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SP é 2ª melhor cidade da América Latina para empreender, diz consultoria

Luciana Cavalcante

Colaboração para o UOL, de Belém

20/07/2021 04h00

A capital paulista e o Brasil despontam no ranking dos melhores lugares para empreender na América Latina. São Paulo aparece como a segunda melhor cidade latino-americana para iniciar ou expandir um negócio, atrás apenas de Santiago, no Chile. Para completar o pódio, Lima, no Peru, aparece na terceira posição.

A conclusão é de um estudo inédito feito pela Orbelo, uma plataforma de comércio eletrônico que auxilia empreendedores na montagem de negócios online. A pesquisa aponta as metrópoles com melhor cenário para empreender, financiar e fazer crescer negócios na América Latina e no mundo.

13 indicadores foram analisados em 200 cidades

Para montar o ranking dos maiores centros de negócios que reúnem condições prósperas para os empreendedores foram analisados 13 fatores. Duzentas capitais e grandes centros de negócios foram avaliados segundo esses indicadores.

O estudo foi dividido em quatro categorias: Infraestrutura, Tecnologia/Digital, Importação/Exportação, Finanças e Bootstrapping (capacidade de começar um negócio a partir de recursos limitados, sem o apoio de investidores).

A demora para abrir uma empresa, empreendedorismo feminino, capital humano em tecnologia e ecossistema logístico foram alguns itens levados em consideração.

O levantamento também elencou as cidades globais com maiores pontuações em relação às melhores condições para criar e desenvolver um negócio. As três primeiras foram: Londres, Nova York e São Francisco. São Paulo ocupa a 69ª posição na lista global.

Brasil tem boa infraestrutura logística, segundo estudo

O Brasil se destaca com uma infraestrutura logística mais desenvolvida do que a maioria dos vizinhos da região e tem um cenário favorável a startups, cujos investimentos vêm aumentando nos últimos cinco anos.

Embora o país tenha sido afetado severamente pela crise da covid-19, ainda há sinais de crescimento econômico no setor de empreendedorismo, e a cidade de São Paulo é o maior centro financeiro da região, sendo um polo de inovação devido a seu acesso a mercados globais, diz o estudo.

Uma das fontes usadas na pesquisa foi o índice Doing Business, do Banco Mundial, que apontou um cenário desafiador para a abertura de empresas no Brasil, por causa de burocracia, regulamentações e dificuldades no acesso aos mercados internacionais.

O país tem uma infraestrutura logística mais desenvolvida do que a maioria dos latino-americanos. São Paulo e Rio ocupam os 3º e 4º lugares nesse quesito, com melhor rastreamento de embarques e pontualidade nas entregas. Perdem apenas para Cidade do Panamá (1º) e Santiago (2º).

Apoio forte a startups

O forte ecossistema criado para apoiar e financiar startups foi uma das bases que levou São Paulo ao segundo lugar do ranking da América Latina.

"Apesar das perdas catastróficas que a região latino-americana sofreu durante a pandemia, tem havido um crescimento econômico contínuo no cenário de empreendedorismo, especificamente nas atividades tecnológicas e digitais", afirma Ana Llorente Pérez, gerente de Marketing para a América Latina da Oberlo.

A especialista atribui o atual cenário à desestabilização dos modelos tradicionais de negócios, bem como aos pacotes de apoio financeiro.

"Esse conjunto único de circunstâncias provou ser um terreno fértil para pessoas com ideias inovadoras, mas que não tinham tempo ou recursos financeiros para levá-las adiante. Não é coincidência que as principais cidades em nosso estudo sejam todas localidades onde novos empreendedores foram capazes de correr grandes riscos, apesar da pandemia."

Desburocratização e programas de apoio

Os números apurados pelo Sebrae acompanham esse crescimento das micro e pequenas empresas no Brasil, ocorrido mesmo durante o agravamento da pandemia. Nos quatro primeiros meses deste ano, mais de 1 milhão foram criadas. Em todo o ano passado, houve 4 milhões de novas inscrições.

Para o consultor de negócios do Sebrae SP, Eder Max, a desburocratização e os programas de apoio foram fundamentais para esse crescimento na abertura de micro e pequenas empresas.

"O processo de informatização para abertura das empresas agilizou a vida do empreendedor, que antes precisava agendar para ir até os postos. O MEI hoje está desobrigado de alvará de funcionamento. Isso tudo incentivou aquela pessoa que tinha uma ideia de abrir uma lanchonete, uma marmitaria em casa, que aproveitou o momento e fez."

Com a pandemia, os governos federal, estadual e municipal desenvolveram programas próprios para socorrer desempregados e micro e pequenos empresários, como linhas de financiamento com juros acessíveis, com destaque para o Pronampe.

Ainda segundo o consultor do Sebrae, a pandemia facilitou o surgimento de startups de tecnologia, especialmente de soluções financeiras, que surgiram mais estruturadas, ganhando a confiança dos investidores e contribuindo para a diminuição do capital de risco.

Mas apesar de muitos pontos positivos, Eder Max elenca alguns pontos que ainda merecem atenção para o crescimento desses modelos de negócio.

"Podemos dizer que 99% das empresas do Brasil são pequenas empresas, e esse fomento à inovação tem contribuído para o crescimento do PIB do Brasil . Por isso é importante a atenção a alguns itens, principalmente relacionados a capital humano, ambientes tecnológicos, políticos e leis de financiamento."