Ações da indústria militar europeia disparam com guerra na Ucrânia
A guerra da Rússia às portas da Europa já produziu um grande vencedor no mercado de ações: a indústria militar e armamentista, impulsionada por novos pedidos de armamentos por parte de diversos Estados, além de declarações de intenção de compra de governos europeus.
Todas as principais empresas europeias de defesa viram as próprias ações dispararem, sendo que as bolsas estavam, na maioria dos casos, em baixa.
A empresa francesa Thales subiu 12%, e a Dassault Aviation, 8%. O fabricante italiano Leonardo subiu 15%, e o sueco Saab, 18%.
Na Bolsa de Frankfurt, a alavancagem foi ainda maior: a empresa Hensoldt ganhou 42% em uma sessão, com picos de 89%. Rheinmetall, o fabricante de tanques e armaduras para a Otan (Organização do Tratado Atlântico Norte), saltou para 25%.
Anúncios do chanceler alemão
Segundo a imprensa europeia, foram os anúncios feitos pelo chanceler alemão Olaf Scholz que deixaram os mercados eufóricos.
Berlim se despediu da tradição pacifista e não-intervencionista e planeja gastos enormes para modernizar o exército nacional.
O chanceler alemão anunciou a liberação de um fundo imediato de 100 bilhões de euros (R$ 571 bilhões), e um aumento do orçamento de defesa para 2% do PIB (Produto Interno Bruto), conforme exigido pela adesão à Otan.
O exército alemão precisa desse investimento: um general alemão denunciou recentemente a negligência das Forças Armadas do país, a Bundeswehr.
Segundo ele, atualmente os soldados destacados nos Estados bálticos não têm nem mesmo roupas adaptadas ao frio extremo. Este "despertar" da Alemanha e o rearmamento de outros países europeus resultarão, certamente, em novos pedidos armamentistas
Este é um movimento que já vem acontecendo há vários meses, como testemunham os recentes pedidos feitos pela Holanda e Polônia; no que diz respeito ao anúncio alemão, levará algum tempo até que eles se concretizem.
Neste setor, muitas vezes são necessários anos de negociações e discussões políticas antes que uma ordem se torne efetiva.
Até agora, a Alemanha focalizou em grandes projetos industriais europeus, como o sistema de defesa aérea ou a próxima geração de tanques franco-alemães, mas, no domingo (27), o chanceler alemão mudou de tom e se comprometeu a acelerar a realização desses programas, que custarão dezenas ou até centenas de bilhões de euros.
O repasse de armas para a Ucrânia também está alimentando a efervescência deste mercado.
Segundo a jornalista especializada em economia da RFI, Dominique Baillard, os anúncios estão se multiplicando.
Depois da União Europeia, França e Reino Unido, a Itália anunciou que está enviando equipamentos militares para o leste, assim como a Finlândia, país que não integra a Otan.
A Suécia também confirmou que enviará lançadores de foguetes e equipamentos para os soldados ucranianos. Isto, naturalmente, beneficia a empresa Saab, o que também explica o boom da companhia no mercado de ações.
Escalada armamentista
A Noruega também irá acabar com compromisso de não exportar equipamentos militares.
O mesmo vale para a Alemanha, que até agora proibia a venda de armas para regiões devastadas pela guerra. A empresa Rheinmetal aumentará em seis vezes a produção anual de munição para tanques.
Grupos europeus estão em pé de guerra no mercado de defesa, assim como os concorrentes.
Os cinco maiores fabricantes desta indústria são norte-americanos e representam mais da metade da indústria de defesa mundial, e eles também esperam se beneficiar deste rearmamento europeu.
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