A campanha eleitoral gera uma corrida disputada por alcançar o maior número de pessoas no menor tempo possível. Para conseguir cumprir uma agenda apertada, com comícios, encontros, debates e sabatinas, muitos candidatos optam por usar aviões fretados.
Os custos com essa modalidade de transporte apenas na campanha presidencial de 2022 já ultrapassam R$ 3,9 milhões ao todo, de acordo com as informações enviadas pelos candidatos ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) na prestação parcial de contas, entregue em 13 de setembro.
Esse valor deve subir com a prestação final de contas, onde todas as receitas e despesas do período eleitoral deverão ser reunidas e enviadas ao tribunal, obrigatoriamente, incluindo aquelas que não constaram na parcial.
Veja o ranking com os gastos:
- Soraya Thronicke: R$ 1,75 milhão
- Ciro Gomes: R$ 1,361 milhão
- Luiz Inácio Lula da Silva: R$ 787 mil
- Simone Tebet: R$ 110,9 mil
Esses gastos se referem apenas ao fretamento de aeronaves, e não incluem passagens de assessores e demais funcionários das campanhas. Outros candidatos, como Felipe D'Avila e Léo Péricles, usam voos comerciais regulares.
O atual presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro, por sua vez, usa os aviões da FAB (Força Aérea Brasileira) para seus deslocamentos de campanha de acordo com nota enviada pelo GSI (Gabinete de Segurança Institucional) da Presidência da República. Os gastos deles ainda não foram divulgados e devem ser pagos posteriormente por seu partido, o PL, segundo a lei.
Veja a seguir como cada candidato tem cumprido a agenda utilizando aviões, segundo declarações deles:
Soraya Thronicke (União)
A candidata Soraya Thronicke se desloca para cumprir as agendas de campanha em uma aeronave fretada. A bordo, ela viaja com sua equipe e com policiais federais, que fazem a segurança dos presidenciáveis.
Ao todo, a campanha de Soraya já desembolsou R$ 1,75 milhão com a empresa Rico Táxi Aéreo com o fretamento de avião.
Veja a nota da campanha de Soraya Thronicke sobre os gastos enviada à época da prestação parcial de contas:
"A campanha à Presidência de Soraya Thronicke (União Brasil) contratou uma empresa para o fretamento de aeronave por R$ 1,7 milhão, sendo o mesmo em modelo pré-pago.
O valor corresponde a 50 horas de voo, para serem consumidas até o fim do primeiro turno eleitoral, ou seja, até 2 de outubro.
Não menos importante: do valor total do contrato, a campanha repassou à empresa R$ 875 mil, o que dá direito a 25 horas de voo, que já foram utilizadas neste primeiro mês de campanha.
Sendo assim, a campanha à Presidência do União Brasil tem crédito em horas de voo para as próximas agendas da candidata".
A campanha de Soraya não informou o modelo de avião utilizado.
Ciro Gomes (PDT) - Cessna Citation 5
O candidato Ciro Gomes utilizava voo comercial durante a pré-campanha, passando a voar de jato fretado no período eleitoral.
O modelo utilizado é um Cessna Citation 5, operado pela Solar Táxi Aéreo. Ele consegue voar a até cerca de 3.500 km de distância levando até nove passageiros a bordo.
No começo de junho de 2022, o pedetista havia ironizado Lula por usar um jatinho em uma viagem ao Rio Grande do Sul. "Quanta elegância, quanta modéstia, quanta contenção de gastos, quanta compaixão com os mais pobres!", escreveu no Twitter à época.
Até o momento, a campanha de Ciro Gomes já contabiliza gastos de R$ 1,361 milhão com o fretamento.
Procurada para comentar os gastos, a campanha de Ciro Gomes não se manifestou.
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) - Cessna Citation Excel, CJ4 e Learjet 45
A campanha do ex-presidente Lula fretou ao menos três aviões durante a campanha até o momento, segundo dados enviados ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral). O fretamento de todos chega ao valor de R$ 787,8 mil.
Um dos aviões é um Cessna Citation Excel, modelo da mesma família no qual morreu o presidenciável Eduardo Campos, em 2014. A campanha do petista também utilizou um Citation CJ4 e um Learjet 45, mas em menor escala.
Procurada para comentar os gastos, a campanha de Lula não se manifestou.
Simone Tebet (MDB) - Cessna Citation CJ1 e Caravan
A campanha de Simone Tebet já despendeu R$ 128,9 mil com o fretamento de aeronaves. Os modelos usados pela candidata são o Cessna Citation Jet CJ1 e o Caravan.
Os contratos foram firmados com as empresas EJ Táxi Aéreo, Dux Táxi Aéreo e Sales Táxi Aéreo.
Procurada para comentar os gastos, a campanha de Simone Tebet não se manifestou.
Felipe D'Avila (Novo) - Voos regulares
O candidato do partido Novo informou à reportagem que faz seus deslocamentos aéreos por meio de voos comerciais.
No começo de setembro, D'Avila anunciou que as emissões de gás carbônico decorrentes de sua campanha serão compensadas, incluindo aquelas feitas no deslocamento.
Apenas com passagens aéreas foram gastos R$ 54,4 mil até a última prestação de contas. O partido ainda informou que não usa verbas do fundo partidário, apenas recursos oriundos de doações.
Jair Bolsonaro (PL) - VC-1 (A319), VC-2 (E-190) e VC-99 (Legacy)
As viagens de campanha do presidente Jair Bolsonaro são realizadas por meio de aviões da FAB, prática regulamentada em lei. Esse uso deve ser ressarcido aos cofres públicos pelo partido político do presidente, o PL (Partido Liberal), segundo nota enviada pelo GSI (Gabinete de Segurança Institucional) da Presidência da República.
Essa prática é regulamentada pela lei 9.504 de 1997, a Lei das Eleições, que estabelece que "O ressarcimento das despesas com o uso de transporte oficial pelo Presidente da República e sua comitiva em campanha eleitoral será de responsabilidade do partido político ou coligação a que esteja vinculado".
Antes do início da campanha eleitoral, o GSI realizou uma pesquisa de preços junto a empresas do ramo para ter como base qual o valor do ressarcimento a ser feito à FAB pelo uso de seus aviões.
Quando o presidente usar os aviões VC-1 (um Airbus A319) e VC-2 (um Embraer E-190), o custo a ser ressarcido pelo partido do presidente será de R$ 120,31 por km voado. Para aeronaves similares ao VC-99 (um Embraer Legacy), o custo é de R$ 70,00 por km voado.
Os custos gerados até o momento com o transporte do presidente em aviões da FAB não constam na prestação parcial de contas, e devem ser compilados apenas na prestação final a ser realizada por seu partido, o PL, após as eleições.
Procurado para comentar sobre os reembolsos que deverão ser feitos e quais viagens já foram realizadas, o partido de Jair Bolsonaro não se manifestou.
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