Na aviação, a redundância é um lema. Isso quer dizer que os sistemas são pensados para terem uma reserva (quando possível) em caso de falha.
Um desses mecanismos de segurança é chamado de RAT (Ram Air Turbine), uma turbina movida a hélice e que é acionada apenas em último caso, quando já aconteceram várias falhas.
Essa espécie de catavento atua como gerador para manter os principais sistemas elétricos e hidráulicos do avião em funcionamento.
Nos jatos comerciais, a atuação de diversos mecanismos depende de os motores estarem em funcionamento, pois são eles que fornecem a energia para o avião. Caso os motores principais falhem, as RATs entram em ação para permitir que o avião seja controlado até o pouso em segurança.
Uma vez acionada, a turbina gera energia para manter os principais sistemas elétricos, hidráulicos e os controles de voo em operação. Com isso, a tripulação pode levar o avião para um pouso em segurança mesmo sem os motores em funcionamento.
Movimentação do avião faz hélices girarem
A RAT é basicamente um gerador elétrico, como um dínamo. A movimentação do avião no ar faz as hélices desse componente girarem, e o mecanismo passa a funcionar como uma turbina eólica.
A RAT só é acionada se outros dois sistemas já tiverem falhado: os motores principais e a APU (sigla, em inglês, para Unidade Auxiliar de Energia), um sistema reserva que gera energia para o avião.
A turbina não gera impulso para o avião, apenas permite que ele seja controlado enquanto plana até o pouso.
Maioria tem menos de um metro de diâmetro
A turbina é encontrada, em geral, na parte de baixo dos aviões, para ser acionada mais facilmente. Quando há algum problema com a energia na aeronave, a porta do compartimento onde ela fica armazenada é liberada, e a gravidade faz o restante do trabalho.
Também é possível encontrar essa turbina sob a asa ou perto do nariz das aeronaves.
Ela tem um mecanismo chamado de governador, que regula sua rotação. Isso evita que a hélice gire em uma velocidade muito alta, o que poderia quebrá-la.
Na maioria das aeronaves, o diâmetro da turbina não passa de um metro. Mas no Airbus A380, o maior avião comercial de passageiros do mundo, o diâmetro da RAT é de 1,63 metro. Nesse caso, ela fica sob a asa.
Ajudou avião sem combustível no Canadá em 1983
Um caso famoso de uso da RAT foi no que ficou conhecido como "planador de Gimli" (Gimli Glider), em julho de 1983. Um Boeing 767 da Air Canada, que fazia a rota entre Montreal e Edmonton, no Canadá, ficou sem combustível a 12,5 km de altitude, e os motores pararam de funcionar.
A RAT foi acionada, e o avião voou até pousar na cidade de Gimli. Enquanto o avião planava, a turbina eólica forneceu a energia necessária para controlá-lo.
Uma das principais fabricantes dessas turbinas no mundo, a Collins Aerospace, diz que 1.700 vidas já foram preservadas apenas com o acionamento do equipamento produzido pela empresa, em 16 ocasiões.
Nem todos os aviões têm
As turbinas só existem em alguns aviões a jato. Há aeronaves que não precisam do sistema porque são controladas por cabos metálicos.
Um deles é o Boeing 737, um dos mais usados no mundo. Seus comandos de voo normalmente usam força hidráulica, mas também podem ser movimentados com a atuação direta dos cabos.
Assim, é possível que o piloto mantenha o controle sem qualquer sistema hidráulico funcionando, ainda que, para isso, precise fazer um pouco mais de força.
Além disso, a alimentação elétrica em caso de falha dos motores e da APU é feita por baterias, que têm capacidade de fornecer até 60 minutos de energia para todas as partes vitais do avião.
Na aviação militar, a turbina existe no caça F-105 Thunderchief, dentre outros modelos.
Fontes: Thiago Brenner, professor da Escola Politécnica da PUC-RS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul), e Rockwell Collins
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