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Inflação em junho pode ser zero, e não falta mais nada para baixar juros
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Os números da inflação estão dando uma surra no Banco Central e nos especialistas em projetar índices de preços. De novo, em maio, a variação do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), de 0,23% sobre abril, veio abaixo das estimativas (média de 0,33%), e a tendência de recuo ainda não terminou.
Para junho, as previsões são de inflação perto de zero, com possibilidade de ocorrer alguma desinflação. Se essas previsões se confirmarem, a alta de preços, no acumulado em 12 meses, recuará dos 3,94% registrados em maio, para menos de 3,5%.
Corte de juros ficou inevitável
O Copom (Comitê de Política Monetária), colegiado que reúne presidente e diretores do Banco Central, e é o órgão que fixa a taxa básica de juros, tem reunião na terceira semana deste mês, mas é improvável que já decida iniciar um ciclo de cortes nas taxas básicas de juros. Seria uma virada relativamente forte nas mensagens que o BC tem transmitido à praça — um "cavalo de pau", no jargão do mercado financeiro.
A expectativa dos analistas tradutores das decisões do Copom é a de que não haverá como evitar um primeiro corte em agosto. Ainda que as projeções do Boletim Focus para a inflação em 2023 se mantenham acima do teto do intervalo de tolerância do sistema de metas, os sinais dos preços são cada vez mais inequívocos de que os juros básicos devem começar a cair.
O que já se discute é se o corte será de 0,25 ponto percentual ou 0,5 pp. Espera-se que o comunicado da reunião de junho venha com mensagem mais clara de que se aproxima o momento de dar início aos cortes nas taxas básicas de juros.
Medidas de variação de preços recuam
Fatores presentes na variação do IPCA de maio que pressionam o Copom a cortar os juros:
Ritmo de alta dos preços no setor de serviços arrefeceu, fechando maio com desinflação;
Média dos núcleos — indicadores que retiram das variações de preços eventos extraordinários e efeitos sazonais — em queda (0,4%), na comparação com abril (0,5%), e muito abaixo do registrado em maio de 2022 (0,93%);
Encolhimento do índice de difusão — que lista o número de itens com aumentos de preços no período analisado —, de 66%, em abril, parta 56%, em maio, abaixo também da média histórica de 65%
Pico de alta no ano previsto para setembro
Mais do que ingressar no intervalo de tolerância, o que já se deu em abril, o IPCA de junho se aproximaria do centro da meta de inflação, que é de 3,25%, podendo variar de 2% a 4,75%. É uma "novidade" que não se via por aqui há três anos, desde meados de 2020.
Embora projeções indiquem que as variações mensais do IPCA serão bem moderadas, com altas abaixo de 0,5% a cada mês até o fim do ano, a partir de julho, em razão da base de comparação menos favorável, a inflação, no acumulado em 12 meses, voltará a subir.
Pelas previsões, a alta de preços evoluiria até um pico de 5,7% em setembro, terminando 2023 abaixo de 5,5%, podendo fechar o ano mais perto de 5%. As projeções são do economista Fabio Romão, experiente especialista em acompanhamento de preços da LCA Consultores.
"O que estamos observando que deve pesar na inflação, medida pelo IPCA, no segundo semestre são os serviços, para os quais ainda projetamos alta em torno de 6% em 2023, e os preços monitorados, com elevação prevista perto de 10% no ano". Fabio Romão, economista da LCA Consultores
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