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Espaço tem pintura, bingo e baile para idoso que não fica sozinho de dia

Márcia Rodrigues

Colaboração para o UOL, em São Paulo

19/12/2016 06h00Atualizada em 20/12/2016 17h34

A necessidade de ter alguém cuidando de idosos abre nichos de negócios. Um deles é o espaço de convivência e cuidado para os mais velhos --algumas instituições denominam o serviço de "creche", "centro-dia" ou, ainda, "day care". Dois exemplos estão no ABC paulista: o Lar Alcina e a casa Alegria de Ser.

A primeira cobra diária de R$ 90 para o período das 7h às 19h e a segunda oferece pacotes para idosos que vão de R$ 700 a R$ 1.800 por mês. Entre as atividades promovidas nas duas empresas estão jogo de boliche, teatro, artesanato, pintura, baile e bingo.

O Lar Alcina foi criado em fevereiro de 2013 em Diadema (21 km ao sul de São Paulo) pelo empresário Thiago Rodrigues Siqueira, 29. A família não achava um lugar adequado para deixar a avó, Alcina, que tinha alzheimer, e ele resolveu abrir o negócio. O nome dela foi usado para batizar a casa.

A Alegria de Ser foi fundada pelo empresário Franco Antonio Catema, 55, em julho do ano passado, em Santo André (24 km ao sul de São Paulo). Ele trabalhava em outro local que oferecia o serviço e resolveu abrir sua própria empresa. "Vi que investir na área era uma oportunidade de negócio."

Empresários de ambas empresas afirmam que não sentiram o movimento aumentar por causa das novas regras para a contratação de cuidadores de idosos. O serviço de centro-dia não inclui acompanhamento médico, apenas terapia ocupacional e nutricionista. O Lar Alcina oferece enfermagem, caso seja necessário.

Casa oferece moradia e centro-dia

O Lar Alcina tem, atualmente, 35 idosos hospedados e seis que frequentam o centro-dia, que funciona das 7h30 às 19h. Inicialmente, ele nasceu com a proposta exclusiva de moradia. Seis meses depois, Siqueira diz que viu uma oportunidade para ampliar o serviço. "O serviço' passou a ser a nossa porta de entrada para novos hóspedes."

A diária é de 12 horas, custa R$ 90 e inclui seis refeições, banho e recreação. O serviço funciona de segunda à sexta-feira, mas, se o cliente precisar ficar lá no sábado ou domingo por causa de algum compromisso da família, é permitido. Se ele dormir no local a diária sobe para R$ 130.

Siqueira não revela o preço da hospedagem mensal porque diz que os casos precisam ser tratados de forma individual. "Vamos avaliar as necessidades do cliente antes de passar o preço." O empresário não divulga faturamento nem lucro.

De todas as atividades que o Lar Alcina realiza --jogo de boliche, artesanato, pintura, exercício físico, entre outros--, ele diz que o bingo é o preferido. "Quando fazemos bingo, eles realmente se divertem." Há, ainda, festas temáticas como Dia das Mães, Dia dos Pais e Natal. "Eles [os idosos] que produzem os enfeites e a decoração."

Sexta-feira é dia de baile

A Alegria de Ser começou com seis idosos e, atualmente, tem 23. A empresa não oferece o serviço de hospedagem, apenas o de centro-dia.

"Participo de muitos fóruns que discutem a saúde e o bem-estar dos idosos e é consenso no meio que chamar o serviço de 'creche' pode causar a impressão de infantilização de idosos, o que foge do nosso objetivo, que é manter a dignidade e a integridade deles."

O local oferece esse serviço nos períodos das 7h às 12h, das 13h às 19h, ou integral, das 7h às 19h. O valor é cobrado conforme a frequência do aluno e pode variar de R$ 700 a R$ 1.800 por mês.

Entre as atividades desenvolvidas pelos idosos estão pintura, artesanato, exercícios físicos e um baile toda sexta-feira. Também estão inclusos acompanhamento com nutricionista, terapeuta ocupacional, psicanalista e pedagogo. O empresário não revela faturamento nem lucro.

Aumento da expectativa de vida favorece setor

Para Fabiano Nagamatsu, consultor do Sebrae-SP (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), com o aumento da expectativa de vida da população a tendência é que despontem vários serviços com foco na terceira idade. Ele diz, ainda, que as novas regras para a contratação de cuidadores devem movimentar o setor.

"É um público ativo, que quer interagir e busca diversão. Muitos deles, por falta de opção, acabam ficando sozinhos em casa. Um serviço que una tudo isso tem grande chance de apresentar bons resultados."

Nagamatsu diz que o grande desafio do empresário que quer investir na área é atrair esse público. "Eles são muito desconfiados. Na cidade onde meus avós moram, por exemplo, há um centro de convivência que realiza diversas atividades para a terceira idade, mas eles não vão porque pensam que é um asilo."

Onde encontrar:

Lar Alcina - http://www.laralcina.com.br
Alegria de Ser - http://www.alegriadeser.com.br/