Dólar a R$ 5: Investir no exterior ainda vale a pena?
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Quem estava feliz com o dólar em queda não conseguiu aproveitar por muito tempo. A moeda norte-americana já voltou a bater R$ 5, e os juros dos Estados Unidos não apresentam sinais de cair. Para o investidor que pensa em aplicar no exterior, o momento pode ser de oportunidade.
Quando a taxa dos juros sobe, a renda fixa fica mais interessante, e a renda variável tende a se desvalorizar. O dólar também sobe nesses momentos. É esse o movimento que os EUA estão passando agora, e pode ser que a renda fixa americana fique mais atrativa. Por outro lado, a Bolsa de Valores brasileira pode sofrer um pouco mais, apesar da queda da Selic, diz Júlia Mendonça, educadora financeira - por isso, investir lá fora pode ser uma maneira de proteger parte do seu patrimônio.
Por que o dólar está em alta no mês
No mês de setembro, o dólar já subiu 1,95%. Desde o começo do ano, porém, o dólar caiu 4,40%. O dólar começou o ano bastante valorizado em relação ao real, e fechou a R$ 5,4524 no dia 4 de janeiro. Mas, depois de ter chegado a R$ 4,7282 no dia 26 de julho, subiu e bateu R$ 5,048 no fechamento de ontem, 27 de setembro, maior cotação desde maio.
O dólar se valorizou por conta de três fatores principais. Em todo o mundo, investidores estão mais avessos ao risco. Bancos centrais, como nos EUA e na Europa, estão aumentando os juros - e há incerteza sobre quando esse movimento deve acabar nos EUA. Além disso, o governo chinês tem oferecido um apoio moderado para a economia, que não tem se recuperado no ritmo esperado.
Além disso, há preocupação em relação à situação fiscal no Brasil. Há incertezas sobre o controle de gastos do governo, o que contribui para a queda da moeda brasileira em relação ao real.
Bolsas norte-americanas ainda em alta
Desde o começo do ano, as Bolsas americanas ainda estão em alta, apesar dos juros maiores. A Nasdaq subiu 23,05% desde o começo do ano, a Dow Jones subiu 1,25%, enquanto o índice S&P 500, que reúne as 500 principais empresas do país, se valorizou 11,78% no mesmo período.
Mas economia e Bolsas podem sofrer com juros altos. A política mais restritiva adotada pelo Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA) para conter a alta da inflação tem impacto no crédito, na tolerância ao risco e no crescimento da atividade econômica, diz Diego Costa, head de câmbio para Norte e Nordeste da B&T Câmbio.
Ainda vale dolarizar a carteira
O mais importante, neste momento, não é pensar em tirar dinheiro do exterior ou parar de investir. Os especialistas ouvidos pelo UOL defendem que a melhor estratégia para uma carteira boa e diversificada é continuar com a tática que já está em prática.
Quando investimos na Bolsa norte-americana, a ideia é sempre pensar para longo prazo. Dessa forma, as oscilações tanto para baixo quanto para cima acabam sendo minimizadas. Além disso, ao colocar dinheiro lá fora, você consegue dolarizar a sua carteira, que passa a ter rendimento independente do câmbio, diz a educadora financeira.
Os EUA possuem uma economia estável. O país permanece como o destino mais procurado quando se trata de proteger o dinheiro. Se a intenção é preservar o patrimônio em uma moeda com menos incertezas e exposição a riscos, então, ainda vale investir.
Já se o foco for ter retornos maiores, a dica é manter os investimentos em real. O rendimento é mais mais atrativo, diz Costa.
Sempre é hora de investir em dólar, mas não é hora de tomar riscos muito maiores do que aguenta. Não é porque está abaixo de R$ 5 que é o momento de ter todos seus investimentos no exterior.
Júlia Mendonça, educadora financeira
Por onde começar a investir
O primeiro passo é saber se esse tipo de investimento combina com o seu perfil. Depois, procure uma corretora especializada em aplicações no exterior. Assim, você não precisará fazer a troca de moedas por conta própria, porque a própria instituição faz a conversão do câmbio.
Abrir uma conta nos Estados Unidos ou em instituição financeira internacional é uma prática comum. É uma boa seja para aqueles que planejam viajar ou para quem busca proteger seu patrimônio, diz o head de câmbio da B&T Câmbio.
Mas não precisa ter uma conta internacional. O investidor pode selecionar os BDRs (Brazilian Depositary Receipts) das empresas estrangeiras pela B3. Outro caminho é por corretoras brasileiras que fazem esse serviço através de sua própria plataforma, como Avenue, Nomad e C6.
Opções para investir em dólar
Há produtos financeiros para todos os bolsos, desde as opções mais salgadas até as mais baratas. Os ativos mais populares são ações, reits (empresas que operam fundos imobiliários) e renda fixa.
Dá para investir diretamente em títulos de renda fixa do Tesouro americano, mas sai caro. Cada título custa em torno de US$ 50 mil. É uma forma de ganhar com a renda fixa americana, já que os juros estão em alta. Outros títulos de empresas estão disponíveis por cerca de US$ 10 mil e fundos de investimentos saem a partir de US$ 2.000.
Caso queira algo mais em conta, alguns ETFs (Exchange-Traded Fund) são oferecidos por a partir de US$ 1. Um fundo ETF tenta replicar um índice de referência de alguma bolsa de valores. O SPXB11 tenta acompanhar a Bolsa de Valores de Nova York e seu índice, o SP500, é negociado no Brasil e custa R$ 9,33.
O preço das ações varia de empresa para empresa. Por exemplo, uma ação da Apple pode custar quase US$ 180, enquanto uma da Alphabet (Google) vale aproximadamente US$ 130.
Outra opção são os BDRs (Brazilian Depositary Receipts) , que representam ações emitidas no exterior. Esses recibos são negociados na B3, a Bolsa brasileira, e acompanham a variação das ações no exterior. Essas estratégias proporcionam uma forma de diversificação e proteção financeira, aproveitando a estabilidade econômica e as oportunidades oferecidas nos mercados internacionais, diz Costa.
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