Reconhecer Biden como presidente é precipitado ou não?
Primeiro eles o ignoram, depois riem de você, depois brigam e então você vence.
Mahatma Gandhi
Não se fala em outro assunto - a vitória de Biden ou a derrota de Trump, ainda dependendo dos desdobramentos na justiça americana. Até aqui estamos vendo uma guerra de discursos tanto de um lado quanto de outro. Biden já se autoproclamou eleito, com base nas informações divulgadas pela imprensa, enquanto Trump luta com unhas e dentes para provar que as eleições foram fraudadas.
Os que torcem pela vitória de Biden dizem que ele está certo, pois, segundo eles, o resultado é incontestável, e alguns brasileiros não se conformam com o fato de o presidente Bolsonaro ainda não ter se manifestado para cumprimentar o vencedor. Os que torcem pela vitória de Trump, ao contrário, fazem coro aos pronunciamentos do atual presidente norte-americano e de seu principal defensor Rudolph Giuliani, que insistem na existência da fraude.
As guerras de narrativas
Se os fatos não se encaixam na teoria, modifique os fatos.
Frase atribuída a Albert Einstein
São guerras de narrativas, em que tanto um lado quanto outro procuram buscar argumentos para provar que sua causa é a mais justa e acertada. Se pensarmos bem, os dois lados têm suas razões. Com a diferença apurada até agora dos votos dos delegados, Biden abriu larga vantagem sobre o seu oponente, e não teria mais o que ser discutido.
Trump e seus assessores insistem na narrativa de que apareceram muitos votos de pessoas que já faleceram. Dizem que esses números são expressivos. Não levam em consideração, por exemplo, o fato de que um juiz federal já tenha desmentido essas afirmações. São as intermináveis guerras de narrativas, que incluem nesse pacote mais uma notícia que ainda não foi devidamente comprovada, o fato de que em muitas regiões dominadas pelos democratas, os republicanos foram proibidos de fiscalizar a apuração dos votos.
Esqueceram das nossas eleições
Durma-se com um barulho desse! O mais incrível dessa história toda é que as nossas eleições para prefeitos e vereadores estão aí, passando quase despercebidas. E, segundo alguns, são as mais importantes do país, e pouca gente discute a respeito dos candidatos que vão vencer no primeiro turno, ou daqueles que vão para o segundo. Preferem continuar debatendo sobre a situação das eleições nos Estados Unidos.
Como quase tudo na vida, há os fatos e a narrativa dos fatos. O que efetivamente ocorreu, e o que dizem ter ocorrido. Em certas circunstâncias, quem tem o melhor discurso e encontra argumentos mais persuasivos acaba por levar vantagem. E só se dá por vencido quando os fatos provam que as narrativas eram sem fundamento. E mesmo assim, nem sempre jogam a toalha, pois os mais radicais acabam por encontrar novas narrativas que se contrapõem aos fatos.
Por isso, parece que a disputa entre os norte-americanos está longe de ser definida, ou porque os fatos mostram determinado caminho, ou porque as narrativas dizem que os fatos não foram contados com a verdade exigida. Vamos observando aqui de longe, e cada um torcendo para que vença o seu candidato. Em alguns casos até retorcendo os fatos para que isso aconteça.
Superdicas da semana
- Há os fatos. E há a narrativa dos fatos
- Quando ler ou ouvir sobre um fato, analise se há interesse por trás da informação
- Uma guerra só pode ser considerada perdida quando não houver mais nenhuma chance de lutar
- Cada um pode ter a sua versão, mas a verdade só se sustenta nos fatos
Livros de minha autoria que ajudam a refletir sobre esse tema: "29 Minutos para Falar Bem em Público", publicado pela Editora Sextante. "Superdicas para escrever uma redação nota 1.000 no ENEM", "Como falar de improviso e outras técnicas de apresentação", "Oratória para advogados", "Assim é que se Fala", "Conquistar e Influenciar para se Dar Bem com as Pessoas" e "Como Falar Corretamente e sem Inibições", publicados pela Editora Saraiva. "Oratória para líderes religiosos", publicado pela Editora Planeta.
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