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BC interrompe sequência de cortes e mantém taxa de juros em 2% ao ano

A taxa Selic está no menor patamar desde o início da série histórica, em 1996 - Getty Images
A taxa Selic está no menor patamar desde o início da série histórica, em 1996 Imagem: Getty Images

Do UOL, em São Paulo

16/09/2020 18h08Atualizada em 16/09/2020 20h01

O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central manteve hoje a taxa básica de juros (Selic) em 2% ao ano, o menor patamar desde o início da série histórica, em 1996. A decisão foi unânime e veio dentro do esperado pelos analistas de mercado.

A manutenção da Selic interrompe uma sequência de nove cortes consecutivos — sendo cinco só neste ano —, ocorridos ainda na esteira das preocupações sobre os efeitos do coronavírus no Brasil e no mundo.

No comunicado sobre a decisão, o BC voltou a mencionar a existência de um pequeno espaço para cortar os juros à frente e também repetiu a orientação futura de que não pretende elevar a taxa básica "a menos que as expectativas de inflação, assim como as projeções de inflação de seu cenário básico, estejam suficientemente próximas da meta" em seu horizonte relevante, que atualmente inclui 2021 e, em grau menor, 2022.

Além disso, o comunicado reconhece que a inflação deve acelerar no curto prazo. "Contribuem para esse movimento a alta temporária nos preços dos alimentos e a normalização parcial do preço de alguns serviços em um contexto de recuperação dos índices de mobilidade e do nível de atividade", disse o BC.

Ciclo de cortes começou em 2016

Em outubro de 2016, o BC deu início a uma sequência de 12 cortes na Selic. Neste período, a taxa de juros caiu de 14,25% ao ano para 6,5% ano. De maio de 2018 até junho de 2019, a taxa foi mantida no mesmo patamar. Foram dez encontros do Copom sem mudanças na Selic.

No final de julho do ano passado, porém, o Copom reduziu a Selic em 0,5 ponto percentual, para 6% ao ano. Em dezembro, a taxa já estava em 4,5% ao ano.

Em fevereiro deste ano, foi reduzida novamente, desta vez para 4,25%; em março, para 3,75%; em maio, para 3%; em junho, para 2,25%; em agosto, enfim, para 2% ao ano.

Juros ao consumidor são mais altos...

A Selic é a taxa básica da economia e serve de referência para outras taxas de juros (financiamentos) e para remunerar investimentos corrigidos por ela. Ela não representa exatamente os juros cobrados dos consumidores, que são muito mais altos.

... E poupança rende menos

Com os juros baixos, a poupança rende menos devido a uma regra criada em 2012. Quando a Selic está acima de 8,5% ao ano, a rentabilidade da poupança é de 6,17% ao ano (0,5% ao mês) mais TR (Taxa Referencial). Porém, quando a Selic é igual ou menor que 8,5%, a poupança passa a render 70% da Selic mais TR.

Juros x inflação

Os juros são usados pelo BC como uma ferramenta para tentar controlar a inflação ou tentar estimular a economia. De modo geral, quando a inflação está alta, o BC sobe os juros para reduzir o consumo e forçar os preços a cair. Quando a inflação está baixa, o BC derruba os juros para estimular o consumo.

A meta é manter a inflação em 4% neste ano, mas há uma tolerância de 1,5 ponto para cima e para baixo, ou seja: pode variar entre 2,5% e 5,5%. No ano passado, a inflação fechou em 4,31%, dentro da meta do governo para 2019.

O índice de agosto deste ano, o último divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), ficou em 0,24%, a maior para o mês desde 2016 (0,44%).

O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) acumulado em 2020 é de 0,70%; o dos últimos 12 meses, de 2,44%.

(Com agências de notícias)