Com avanço do impeachment, economistas sugerem onde é mais seguro investir
Com o avanço do processo de impeachment, aprovado pela Câmara, quais as consequências da decisão para o seu bolso?
O UOL ouviu quatro economistas para avaliar a situação: André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos; Clemens Nunes, professor de Economia da Escola de Economia de São Paulo da FGV; Mauro Calil, especialista em investimentos do banco Ourinvest; e Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da corretora Nova Futura.
Na opinião deles, essa decisão deve resultar, no curto prazo, em alta da Bolsa, queda do dólar e uma expectativa geral do mercado de mais otimismo. Mas, como ainda há indefinições, com o processo dependendo de votação no Senado, o conselho é manter a maior parte dos investimentos na renda fixa, preferencialmente em títulos indexados à Selic, indicam Calil, Nunes e Silveira.
Somente Perfeito recomenda os títulos prefixados, por acreditar na queda da inflação e da taxa de juros no curto prazo.
Eis a análise de cada investimento:
TESOURO DIRETO
Os títulos do governo foram a aplicação mais recomendada pelos quatro especialistas.
Para curto prazo, até dois anos, Calil, Nunes e Silveiras sugerem títulos pós-fixados, que seguem a taxa Selic.
André Perfeito acredita que a taxa de juros e a inflação devam recuar, portanto recomenda investir no Tesouro Prefixado.
Para longo prazo (como aposentadoria), a recomendação é o Tesouro IPCA+, indexado à inflação. Nunes sugere colocar 70% em Selic e 30% em IPCA+.
Fique atento ao vencimento do papel no caso do Tesouro IPCA+ e do Tesouro Prefixado. Quem tirar o dinheiro antes desse prazo pode perder rendimento por conta da marcação a mercado, que altera diariamente o preço do papel para baixo ou para cima.
Para investir no Tesouro Direto, que é uma plataforma utilizada para comprar diretamente os títulos, é necessário abrir cadastro e ter conta em uma corretora ou banco. Veja um passo a passo de como investir.
O investimento paga Imposto de Renda, conforme o período de aplicação:
- Até 180 dias = 22,5%
- De 181 a 360 dias = 20%
- De 361 a 720 dias = 17,5%
- Acima de 720 dias = 15%
CDB
O investidor deve aplicar se der um retorno acima de 95% do CDI para um ano no mínimo, diz Calil. Bancos menores pagam melhor: segundo Silveira, é possível encontrar rentabilidades de até 120% do CDI.
Mas altas rentabilidades podem significar mais riscos em bancos menores. Por isso, mantenha os investimentos dentro do limite de cobertura de R$ 250 mil do FGC (Fundo Garantidor de Créditos, que devolve o dinheiro ao investidor se o banco quebrar, dentro do limite de cobertura).
O CDB não tem taxa de administração, mas paga IR, conforme o período:
- Até 180 dias = 22,5%
- De 181 a 360 dias = 20%
- De 361 a 720 dias = 17,5%
- Acima de 720 dias = 15%
FUNDOS DE RENDA FIXA
É preciso cuidado com taxas. O desejável em fundos DI é que a taxa de administração não passe de 0,5% ao ano (segundo Calil) a 0,8% ao ano (de acordo com Silveira). Perfeito recomenda os fundos que tenham papéis prefixados. Nunes não vê os fundos como uma boa opção de investimento. "É melhor comprar diretamente pelo Tesouro", diz.
Os fundos pagam Imposto de Renda. Quanto menos tempo deixar o dinheiro, mais paga:
- Até 180 dias = 22,5%
- De 181 a 360 dias = 20%
- De 361 a 720 dias = 17,5%
- Acima de 720 dias = 15%
Os fundos não têm a cobertura do FGC.
LCI e LCAs
As letras de crédito imobiliário (LCI) e as letras de crédito do agronegócio (LCA) são opções para investir em renda fixa e são atraentes pela isenção do IR e pela segurança do Fundo Garantidor de Créditos. “Mas está difícil de encontrar no mercado pelo fato de que a demanda imobiliária esfriou e a taxa de juros, que remunera o papel, caiu", diz Clemens Nunes.
Uma desvantagem é que a aplicação tem prazo de no mínimo seis meses para retirar o dinheiro. Mauro Calil diz que o investidor deve aceitar papéis que paguem no mínimo 88% do CDI para um ano. Silveira diz que é possível encontrar papéis que pagam 93% do CDI para um ano e 101% do CDI para dois anos.
POUPANÇA
Apesar de ser isenta de Imposto de Renda e taxa de administração, a poupança perde atratividade com os juros altos, pois sua remuneração é fixa em 0,5% ao mês mais TR.
"Esqueça a poupança: ela não ganha da inflação há muito tempo. Tire o dinheiro, não precisa esperar a data de aniversário, e aplique no Tesouro Selic. Mesmo pagando Imposto de Renda, a rentabilidade será maior", diz Calil.
Pode ser usada só para o dinheiro do dia a dia, e por um período curto de seis meses, mas não deve ser utilizada como investimento. Tem a segurança do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que paga até R$ 250 mil para o investidor se o banco quebrar.
AÇÕES
Com a aprovação da continuidade do processo de impeachment, os analistas acreditam que a Bolsa deve continuar a subir. A intensidade dessa alta, porém, varia, de acordo com eles:
- Mauro Calil acredita numa alta de 50% em até dois anos
- André Perfeito acha que a Bolsa irá bem, mas não tão bem quanto tem sido nos últimos dias. "Não dá para imaginar que a Bolsa vai continuar subindo como já subiu em 2016. O mercado já antecipou a notícia"
- Clemens Nunes concorda com Perfeito. Para ele, é até razoável esperar alguma perda. "A Bolsa sobe no boato e cai no fato." Depois disso, é possível que a Bolsa suba ainda 15%
- Silveira acredita que a Bolsa deve subir como uma consequência da queda da percepção do risco Brasil
Para os iniciantes, a recomendação é procurar um gestor especializado e colocar apenas de 1% a 2% do capital para começar a entender o mercado.
DÓLAR
Não é recomendado como investimento. Os especialistas aconselham a comprar a moeda apenas se for viajar. Nesse caso, a compra deve ser feita aos poucos, para diluir o risco das variações.
Para quem quer ter algum investimento atrelado ao dólar, há a opção de fundos cambiais e fundos nacionais que aplicam na moeda estrangeira.
FUNDOS IMOBILIÁRIOS
São condomínios de investidores em imóveis. O patrimônio pode ser composto de imóveis comerciais, residenciais, rurais ou urbanos, construídos ou em construção, que serão vendidos, alugados ou arrendados.
Silveira, Nunes e Perfeito não recomendam o investimento no momento. "O setor está passando por fortes ajustes", diz Silveira.
Mauro Calil acha que é uma boa aposta: "Quem tem uma boa carteira hoje consegue rentabilidade de 0,8% a 1% ao mês", diz.
IMÓVEIS
Em 2016, imóvel deve ser bom só para quem quer morar, não investir.
Ainda há os custos enquanto o imóvel estiver desocupado: IPTU, condomínio e manutenção.
Para quem tem dinheiro em mãos, é possível conseguir descontos de até 30% sobre o preço do imóvel, diz Calil. "Especialmente nos usados."
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