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Poupar ou pagar dívidas: o que é melhor para o seu bolso?

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Imagem: istock/f_

Sophia Camargo

Colaboração para o UOL, em São Paulo

24/07/2017 04h00

Você está endividado no cheque especial ou no cartão de crédito, mas não tira o dinheiro da poupança porque acha que precisa ter um investimento? É melhor rever seus conceitos para não perder dinheiro, alertam especialistas. Uma pessoa com dívidas paga juros muito mais altos do que recebe em qualquer aplicação financeira. 

Veja os cálculos de Miguel Ribeiro de Oliveira, diretor-executivo da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade):

  • Para quem tem uma poupança de R$ 1.000, que rende 0,55% ao mês;
  • Após 12 meses, com essa taxa de juros, terá R$ 1.068,03 na poupança.
  • Para quem tem uma dívida no cheque especial de R$ 1.000, que cobra, em média, juros de 12,33% ao mês;
  • Após 12 meses, com essa taxa de juros, a dívida no cheque especial estaria bem maior: R$ 4.035,98.

Por isso, a melhor opção seria usar o dinheiro investido na poupança para quitar a dívida. “Em um ano, vai conseguir pagar só um quarto do valor da dívida", diz Oliveira.

O melhor é se livrar logo. Tirar o dinheiro da poupança e quitar o cheque especial.

Dívida boa X dívida ruim

Nem toda dívida é ruim, afirma Oliveira. Segundo ele, a dívida ruim é aquela com a qual o consumidor gasta e não tem retorno, não cria riqueza, e tem juros elevados, como cheque especial e cartão de crédito, por exemplo.

Quanto maior a taxa de juros, maior vai ser a velocidade com que essa dívida vai crescer. É possível comparar as taxas de juros das diversas modalidades de crédito pelo site do Banco Central.

A dívida boa é aquela que possibilita criar riqueza e patrimônio, além de ter juros mais baixos. "Um financiamento para investir na educação, ou financiar uma pequena parte da compra da casa própria", afirma o especialista.

Bruno Poljokan, diretor do Just, plataforma de crédito do GuiaBolso, concorda. "Uma empresa endividada não necessariamente está mal, ela pode usar esse endividamento para aumentar sua capacidade de produção. O problema é o perfil desse endividamento. O mesmo vale para as pessoas", diz.

Para ele, o limite máximo de endividamento, incluindo aí até as compras parceladas no cartão de crédito, deveria ser de 20% da renda líquida (aquilo que você recebe efetivamente, depois de descontos e impostos).  

Poupar antes, consumir depois

O planejador patrimonial do Grupo GGR, Fernando Marcondes, ensina que o melhor para o bolso é poupar primeiro para só depois consumir.

Atualmente há muito endividamento porque as pessoas resolvem qualquer desejo de consumo via empréstimo, quando o correto seria o contrário.

Se tem o plano de comprar uma casa, por exemplo, poupe o máximo para dar a maior entrada possível. "Se quer comprar um apartamento financiado, tenha uma poupança equivalente a pelo menos dois anos de prestação", diz. O motivo é simples: quanto menor o valor financiado e o prazo do financiamento, menos juros você pagará.

Como se planejar para quitar dívidas e poupar?

Veja três passos indicados pelos especialistas:

1) Organize suas contas

O primeiro passo é saber como estão suas contas. Para isso é preciso fazer um orçamento doméstico para controlar o quanto recebe e o quanto gasta.

2) Avalie suas dívidas

Faça uma análise de todas as dívidas que tem e quais são as que estão cobrando mais juros. Essas são as que você precisa eliminar primeiro. Renegocie as dívidas, troque por outras com juros mais baratos ou quite, se puder.

3) Poupe sempre

Guardar dinheiro significa usar os juros a nosso favor e não contra, diz Marcondes. "Poupe para ter um patrimônio financeiro capaz de sustentar sua vida quando não puder mais gerar renda." O mínimo de poupança recomendado pelos especialistas é investir, todo mês, ao menos 10% daquilo que ganha.