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Casal cria império da coxinha nos EUA com uma fritadeira e R$ 1.000

Vanessa e Ricardo criaram empresa para vender petiscos nos EUA - Divulgação
Vanessa e Ricardo criaram empresa para vender petiscos nos EUA Imagem: Divulgação

Simone Machado

Colaboração para o UOL, em São José do Rio Preto (SP)

26/04/2023 04h00

Quando a administradora de empresas Vanessa Oliveira, 33, e o publicitário Ricardo Rosa, 33, fizeram coxinhas pela primeira vez para levar à festa de uma amiga, jamais imaginaram que um dia faturariam R$ 10 milhões vendendo o famoso petisco brasileiro nos Estados Unidos.

A marca milionária foi alcançada em 2022, dez anos após eles fundarem a Petisco Brazuca, que teve investimento inicial de R$ 1.000 e hoje possui três lojas nos EUA e venda por delivery.

Ricardo diz que ele e a esposa se mudaram para Nova York para fazer intercâmbio. O plano inicial era ficar apenas um ano no país, aprimorando o idioma e vivendo das reservas financeiras acumuladas por eles.

Vanessa havia sido demitida de um banco, e Ricardo vendeu sua participação em um empreendimento próprio para viver a experiência de morar no exterior e se capacitar para voltar ao mercado de trabalho brasileiro.

No entanto, a história e os planos do casal brasileiro começaram a mudar quando eles foram convidados para uma festa de uma amiga brasileira e a mulher pediu para eles levarem coxinhas na comemoração.

"Nós morávamos em Manhattan e tem uma rua onde há muitos restaurantes brasileiros. Para nós, era óbvio que encontraríamos coxinhas para comprar lá. Mas, para nossa surpresa, nenhum lugar fazia coxinha para festa. Encontramos apenas no estado vizinho algumas pessoas que faziam de forma bem informal e não conseguiriam nos atender na data em que precisávamos", afirma Ricardo.

Coxinha redonda?

Sem ter muito o que fazer, o casal então decidiu colocar a mão na massa e produzir as próprias coxinhas para a festa. Seguindo uma receita encontrada na internet, o casal fez o petisco com recheio de frango. Foi um sucesso entre os convidados.

A gente nunca tinha feito e não conseguimos deixar as coxinhas em sua forma original. Ficou um formato meio estranho, tipo bolinhas, mas levamos assim mesmo para a festa. Apesar da aparência um pouco feia, os salgados fizeram bastante sucesso entre os convidados brasileiros e norte-americanos também.
Ricardo Rosa

Muito improviso e pouco investimento

Com a vontade de ficar mais tempo nos Estados Unidos e empreender no país, o casal decidiu investir de fato em vender as coxinhas. Inicialmente, eles compraram uma fritadeira de US$ 40 e um freezer de US$ 180 (R$ 200 e R$ 900), usavam uma cozinha de três metros quadrados no apartamento em que moravam, e o produto era entregue por delivery.

"A ideia inicial era fazer pouco investimento e testar a aceitação do público. Divulgamos o negócio para os nossos amigos. No primeiro mês, tivemos três encomendas. No segundo, foram quatro", diz o empresário.

Com a intenção de dar uma alavancada nos negócios, Ricardo decidiu fazer foto das coxinhas e divulgá-las para influenciadores da cidade. Com a divulgação dos salgados em um blog muito seguido por brasileiros, as encomendas saltaram para 40 no mês seguinte.

Primeira loja aberta

casal - Divulgação/ Petisco Brazuca - Divulgação/ Petisco Brazuca
Casal vende coxinhas nos EUA há dez anos
Imagem: Divulgação/ Petisco Brazuca

Ricardo afirma que o negócio foi crescendo mês a mês e a cozinha de casa deu lugar a uma dark kitchen (cozinhas de aluguel compartilhadas) no Brooklyn, onde eram produzidos de 5.000 a 15 mil salgados nos dois primeiros anos de existência da empresa.

"No início, nosso foco era vender para os brasileiros. Depois partimos para validar nosso produto junto aos americanos e passamos a focar também nesse público, produzindo sabores de que eles gostam como de brócolis e marguerita", declara o empresário.

Hoje, segundo Ricardo, a Petisco Brazuca produz cerca de 300 mil salgados por mês. Além das tradicionais coxinhas em vários sabores (frango, carne, queijo, brócolis e marguerita), o cardápio tem croquete, pão de queijo, pastel, churros, brigadeiro e açaí.

O empreendimento se tornou um negócio de US$ 2 milhões (R$ 10 milhões), que atende empresas e também o consumidor final.

Linha de congelados

Todos os salgados vendidos pela empresa são entregues fritos e prontos para o consumo. Para este ano, o casal quer inaugurar uma fábrica, ampliar a produção e criar uma linha de congelados. A meta é ultrapassar 1 milhão de salgados produzidos por mês.

Tem muita gente que pede nossos produtos, mas está em locais distantes. Por isso queremos criar nossa fábrica de congelados para conseguirmos distribuir nacionalmente. Também planejamos investir na inauguração de novas lojas físicas e nas vendas por delivery.
Ricardo Rosa