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Del Monde: Manifesto de Pedro Guimarães é típico de acusados de assédio

Colaboração para o UOL, em Brasília

05/07/2022 13h37

A colunista de Universa Isabela Del Monde afirmou hoje que o artigo do economista Pedro Guimarães publicado ontem pelo jornal Folha de S.Paulo representa uma posição clássica de homens que são acusados de assédio sexual. No texto, o ex-presidente da Caixa Econômica Federal classificou como "massacre insano e inquisitorial" as críticas de que tem sido alvo após o site Metrópoles ter publicado relatos de funcionárias que afirmam terem testemunhado e sido vítimas de condutas inapropriadas por parte dele.

"Isso mostra o patamar de auto-importância que ele se dá. Eu vejo no texto uma posição clássica de homens que são acusados de assédio sexual, em que a melhor defesa é o ataque. Ele parte publicamente para a desmoralização de todas as mulheres que se apresentaram para falar sobre ele. Acho, também, que esse texto tem um tom de provocação à própria instituição da Caixa", disse Del Monde, em participação no UOL News.

Na publicação, Guimarães afirma que irá solicitar e submeter todos os seus e-mails à perícia de especialistas independentes. "Quantos assédios eles contêm? Quantas advertências recebi para que não me comportasse de maneira errada? Suponhamos que não haja um registro sequer de irregularidade. Que assediador serial é esse que, durante quase quatro anos, não digitou nada, não recebeu mensagem alguma de suas vítimas, não mandou nem recebeu áudio de assédio algum? Ou será que tudo não passou do que é: nada!", escreveu o economista.

Del Monde afirma que a posição de apoio oferecida pela mulher de Pedro Guimarães ao marido é uma prática comum dentro e fora do Brasil. "Não me surpreende. É muito comum esse papel da esposa quando o homem está acusado de qualquer prática sexual inadequada. Há uma simbologia muito forte em colocar a mulher ao lado dele reforçando que acredita e confia nele. Isso é uma decisão de defesa, sem dúvida alguma", disse Del Monde.

O ex-dirigente da Caixa disse esperar que após ser submetido à "mais profunda devassa" o conteúdo revelado ateste sua inocência das acusações. "Quero ver se há em todas essas horas um segundo sequer de comportamento impróprio, um ato atentatório contra uma única mulher. As falas contra mim são mentiras e os fatos irão demonstrá-las", diz.

A saída de Guimarães foi publicada no DOU (Diário Oficial da União) na semana passada. Ele foi indicado ao cargo pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2019. Para o lugar dele, o governo anuncia Daniella Marques Consentino, considerada uma das protagonistas da gestão de Paulo Guedes no Ministério da Economia. A nomeação foi antecipada pela colunista Carla Araújo, do UOL. A cerimônia de posse dela deve ser realizada hoje.