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Com reforma, vale fazer previdência privada para pagar menos imposto?

Com reforma tributária, previdência privada passa a ser mais interessante - Getty Images/iStockphoto
Com reforma tributária, previdência privada passa a ser mais interessante Imagem: Getty Images/iStockphoto

Mitchel Diniz

Colaboração para o UOL, em São Paulo

29/06/2021 10h59

A reforma tributária proposta pelo governo quer tornar obrigatória a declaração completa de Imposto de Renda para contribuintes que ganham acima de R$ 3.333 por mês. Analistas acreditam que essa mudança pode aumentar a busca por planos de previdência complementar, em particular o PGBL. Esse tipo de previdência privada permite dedução de 12% sobre a base de cálculo do IR, desde que o contribuinte faça a declaração completa.

Atualmente o modelo completo é recomendado para quem tem dependentes e muitas despesas a deduzir do IR, como gastos com plano de saúde e educação. A declaração simplificada, por sua vez, desconta 20% dos rendimentos tributáveis (no valor máximo de R$ 16.154,34) e hoje pode ser feita por qualquer contribuinte pessoa física.

Caso a proposta do governo seja aprovada, ainda vale a pena fazer um PGBL para pagar menos impostos? O UOL Economia + levou esse questionamento para especialistas. Veja abaixo o que eles disseram.

Vale a pena? Depende do caso

Hoje, se há a opção de fazer a declaração simplificada, é importante ponderar se vale investir em PGBL. Samuel Torres, analista de investimentos da Onze, fintech de previdência privada, explica que o contribuinte não deve fazer a declaração completa somente porque investiu no PGBL. "Só vale a pena fazer se as despesas dedutíveis forem maiores que o desconto do modelo simplificado, que é de 20%", diz Torres.

Com a reforma, se o contribuinte não puder mais fazer a declaração simplificada, o PGBL é recomendado e pode ser uma maneira de conseguir dedução fiscal. "Para as pessoas que não tiverem mais direito ao desconto simplificado, qualquer valor de despesas dedutíveis valerá a pena", afirma.

Ele lembra que o investimento em previdência privada é para quem tem objetivos de médio e longo prazo, seja para obter um complemento à aposentadoria ou para outros gastos futuros. Atualmente há fundos de previdência com estratégias diversas, de acordo com o objetivo do investidor. Mas é preciso ficar atento a taxas de carregamento e de administração, cobradas em alguns fundos de previdência, que possam comprometer a rentabilidade do investimento.

Combinar PGBL e VGBL pode ser vantajoso

Há cobrança de IR sobre todo o investimento no PGBL, mas ela só é feita no momento do resgate. Isso é uma vantagem na medida em que o segurado pode usar esse dinheiro que ainda não foi mordido pela Receita para ganhar com outras aplicações.

Marcia Silva, gerente do Sicredi Vale do Piquiri, sugere que o investidor faça um segundo plano de previdência privada, do tipo VGBL. Também há incidência de IR no VGBL, mas apenas sobre os rendimentos da aplicação, e não sobre o valor total.

"A desvantagem do PGBL é a tributação do valor principal mais a cobrança de juros no momento do resgate. Fazendo um VGBL em paralelo, o investidor consegue equilibrar valores e agregar valor ao seu plano de aposentadoria", afirma Marcia Silva.

E para quem ganha acima do teto?

Hoje o valor máximo de uma aposentadoria pelo INSS é R$ 6.433,57, montante que é corrigido anualmente. Quem ganha acima desse valor dificilmente vai conseguir manter o mesmo padrão de vida ao se aposentar se depender só do INSS.

"A previdência complementar começa a fazer sentido para quem tem uma renda superior a esse teto e dificilmente terá o mesmo poder de compra só com a aposentadoria paga pelo INSS", afirma Alexandre Gonçales, sócio da B.Side Investimentos.

Já o contribuinte que recebe abaixo do teto, ao se aposentar, provavelmente terá renda semelhante ao que ganha hoje. Logo, ele pode pensar em opções de investimento que tragam retornos mais rápidos, ainda que não possam ser deduzidos do Imposto de Renda.

"O investidor pode canalizar essa poupança para investimentos mais líquidos e que não sigam tantas regras quanto a previdência privada", diz Gonçales.

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