas são do tipo full (100% milho) e três são flex (operam com milho e cana-de-açúcar). Mais três já estão em construção. As outras cinco em operação no país, pequenas e flex, estão instaladas em Goiás, Paraná e São Paulo.

No ano passado, foram produzidos 840 milhões de litros do combustível de milho, sendo 630 milhões no MT. Quase todo o volume foi consumido no próprio estado. O excedente foi para Rondônia e São Paulo. Neste ano, a previsão é passar de 1,1 bilhão de litros.

"A previsão é que haja uma grande expansão para atender à demanda nos próximos anos. Em dez anos, o país deve produzir pelo menos 8 bilhões de litros de etanol de milho", disse Tomczky. Seriam processadas, nesse caso, 17 milhões de toneladas de milho.

Mas, antes, dois gargalos precisam ser resolvidos, segundo ele: questões tributárias que geram insegurança jurídica ao setor e a infraestrutura para o transporte do combustível para outros estados.

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