Em embate com governo, Centrão quer adiar votação da reforma da Previdência
Líderes dos partidos do Centrão estudam pedir vistas e atrasar a votação da proposta de reforma da Previdência, caso haja alguma alteração no parecer apresentado pelo relator, Samuel Moreira (PSDB-SP). Isso porque membros do PSL, partido de Jair Bolsonaro, querem fazer alterações no texto, entre elas no BPC (Benefício de Prestação Continuada).
Ontem, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, afirmou que queria que a proposta fosse votada pela comissão especial até quinta-feira (27).
Pela manhã, líderes sindicais se reuniram com o PP para fazer críticas ao relatório. O deputado Paulinho da Força (SD-SP) cogitou um acordo para votar a reforma da Previdência. No entanto, o líder do PP, Arthur Lira (AL), disse que não tem como votar a reforma com o PSL atacando o texto.
As tensões entre o Centrão e o governo começaram quando o ministro da Economia, Paulo Guedes, fez ataques ao relatório apresentado na comissão especial. Guedes declarou que deputados cederam ao lobby de corporações poderosas e podem abortar a reforma da Previdência.
Tensões aumentaram com declarações do PSL
O incômodo ganhou força com manifestações de parlamentares do PSL, que querem mudar o relatório. Ontem, a líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann (PSL-SP) disse que estuda alterações no BPC.
"Não acredito em votação da reforma nesta semana. O relator tem mais um dia de discussão, deve ter complementação de voto, por certo, a partir daí levantando polêmicas em relação a vistas ou pedidos de adiamento para melhor conhecimento do texto, para que não tenhamos dúvidas em relação ao que vai ser votado", disse Lira, após reunião com as centrais sindicais.
Moreira ainda apresentará voto complementar
A informação foi confirmada ao UOL por um representante da comissão, um líder da oposição e assessores de lideranças do centro e do próprio PSL.
"A gente vai fazer o que aqui? Aprovar a reforma e jogar para o Senado? A Câmara fica com o quê? A gente tem que lembrar que a disputa não é só de mérito. É política. E serve de aviso ao Rodrigo [Maia] também", disse uma liderança ao UOL.
Após o debate da proposta é esperada a apresentação de um voto complementar por Moreira. As mudanças que serão apresentadas pelo relator, entretanto, ainda não foram divulgadas.
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