Petróleo passa de US$ 100 pela 1ª vez desde 2014 com invasão da Ucrânia
Os preços do petróleo dispararam nesta quinta-feira (24) após a Rússia invadir a Ucrânia por terra, ar e mar, o maior ataque de um Estado contra outro na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). O brent subiu acima de US$ 100 o barril pela primeira vez desde 2014. O conflito também derrubou as bolsas da Ásia e do Pacífico.
Por volta das 16h (horário de Brasília), o preço do barril de petróleo Brent subia 5,16%, a US$ 101,84, enquanto o petróleo WTI avançava 3,95%, a US$ 95,74.
"As preocupações com a oferta também podem estimular a atividade de estocagem de petróleo, o que sustenta os preços", explica Giovanni Staunovo, analista do UBS.
A Rússia é o terceiro maior produtor de petróleo e o segundo maior exportador de petróleo. Devido aos baixos estoques e à diminuição da capacidade ociosa, o mercado de petróleo não pode arcar com grandes interrupções no fornecimento.
Giovanni Staunovo, do UBS
Os Estados Unidos e a Europa prometeram sanções mais duras em resposta ao ataque.
"Se as sanções afetarem transações de pagamento, os bancos russos e possivelmente também o seguro que cobre as entregas russas de petróleo e gás, interrupções no fornecimento não podem ser descartadas", alertou Carsten Fritsch, analista do Commerzbank.
Bolsas
Já as Bolsas de Valores da Ásia e da região do Oceano Pacífico despencaram nesta quinta-feira (24), em meio a mais grave crise militar na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Veja o desempenho de alguns dos principais índices asiáticos e do Pacífico:
- S&P BSE Sensex, na Índia: -4,72%
- Hang Sang, em Hong Kong: -3,21%
- ASX All Ordinaries, na Austrália: -2,95%
- KOSPI, na Coreia do Sul: -2,6%
- Nikkei 225, no Japão: -1,81%
- SSE Composite, na China: -1,7%
- Jakarta Composite, na Indonésia: -1,48%
"As tensões russo-ucranianas provocam um possível choque de demanda [na Europa] e um choque maior no abastecimento para o restante do mundo, em vista da importância da Rússia e da Ucrânia para [o setor de] a energia", declarou Tamas Strickland, do National Australia Bank.
Europa também sofre
As Bolsas de Valores da Europa também tiveram forte queda na sessão, com perdas que ultrapassaram os 4% em alguns países. Entre os principais índices, as maiores baixas foram registradas em:
- Dublin (ISEQ), na Irlanda: -4,57%
- Milão (FTSE MIB), na Itália: -4,14%
- Frankfurt (DAX), na Alemanha: -3,96%
- Londres (FTSE 100), na Inglaterra: -3,88%
- Paris (CAC 40), na França: -3,83%
- Helsinki (OMX), na Finlândia: -3,81%
- Madri (MADX), na Espanha: -2,95%
- Amsterdã (AEX), na Holanda: -2,66%
Tombo no mercado russo
As Bolsas de Valores de Moscou e São Petersburgo, na Rússia, suspenderam as operações para todos os tipos de negociação, "até novo aviso". Antes da interrupção, a primeira (MOEX) tombava mais de 30%.
Paralelamente, o Banco Central da Rússia decidiu intervir no mercado de câmbio após o rublo atingir sua mínima histórica em relação ao dólar. Às 16h (horário de Brasília), o dólar subia a 86,16 rublos, alta de mais de 6% frente ao valor de fechamento na véspera (81,19 rublos). Antes disso, a moeda americana chegou a superar os 90 rublos.
Ataque à Ucrânia
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, foi à TV na madrugada desta quinta (horário de Brasília) para dizer que faria uma "operação militar especial" no Donbass, a área de maioria russa no leste da Ucrânia.
Seu comando militar, porém, confirmou que "armas de precisão estão degradando a infraestrutura militar, bases aéreas e aviação das Forças Armadas ucranianas".
Posteriormente, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky anunciou em discurso à nação o rompimento das relações diplomáticas com Moscou. Ele também adotou lei marcial em todo o território ucraniano — uma medida que altera as regras de funcionamento de um país, deixando de lado as leis civis e colocando e colocando em vigor leis militares.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, condenou a operação militar da Rússia na Ucrânia, que definiu como "não provocada e injustificada". Para o americano, Putin escolheu uma "guerra premeditada" e "que trará uma perda catastrófica".
"A Rússia sozinha é responsável pela morte e destruição que este ataque trará, e os Estados Unidos e seus aliados e parceiros responderão de forma unida e decisiva. O mundo responsabilizará a Rússia", disse Biden em comunicado enviado à imprensa.
(Com AFP e Reuters)
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