Zema: 'Aqueles que tentam preparar o Brasil para o futuro são sabotados'

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, lamentou nesta sexta-feira (15) medidas que, segundo ele, vêm sendo tomadas contra reformas pensadas para melhorar o Brasil. A declaração foi feita durante apresentação no LIDE Brazil Conference Lisboa, evento promovido pelo Lide, UOL e Folha de S.Paulo que reúne líderes políticos, empresariais, além de investidores, em Lisboa, Portugal.

O que aconteceu

Zema cobra agenda reformista dos governos. Ao recordar a "importantíssima" aprovação da reforma trabalhista, o governador de Minas Gerais afirmou que as questões foram esquecidas, com interpretações de juízes que seriam distintas do que foi transformado em lei. Sobre a reforma tributária em tramitação no Congresso, Zema defende o projeto para dar "racionalidade" ao sistema que classificou com um dos "mais loucos" no mundo.

É muito triste ver que aqueles que querem reformar, aqueles que estão preparando o Brasil para o futuro, muitas vezes são quase que sabotados por uma estrutura que é incapaz de estar enxergando esse futuro.
Romeu Zema, governador de Minas Gerais

Governador de Minas Gerais pede olhar para o futuro. "O Brasil precisa olhar para frente e não ficar olhando pelo retrovisor", reforçou Zema ao afirmar que o estado governado por ele tem aumentado sua representatividade. "Não adianta o Estado fazer a reforma, fazer a lição de casa, se o país não faz", afirmou.

Michel Temer recordou processos de reformas do seu mandato. Responsável pela elaboração da reforma trabalhista citada por Zema, o ex-presidente destacou a aprovação do teto de gastos, substituído pelo arcabouço fiscal. Segundo ele, a reforma fiscal foi sugerida pelo então ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que precisou de inúmeras reuniões com o Congresso para convencer sobre a necessidade do ajuste para diminuir a dívida pública. "A tal do arcabouço nada mais é do que um teto reajustado", afirmou.

[O arcabouço] é um teto de palha. Não se sabe se vai dar certo, porque houve uma modificação. Mas ainda é uma ideia do teto.
Michel Temer, ex-presidente da República

Executivo depende do Legislativo, afirma Temer. Segundo o ex-presidente, existe uma equivoco ao imaginar que o presidente e os governadores podem fazer o que bem entenderem. "Se você não tiver o apoio do legislativo, você não consegue governar. O presidente da República manda projetos de lei, emendas constitucionais, edita medidas provisórias e precisa vê-las convertidas em lei", destacou.

Parceira comercial

Rafael Fonteles cita Piauí como " lugar do mundo para se investir"
Rafael Fonteles cita Piauí como " lugar do mundo para se investir" Imagem: Kym WillerLide
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Governador do Piauí tenta atrair investimentos. Rafael Fonteles disse que seu estado "é o melhor lugar do mundo para se investir". "O Piauí é um estado pequeno, pouco conhecido, que muitos anos passa à margem do desenvolvimento nacional e internacional, mas que, nos últimos dez anos, está entre os que mais cresce a sua economia", afirmou.

Fonteles ressalta o leilão de concessão de energia elétrica para a EDP. A empresa portuguesa arrematou o controle da transmissão de energia elétrica no estado do Piauí com investimento previsto de R$ 60 bilhões. "Temos projetos de hidrovia, de ferrovia, de porto. vindo por aí na modalidade de PPPs e concessões", antecipou.

Relacionamento entre Brasil e Portugal foi destacado. Francisco Saião Costa, conselheiro econômico delegado da AICEP (Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal) cita o Brasil como um parceiro comercial importante para os portugueses. Ainda assim, ele vê espaço para a expansão do comércio exterior.

Portugal exporta apenas 1% da produção ao Brasil. Segundo Saião, o Brasil é apenas o 19º cliente das exportações portuguesas, com foco para os combustíveis e minerais, que respondem por 63% das vendas. "Diversificar essa matriz passa precisamente por conseguirmos aumentar o leque de empresas que fazem negócios em ambos os mercados."

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União é caminho para ingresso do Brasil no mercado europeu. Marco Stefanini, CEO do Grupo Stefanini, reforça que a mão de obra brasileira ajudaria a atender às necessidades da Zona do Euro. "Eu acho que começa a mudar um pouco o perfil do brasileiro, de não pensar apenas em agrobusiness, que geralmente é a âncora do Brasil", disse ele ao defender a formação qualificada no Brasil.

Acordo entre o Mercosul e a União Europeia caminha lentamente. Karene Vilela, presidente da Câmara Portuguesa de Comércio de São Paulo, menciona o tema debatido há anos e ainda tem problemas para sua efetivação. "É para isso que nos juntamos, para trazer soluções e sugerir essas soluções com o apoio sempre do apoio público e dos nossos governantes", afirmou.

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