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Aos 13 anos, menino é dono de start-up e dá palestra para adultos

Com a ajuda dos pais, Davi Braga, 13, fundou uma start-up e dá palestras sobre empreendedorismo - Afonso Ferreira/UOL
Com a ajuda dos pais, Davi Braga, 13, fundou uma start-up e dá palestras sobre empreendedorismo Imagem: Afonso Ferreira/UOL

Afonso Ferreira

Do UOL, em Santo André

05/09/2014 06h00

O alagoano Davi Braga tem apenas 13 anos, mas já é um empreendedor. No final de 2013, ele criou a própria start-up, a List-it, um site para os pais comprarem o material escolar dos filhos e no qual as escolas podem cadastrar sua lista de materiais.

Na última quinta-feira (4), o menino foi a Santo André, na região metropolitana de São Paulo, para dar uma palestra no 11º Congresso Estadual de Jovens Empreendedores.

Filho de empresária e de investidor-anjo, Braga diz que o estímulo para empreender veio do ambiente familiar. E foi justamente em casa que ele teve a ideia de criar o negócio.

A mãe do menino, Cristiana Peixoto, 41, é dona de uma papelaria. Algumas amigas dela tinham dificuldade para comprar todos os itens da lista de material escolar. Como não tinha todos os itens em sua papelaria, Cristiana passou a buscar o que faltava em outras lojas, juntar tudo e entregar para as mães, cobrando pelo serviço.

A procura foi crescendo e Cristiana já não dava conta dos pedidos. Foi aí que o filho idealizou a start-up.

“O grande problemas das listas de material escolar é que, muitas vezes, é preciso ir a várias lojas para encontrar tudo. Muitos pais não têm tempo para isso, daí a necessidade de criar um site onde seja possível comprar tudo de um jeito simples”, afirma o menino.

Ele explica que, após a compra, uma loja parceira será responsável por juntar todos os itens da lista e entregar para o cliente. A loja ficará com 90% do valor da venda, e os outros 10% vão para a start-up.

A List-it será lançada oficialmente no dia 25 de setembro, segundo o jovem empreendedor.

Pai foi investidor-anjo do filho

Davi Braga entre os pais, Cristiana Peixoto e João Kepler - Afonso Ferreira/UOL - Afonso Ferreira/UOL
Cristiana Peixoto, que é dona de papelaria, o filho, Davi Braga, e o pai, João Kepler, que foi o investidor-anjo do negócio
Imagem: Afonso Ferreira/UOL

O pai, João Kepler, 44, foi o investidor-anjo do negócio. Ele investiu os R$ 2.000 usados para criar a ferramenta e fazer o vídeo promocional. Também foi Kepler quem trouxe mais três sócios para o negócio: dois programadores e um designer.

“São eles que tocam a empresa. Meu filho foi o criador da ideia e atua mais como divulgador do negócio. Ele não tem um cargo, carteira assinada ou horário fixo. A única obrigação dele é tirar boas notas na escola”, afirma Kepler.

Menino diz ter ideia para mais 8 ou 9 aplicativos

O menino, por sua vez, diz que o negócio não atrapalha seus estudos ou a vida de criança. “De manhã eu vou para a escola, à tarde e à noite eu trabalho e brinco.” Entre as atividades preferidas do garoto estão jogar futebol, navegar na internet e cozinhar para os pais, junto com a irmã de nove anos.

Ele, inclusive, já faz planos para outros negócios. “Tenho ideia para mais oito ou nove aplicativos, pelo menos. A List-it, com certeza, não será minha última empresa”, diz.

Escolas inibem criatividade dos alunos, diz consultor

O gerente do Sebrae (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) no ABC paulista, Paulo Marcelo Ribeiro, diz que já existem escolas de ensino fundamental e médio com aulas de empreendedorismo. No entanto, para ele, essas iniciativas são poucas e é preciso mudar a cultura do ensino no país.

“As escolas seguem muitas regras e, na maioria das vezes, inibem a criatividade do aluno. É preciso que estimulem as crianças a desenvolverem suas ideias desde cedo, para que possam se tornar empreendedores mais capacitados”, afirma.

Ribeiro diz, ainda, que os pais da criança que quer empreender precisam acompanhá-la de perto para que o negócio não atrapalhe os estudos ou mesmo o relacionamento com amigos.

“Mesmo que o negócio seja visto como uma diversão, a criança não deve se dedicar demais ao trabalho, pois, caso não dê certo, ela pode se sentir frustrada. O principal nessa fase da vida é brincar e estudar. Empreender é melhor que seja lá na frente”, declara.

Serviço:

11º Congresso Estadual de Jovens Empreendedores
Data: 4 e 5 de setembro
Local: Clube Atlético Aramaçan
Endereço: Rua São Pedro, 345, Bairro Silveira, Santo André (SP)
Entrada: R$ 90 para o público geral e R$ 45 para associados da Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo)
Inscrições: http://zip.net/bypt2G