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Magalu se valorizou 91.300% em 5 anos; que empresas também podem chegar lá?

Analistas dão sugestões de empresas que podem crescer em cinco anos, semelhante ao Magalu  - Divulgação
Analistas dão sugestões de empresas que podem crescer em cinco anos, semelhante ao Magalu Imagem: Divulgação

Fernando Barbosa

Colaboração para o UOL, em São Paulo

13/02/2022 04h00

Em 2015, a ação MGLU3 do Magazine Luiza chegou a custar R$ 0,03. Em novembro de 2020, o papel disparou a R$ 27,42 —o que representa uma valorização de 91.300%. Ou seja, R$ 100 em Magalu lá em 2015 seriam R$ 91.400 em apenas cinco anos. Mesmo com a recente queda nas ações, a valorização ainda chama a atenção —na última quinta-feira (10) o papel fechou em R$ 6,94, subindo mais de 23.133% em comparação a quando valia poucos centavos.

Com crescimento robusto no preço das ações, a varejista ofereceu bons ganhos aos investidores. Para auxiliar quem busca oportunidades, como quem lucrou com o efeito do Magalu, o UOL pediu a especialistas sugestões de empresas que podem ter grandes valorizações em um período de cinco anos. Confira logo abaixo.

Petz (PETZ3)

Analista da Guide Investimentos, Rodrigo Crespi declara que as ações são investimento de longo prazo, com resgate de cinco a 10 anos. Mas isso não significa que os papéis devem ser esquecidos por esse período após aplicar o dinheiro. "É bom reavaliar a empresa a cada semestre, verificar os fundamentos e ver se o cenário macro continua positivo para o setor", diz.

Segundo Guilherme Paiva, analista da Rio Gestão, para encontrar boas oportunidades no longo prazo, como no caso das ações, é interessante observar empresas que estão posicionadas em segmentos fragmentados —e que estão consolidadas no mercado em que atuam.

Assim, apesar de o segmento de varejo não ser dos mais indicados para 2022 —pois tem enfrentado queda nos lucros devido ao cenário econômico do Brasil—, para os analistas a Petz (PETZ3) é uma das que podem despontar nos próximos anos.

"No Brasil, as participações de mercado das duas empresas principais [do segmento de varejo para pets] são de 7%, para Petz, e de 6%, no caso da Cobasi. Nos EUA, as principais companhias têm 65% do setor. A gente acredita que vai surgir no mercado um player dominante", diz. Para ele, a Petz hoje é a empresa que tem potencial para ser esse player; isto é, domina o maior capital do segmento.

Além disso, o analista da Rio Gestão entende que as milhares de pequenas e médias empresas (PMEs) presentes no setor pet enfrentam dificuldades para fazer vendas fora de seus estados. Para responder ao gargalo, a saída da Petz foi criar megalojas que funcionam como centros de distribuição para integrar os canais físico e online.

A Petz também usa esses grandes centros de compra para oferecer serviços de saúde, banho e tosa. Outro diferencial apontado por Paiva são os produtos premium da Zee.Dog (que pertence à Petz) e suas entregas rápidas a partir das darkstores —os pequenos centros de distribuição para armazenamento ou coleta de determinado item.

Petz - Divulgação / Petz - Divulgação / Petz
A rede brasileira Petz é vista com grande potencial de crescimento nos próximos cinco anos pelos analistas
Imagem: Divulgação / Petz

Vale (VALE3)

Em momentos de instabilidade na economia e alta das taxas de juros, é comum que investidores passem a apostar em empresas mais consolidadas. É o caso da Vale (VALE3), uma das maiores companhias brasileiras e exportadoras globais de minério de ferro.

Para o sócio-fundador da Nau Capital, Evandro Bertho, a Vale exerce um papel importante em um eventual cenário de deterioração da economia local. "O ambiente de minério vive uma tese de normalização dos preços das commodities [matérias-primas]. Entretanto, é possível que haja uma produção de aço um pouco mais intensa no médio prazo e a Vale está bem posicionada", declara.

