Bitcoin sobe com expectativa de decisão que pode simplificar investimentos
Depois de enfrentar um dos seus piores momentos no ano, em setembro, com valores próximos a R$ 125 mil, o bitcoin (BTC) se encontra agora acima dos R$ 180 mil e pode avançar ainda mais com uma importante decisão das autoridades financeiras americanas. Essa decisão pode deixar as criptomoedas mais acessíveis para o público geral, e deixar investidores institucionais mais confortáveis em aplicar dinheiro nessas moedas. Tudo isso pode movimentar o setor e, consequentemente, valorizar os ativos.
Comissão americana vai reavaliar pedidos de ETF de bitcoin
A SEC pode reavaliar pedidos para listar ETFs de bitcoin nas Bolsas americanas. A SEC (Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos, na tradução do inglês) é o principal órgão regulador do mercado financeiro em solo americano, e ela havia rejeitado esses pedidos. É equivalente à brasileira CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
ETFs são fundos de índice e uma forma mais simples para investidores comuns comprarem ativos. Esses fundos são baseados em índices, como por exemplo da Bolsa de Valores ou, nesse caso, de criptomoedas. Em um único índice, há diversos ativos, o que permite diversificar os investimentos por um custo baixo.
Apenas ETFs futuros de bitcoin e de ether (ETF) são listados nas Bolsas americanas. Os ETFs de futuros bitcoin são um instrumento de negociação em que duas partes concordam em comprar ou vender a criptomoeda a um determinado preço e em uma data no futuro - por isso o nome. Eles são diferentes dos ETFs à vista, que negociam o preço atual do ativo.
Diversas corretoras fizeram pedidos para criar ETFs de criptomoedas à vista. Um dos pedidos veio da Bolsa de Nova York (Nyse), que apresentou ao órgão um pedido de conversão do ETF (fundo de índice) da brasileira Hashdex, do atual modelo de futuro para o modelo spot (ou à vista). BlackRock, Ark Invest e Invesco também apresentaram solicitações semelhantes. Nenhuma delas foi aprovada até agora, o que gerou críticas à comissão americana.
Gestora obteve vitória na Justiça, e SEC precisa rever os pedidos. A Grayscale, gestora que teve pedidos negados pela entidade, ganhou o processo na Justiça americana. Ela é responsável pelo GBTC, maior fundo de bitcoin do mundo. A SEC tinha até a última sexta-feira (17) para aprovar ou rejeitar a solicitação. O órgão decidiu por adiar mais uma vez. Um parecer final deve vir apenas em 2024.
Com expectativa, a critomoeda registra alta de 4% em novembro. No mês, a moeda saiu de R$ 174.613,12, no início do mês, para mais de R$ 181,6 mil na terça-feira (21).
Por que a aprovação é importante?
ETF à vista de bitcoin permite investir na criptomoeda de forma mais simples. Segundo Willian Ou, CEO da token.com no Brasil, o investidor não iria mais precisar comprar e armazenar a criptomoeda diretamente, ou fazê-lo por meio de uma exchange, uma corretora especializada em criptoativos. Isso torna esse investimento mais acessível, sem a necessidade de entender os aspectos técnicos.
Além disso, pode levar a uma adoção institucional da criptomoeda. Isso pode aumentar a demanda e impulsionar o desenvolvimento do setor e, consequentemente, aumentar o valor dos criptoativos. Investidores institucionais podem investir em bitcoin com menos preocupações regulatórias e de custódia.
Movimento pode impulsionar o setor. O CEO da Foxbit, Ricardo Dantas, diz que a partir desses novos fundos, investidores podem se sentir encorajados a investir no mercado de criptomoedas. Com isso, a expectativa é que o setor receba uma quantidade considerável de capital.Wander Guedes, head da mesa da Transfero Prime, afirma que o posicionamento da SEC pode resultar no crescimento do interesse de investidores institucionais. "Eles também estão se tornando mais confortáveis com a classe de ativos, o que torna o mercado cripto cada vez mais robusto e maduro."
ETF de bitcoin tem menos riscos do que a compra da moeda?
Fundos de índice, como os ETFs, são uma opção mais segura. Segundo a community manager da LoopiPay, Maria Eduarda Narcizo, os ETFs proporcionam uma experiência de compra mais protegida e eficiente. Além disso, contam com orientações tributárias mais claras, e são mais simples para comprar e vender do que comprar diretamente a moeda.
Mas ETFs também têm limitações. Entre elas, estão a restrição de negociação aos horários comerciais do mercado e a imposição de taxas de administração, diz Maria Eduarda.
Risco de custódia permanece. Para Rony Szuster, analista do Mercado Bitcoin, a diferença com os ETFs é que a custódia do bitcoin deverá ser feita por uma empresa totalmente especializada na custódia de criptoativos, com medidas de segurança para a proteção dos fundos.
Muitos investidores não têm capacidade ou não contam com recursos suficientes para valer a pena fazer a custódia institucional, que é muito cara. Ou simplesmente não querem fazer, não querem ter esse trabalho. Querem ter a comodidade de ter alguém que já faça isso para eles. Então, o ETF, nesse ponto, ele se encaixa muito bem.
Rony Szuster, analista do Mercado Bitcoin
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