O preço do petróleo está com grandes variações, provocadas pelas incertezas em torno do cenário macroeconômico global.
As projeções mais recentes têm revelado grande desconfiança em relação ao futuro da commodity. Enquanto alguns analistas apostando em uma valorização explosiva dos preços por conta das sanções à Rússia, outros apontam que a possível recessão econômica global deve derrubar a cotação do barril de petróleo. Veja análise sobre essa commodity, feita pelo Rafael Bevilacqua, estrategista-chefe e sócio-fundador da Levante Ideias de Investimentos.
O mercado de óleo e gás
O mercado global de óleo e gás é bastante complexo, uma vez que inúmeros fatores podem contribuir para a criação de desequilíbrios profundos e repentinos entre a oferta e a demanda por petróleo, gás natural e seus derivados.
Antes de mais nada, é preciso ter em mente que essas commodities são negociadas de acordo com as cotações de referência do mercado internacional. Para o petróleo, costuma-se usar os barris do tipo Brent e WTI como referência.
Contudo, por se tratar de recursos naturais escassos, nem todos os países possuem reservas de petróleo e gás, e as maiores reservas do planeta estão situadas em um pequeno grupo de países, o que torna as demais nações dependentes desses grandes exportadores de commodities energéticas.
Para tornar essa situação ainda mais complexa, boa parte dos países que abrigam grandes reservas de petróleo e gás podem ser considerados bastante instáveis do ponto de vista geopolítico, o que os torna mais propensos a passar por crises domésticas e ingressar em conflitos armados. Desta forma, um problema local torna-se prejudicial para o bom funcionamento do comércio internacional.
Ao longo da história, o mundo já passou por algumas crises provocadas por cortes súbitos no fornecimento de petróleo e derivados por países membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), grupo que engloba alguns dos maiores produtores da commodity.
Mais recentemente, entretanto, o que tem causado volatilidade nos preços do petróleo é a disputa geopolítica travada entre o Ocidente e a Rússia, desde que Moscou iniciou uma invasão de larga escala à Ucrânia.
A Rússia e o petróleo
Potência energética, a Rússia é a terceira maior produtora de petróleo do planeta, ficando atrás somente da Arábia Saudita, que ocupa a segunda colocação, e dos Estados Unidos, que encabeçam o pódio.
A influência russa, contudo, vai além do seu papel como produtora e exportadora de energia. Desde 2017, a Rússia tem trabalhado junto à Opep para impor limites à produção de petróleo e, assim, manter os preços do produto em patamares elevados, conservando os lucros dos países produtores.
Além disso, a Rússia produz boa parte do gás natural que abastece a Europa, e existe uma forte dependência dos países europeus das commodities energéticas russas. Em 2021, 40% do gás natural consumido na União Europeia veio da Rússia.
Assim como o Ocidente depende das commodities energéticas russas, a Rússia depende da exportação desses produtos, que representam uma parcela expressiva do PIB do país, situação que pode ser definida como uma faca de dois gumes.
Desde o início da invasão russa à Ucrânia, o petróleo e o gás natural têm sido usados como armas no front de batalha da geopolítica, com a Rússia ameaçando cortar o fornecimento aos países europeus, enquanto as nações ocidentais tentam estrangular a economia russa com pesadas sanções.
Desde então, diante do receio de corte de fornecimento de petróleo pela Rússia, o preço do barril da commodity disparou no mercado internacional, impulsionando ainda mais a alta da inflação global.
Commodities em tempos de recessão
Ao mesmo tempo em que a complexa situação da guerra na Ucrânia contribui para pressionar a alta dos preços do petróleo, o temor com a possibilidade de uma recessão global faz com que alguns especialistas projetem uma queda abrupta da demanda por commodities.
Em momentos nos quais a atividade econômica contrai, a tendência é de diminuição da demanda por bens como petróleo, minério de ferro e cobre. Nesses períodos de incerteza e atividade enfraquecida, os preços desses produtos tendem a cair repentinamente, como foi visto após a crise do subprime ou durante o período mais crítico da pandemia do coronavírus.
Dessa forma, as projeções para o preço do barril de petróleo têm sido definidas com base em dois cenários bastante distintos.
Primeiramente, em caso de corte do fornecimento de petróleo pela Rússia e sustentação ou até mesmo crescimento da demanda, os analistas projetam que o preço do barril deve subir vertiginosamente, e alguns falam até mesmo em preços acima de US$ 300. Para Bevilacqua, essa é uma previsão exagerada.
Por outro lado, caso se confirme o cenário de recessão e a demanda por combustíveis e outros derivados de petróleo despenque, as estimativas indicam que o valor do barril pode cair para a faixa de US$ 60.
Situação é complicada para o investidor
O momento é demasiado complexo para tentar prever com exatidão qual deve ser a trajetória do preço do petróleo. Há uma série de fatores que devem ser levados em consideração, e temos notado que alguns especialistas têm adotado posturas bastante alarmistas, prevendo preços exageradamente altos ou baixos no curto prazo.
Avaliamos, por ora, que o petróleo deve seguir no patamar entre US$ 100 e US$ 120 o barril, enquanto os investidores aguardam os desdobramentos do cenário geopolítico global, além de calcular o impacto da possível recessão econômica no curto e médio prazo.
É preciso ter em mente ainda que os fatores que estão em jogo não se anulam uns aos outros, e por mais que uma eventual recessão econômica reduza a demanda global por petróleo e derivados, as sanções à Rússia e a relutância - ou incapacidade - de alguns dos maiores produtores globais da commodity em aumentar sua produção devem restringir a oferta, o que pode fazer com que a queda dos preços não seja tão intensa assim nesse cenário.
Acesse aqui o relatório completo da Levante sobre o preço do petróleo.
Carteiras conforme o perfil
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Este material foi elaborado exclusivamente pela Levante Ideias e pelo analista Felipe Bevilacqua (sem qualquer participação do Grupo UOL) e tem como objetivo fornecer informações que possam auxiliar o investidor a tomar decisão de investimento, não constituindo qualquer tipo de oferta de valor mobiliário ou promessa de retorno financeiro e/ou isenção de risco . Os valores mobiliários discutidos neste material podem não ser adequados para todos os perfis de investidores que, antes de qualquer decisão, deverão realizar o processo de suitability para a identificação dos produtos adequados ao seu perfil de risco. Os investidores que desejem adquirir ou negociar os valores mobiliários cobertos por este material devem obter informações pertinentes para formar a sua própria decisão de investimento. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, podendo resultar em significativas perdas patrimoniais. Os desempenhos anteriores não são indicativos de resultados futuros.
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