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Na indústria, empresas resistem a promover a igualdade entre homem e mulher
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Uma pesquisa feita pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) revela avanços na promoção de condições mais igualitárias entre homens e mulheres nas empresas do setor. De cada dez empresas, 6 têm políticas de promoção de igualdade de gênero (57%).
O dado é positivo, mas o que mais me chamou a atenção foi que quase três em cada dez (29% das empresas pesquisadas), não têm e não pretendem implementar essas políticas de maneira formal e clara. Esse índice é maior entre as indústrias das regiões Norte e Centro-Oeste, alcançando 35% nessas regiões.
Conversei com a professora Ana Diniz, coordenadora do Centro de Estudos de Diversidade e Inclusão no Trabalho do Insper, sobre esses dados, e ela aponta que há espaço para melhora.
"Não pretender é tão forte, não é? Pois indica que as empresas já avaliaram se essa pauta deveria entrar ou não dentro da agenda das políticas delas. Ter mais de 50% das empresas com políticas de promoção de paridade indica avanços e é importante a gente ressaltar, especialmente considerando que o setor industrial, historicamente, tem menor participação de mulheres, de forma geral e também no topo".
Questionada sobre esse dado, de que 29% das indústrias não pretendem adotar políticas de paridade, a CNI respondeu com uma fala do seu presidente, Robson Braga de Andrade: "Vemos que a participação das mulheres está crescendo na indústria devido a ações de igualdade adotadas há mais de uma década. Mas é necessário ampliar o debate e implementar medidas concretas para chegarmos a um cenário de igualdade plena."
O porcentual das mulheres em cargos de gestão na indústria (31,8%) cresce a cada ano, mas ainda é menor do que os demais setores da economia (46,7%), segundo dados compilados pela Confederação.
O setor industrial, na avaliação da professora Ana Diniz, não está descolado da realidade brasileira, que avança a passos lentos na direção de um mercado de trabalho mais igualitário.
Quando a gente olha para pesquisas que avaliam a incorporação de políticas para diversidade de maneira geral nas organizações, o que a gente vê é que o Brasil avança muito lentamente na comparação com outros países.
Ana Diniz, do Insper
Um dado positivo do levantamento feito pelo setor é que a paridade salarial é o instrumento mais utilizado pelas empresas (77%) para diminuir a desigualdade entre homens e mulheres na indústria. Igualar os salários de homens e mulheres que ocupam as mesmas funções está entre os projetos prioritários do governo Lula.
"Esse tema é sensível. O chamado gender gap demanda ações que façam com que a gente supere essa distância salarial entre homens e mulheres. Há hoje uma carência de mecanismos que garantam a paridade. Precisamos acelerar essas mudanças", completa a professora Ana Diniz.
A pesquisa da CNI foi feita por telefone com executivos de 1.000 empresas industriais de pequeno, médio e grande portes. As entrevistas foram realizadas entre 06 e 23 de fevereiro de 2023.
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