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Reinaldo Polito

Não faça reuniões a distância como se fossem presenciais

Reuniões a distância - Getty Images
Reuniões a distância Imagem: Getty Images

Colunista do UOL

16/03/2021 04h00

Saberá o homem resistir ao acréscimo formidável de poder de que a ciência moderna o dotou ou destruir-se-á a si mesmo manipulando-o?
Anesaki Chofu

Nos últimos tempos temos recusado ministrar treinamentos a distância por período prolongado. Alguns alunos chegam a insistir para que a carga horária de cada aula seja mais longa para que possam encerrar logo o aprendizado. Explicamos que os treinamentos a distância guardam grandes diferenças dos presenciais. O mesmo ocorre com as reuniões realizadas pelas empresas.

A carga horária das reuniões a distância não pode ser a mesma daquela utilizada nos eventos presenciais. Os gestores precisam se conscientizar de que o cansaço diante da tela do computador é muito maior. Por isso, precisam organizar reuniões com tempo de duração mais reduzido.

Os profissionais estão se cansando mais

Este ano de pandemia foi suficiente para que os pesquisadores apontassem algumas diferenças sensíveis entre as reuniões presenciais e a distância. O fato de o profissional ter a sensação de que as pessoas olham o tempo todo em sua direção quando aparecem na tela o deixa fragilizado por se sentir vigiado durante a reunião.

Além dessa questão do contato visual constante das outras pessoas, há o problema de o profissional também se ver durante muito tempo. Passa a analisar todos os seus próprios movimentos e a avaliar como a sua imagem está sendo observada pelos outros participantes da reunião. Há uma tentação de ajeitar o cabelo, a roupa, a postura. É tudo muito estressante.

A falta de movimentação física

De maneira geral, o profissional tem um pouco mais de dificuldade para se comunicar a distância. Não conta tanto com a expressão corporal, já que seus movimentos se tornam limitados. Por isso, precisa se dedicar com mais empenho nas explicações para ser compreendido.

Como fica durante muito tempo sentado, a falta de movimentação física faz com que o sedentarismo aumente de maneira excepcional. Quase todas as pessoas ficam inibidas para se levantar e realizar as suas necessidades básicas. Muitos se sentem constrangidos até para buscar um copo de água.

Por esses e outros motivos os contatos remotos produzem uma fadiga muito maior que os realizados na presença física. Poucos se deram conta desse fenômeno e continuam a promover os encontros virtuais como se as pessoas estivessem conversando presencialmente. Os próprios participantes não perceberam que estão se submetendo a um esforço físico e mental além do que estavam acostumados.

A solução imediata

A solução mais imediata, depois de tomar consciência de que essa atividade a distância pode ser prejudicial à saúde e ao desempenho dos profissionais, é promover períodos de descanso mais frequentes, permitir que desliguem as câmeras de vez em quando e incentivar para que se movimentem vez ou outra.

Outro cuidado importante é o de reduzir o número de reuniões. Pela facilidade de planejar os horários, alguns gestores chegam a marcar dez, doze, até catorze reuniões por dia. É muito desgastante. É preciso levar em conta o esgotamento dos participantes e dar espaços maiores entre uma reunião e outra.

Esses cuidados tão simples, além de melhorar a qualidade de vida dos profissionais, poderão aumentar substancialmente a produtividade do grupo. Tudo precisa ser muito bem planejado para que as reuniões tenham ritmo e, principalmente, que os objetivos sejam atingidos.

A mudança traz bons resultados

Nossa experiência demonstrou que os treinamentos mais curtos produzem melhores resultados. Os nossos alunos se mantêm mais concentrados, assimilam a matéria com mais facilidade e demonstram desempenho mais qualificado. Sem contar que, nos treinamentos remotos, é possível ministrar maior quantidade de matéria, realizar mais exercícios práticos e fazer mais avaliações.

É outra realidade que precisa ser avaliada com bastante seriedade, pois estão em jogo não apenas os resultados das reuniões, mas também o bem-estar e a saúde dos profissionais. Quanto mais rápido todos se adaptarem a esse cenário, mais depressa conquistarão os resultados que desejam.

Superdicas da semana

  • Evite olhar muito para a própria imagem nas reuniões a distância
  • Procure se movimentar em determinados períodos
  • Aumente os períodos de interrupção
  • Desligue a câmera de vez em quando

Livros de minha autoria que ajudam a refletir sobre esse tema: "29 Minutos para Falar Bem em Público", publicado pela Editora Sextante. "Comunicação a distância", "Os segredos da boa comunicação no mundo corporativo", "Oratória para advogados", "Conquistar e Influenciar para se Dar Bem com as Pessoas", "Como falar de improviso e outras técnicas de apresentação", "Assim é que se Fala", e "Como Falar Corretamente e sem Inibições", publicados pela Editora Saraiva. "Oratória para líderes religiosos", publicado pela Editora Planeta.

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