O analista entende que a Vale possui uma boa gestão, tem valor de mercado atrativo e preço descontado (ou seja, abaixo do que de fato vale). Atualmente, a companhia possui valor de mercado de R$ 462,5 bilhões.

Vitor Carettoni, diretor da mesa de renda variável da Lifetime Investimentos, diz ainda que a empresa tem custos baixos comparado ao restante do setor.

Possíveis estímulos da China para incentivar o crescimento de sua economia também podem ser vantajosos para a operação da companhia brasileira nos próximos cinco anos. "Mesmo em caso de decréscimo no país asiático, a Vale é muito bem posicionada em termos de custo de produção de minério", afirma Carettoni.

PetroRio (PRIO3)

Já Crespi, da Guide Investimentos, explica que a PetroRio (PRIO3) é uma empresa bem posicionada no setor de combustíveis. Recentemente, realizou aquisições de campos de petróleo e foi escolhida pela Petrobras (PETR4) para ficar com os campos de Albacora e Albacora Leste, localizados na Bacia de Campos (área que vai do Espírito do Santo ao Rio de Janeiro).

Para ele, esse conjunto de movimentos tem potencial para mais do que dobrar a capacidade de produção até 2023. Outro fator é que o valor do barril do petróleo do tipo Brent —referência para o mercado de combustível— pode passar de US$ 90 (cerca de R$ 466,70) para US$ 100 (quase R$ 520) ainda este ano.

"Isso garantiria à PetroRio uma geração de caixa bastante interessante. Ela tem um custo de operação reduzido, o que garante um importante Ebitda [lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização]. Acreditamos em resultados positivos no quarto trimestre impulsionado pelo dólar e aumento da produção, que deve quase dobrar", afirma Crespi.

O Ebitda é um indicador para avaliar os resultados principais de uma companhia, sem considerar impostos ou algumas despesas.

Natura - Avon - Arte/UOL - Arte/UOL
Natura, que também detém a marca Avon, tem passado por forte processo de digitalização
Imagem: Arte/UOL

Natura (NTCO3)

Assim como as demais companhias que dependem da economia local, a Natura (NTCO3) enfrentou dificuldades relacionadas à pandemia e a dúvidas sobre a capacidade da empresa em utilizar a Avon, adquirida no final de 2019, para gerar resultados e influenciar positivamente a geração de caixa.

"A Natura voltou a patamares próximos do momento da compra da Avon. O motivo dessa queda foi a desconfiança a respeito da captura dessas sinergias. A ação estava bem 'esticada' [com preço alto] e acabou caindo demais, o que gerou essa distorção", diz Paiva, da Rio Gestão.

No entanto, ele acredita que, além da atuação mais intensa entre Natura e Avon, a divisão da Natura na América Latina possui grande potencial. Seu portfólio reúne ainda as marcas The Body Shop e Aesop —ambas voltadas a um público de maior renda.

"A companhia passa por um processo de digitalização com o objetivo de rejuvenescer o canal de vendas diretas da Natura e da Avon. Há muito espaço para 'cross-selling' [vendas cruzadas e complementares] entre as duas marcas. Há várias oportunidades na região", declara.

Hapvida (HAPV3)

Para o longo prazo, analistas ouvidos pelo UOL indicam também o segmento de saúde. No setor, a Hapvida (HAPV3) é avaliada como uma das empresas de maior destaque. "A Hapvida é um dos principais expoentes no segmento de saúde e conta com uma operação bastante enxuta", diz Crespi, da Guide Investimentos.

Neste aspecto, a Hapvida informou que o valor total das sinergias com a compra da rival Notre Dame Intermédica, fechada em janeiro de 2021 por R$ 49 bilhões, é de R$ 800 milhões em receitas até 2024. Da mesma maneira, a economia de custos com a integração entre as duas companhias é estimada em R$ 580 milhões.

"Com a sua fusão com a Notredame Intermédica, ela [Hapvida] passa a ter um 'marketshare' [fatia de mercado] bastante relevante no cenário nacional e tem ainda mais espaço para crescer", afirma. Ainda segundo a Hapvida, seu Ebitda deve ser de R$ 1,38 bilhão até 2024.

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