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Impressora 3D ajuda empresa a cortar custos de produção de peça em até 96%

Robert Wright/The New York Times
Imagem: Robert Wright/The New York Times

Andréia Martins

Do UOL, em São Paulo

14/01/2015 06h00

Pequenas empresas que produzem peças têm encontrado na impressora 3D uma forte aliada para cortar gastos de produção. Um dos processos que obtêm boa economia é a construção de protótipos --modelos que servem de base para a fabricação dos produtos. Com a  impressão 3D, ainda há economia de tempo e de material, dizem os empreendedores.  

A HGX, empresa de Porto Alegre (RS) que atua no ramo de sistemas de controle para veículos elétricos, por exemplo, usa o equipamento para fazer protótipos e também itens para venda no mercado. A empresa gastava entre R$ 300 e R$ 400 para fabricar peças de alumínio pequenas. Trocando o material pelo plástico, usado na impressora 3D, o custo caiu para R$ 14: uma economia de 96,5%.

Em outro projeto, eram gastos em algumas peças R$ 150 em usinagem em alumínio (quando a peça é moldada em uma máquina). “Adquirimos uma impressora e a trocamos depois por um modelo mais atualizado. O gasto foi de cerca de R$ 4.800. Em três semanas de trabalho, esse valor já estava pago”, diz Guilherme Santos, 18, projetista mecânico da empresa.

Com a impressora, o custo de usinagem em alumínio caiu para R$ 35. "Neste produto, já economizamos aproximadamente R$ 4.000 nos últimos dois meses”, afirma Vagner Santos, 48, gerente da HGX.

A empresa pretende investir em mais três impressoras 3D para fabricar outras peças de equipamentos. Entre as que já saem da impressora 3D direto para o mercado estão caixas de bateria e roldanas semelhantes às usadas em academias de ginástica.

“A impressão é um pouco demorada. Como temos apenas uma máquina, é uma peça de cada vez. Mas nossa demanda não é exclusiva dessas peças, então funciona”, diz Santos.

Empresa antes precisava esculpir protótipo

Com sede em Caxias do Sul (RS), a Master Tech, fabricante de peças para a indústria artística, da moda e funerárias, adquiriu uma impressora 3D de fabricação brasileira por R$ 4.569. Segundo Junior de Marco, 31, sócio da empresa, o custo dos protótipos de algumas peças chegava a R$ 30 mil. "Se o cliente não gostava ou ela precisava ser alterada, exigia um custo ainda mais alto”, diz.

Com a impressora 3D, ganharam tempo e dinheiro. “Antes, para fazer a alça de um caixão na forma tradicional, usinado, você precisava esculpir a peça, o que levava, em média, quatro horas, e o gasto com material era de R$ 40. Com a 3D, fazemos a alça em três horas gastando R$ 12”, diz Marco.

Embora o ganho no tempo de produção de uma peça pareça pouco, Marco diz que, com o novo equipamento, não é preciso acompanhar a impressão e ele pode se dedicar a outras atividades. “No modo usinado, é necessário parar o serviço e fazer apenas aquilo.”

A empresa planeja comprar mais uma impressora 3D para auxiliar nos testes das peças. “O investimento na máquina é baixo. Obtivemos uma redução de até 90% nos gastos e, com isso, pudemos oferecer mais opções aos clientes. Em vez de fazer uma peça, podemos testar duas, três”, diz Marco.

Empresário deve tomar cuidado com limitações de material da impressora

Luciano Soares, coordenador de engenharia da computação do Insper, avalia que as empresas devem ficar atentas à febre da impressão 3D. “É importante apostar nesse mercado, mas empreender apenas com essa máquina pode restringir o negócio e o tipo de prototipagem que você oferece”. Há empresas que terceirizam o serviço e fazem renda extra.

Entre as impressoras 3D de fabricação nacional há a Cliever, que comercializa modelos cujos preços variam em torno de R$ 5.000, e a Metamáquina, que oferece um modelo de impressora 3D ao custo de R$ 4.500. A Cube, impressora da americana 3D Systems, é vendida aqui pela empresa Robtec e o custo parte de R$ 5.220. Outros modelos mais sofisticados custam de R$ 15.490 a R$ 200 mil.