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Mariana Londres

REPORTAGEM

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Meta contínua só terá mudança na prática após saída de Campos Neto

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, em audiência no Senado - Pedro França/Agência Senado
Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, em audiência no Senado Imagem: Pedro França/Agência Senado

Do UOL, em Brasília

29/06/2023 18h46

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O mercado respirou aliviado nesta quinta-feira (29) com o anúncio da manutenção da meta de inflação em 3% para os próximos anos. A mudança do prazo da meta, de anual para contínua, já era esperada e começa a vigorar apenas a partir de 2025, após, portanto, a saída do presidente do Banco Central Roberto Campos Neto, que tem mandato fixo até o final de 2024.

Para economistas e estrategistas do mercado, o impacto do início da meta coincidir com a saída de Campos Neto é neutro. O que foi considerado positivo na decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN) anunciada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi o fato de o conselho não ter alterado as metas de inflação para este ano e nem para os próximos (as metas são 3,25% para 2023 e 3% para 2024 e 2025).

Como a meta será contínua a partir de 2025 e fixada em 3%, nada mudou. Os intervalos de tolerância, de 1,5 p.p. também foram mantidos, outro ponto considerado positivo.

Na análise de Daniel Cunha, estrategista-chefe da corretora BGC Liquidez, a decisão tem um potencial benigno adicional para a dinâmica de preços aqui no Brasil, com a manutenção do centro da meta em 3% e com as bandas inalteradas. "Ainda é preciso entender como será o 'accountability' [o que ocorre em caso de descumprimento, já que muda a dinâmica], mas isso é secundário no momento".

Para Cunha, a manutenção da meta em 3% é uma vitória de Haddad.

"É mais uma vitória do pragmatismo de Haddad. O "momentum Haddad", que temos chamado atenção aqui nos últimos meses, se mostrou o principal fator de valorização dos ativos nesse segundo trimestre e deixa o momentum positivo para o início do próximo trimestre/semestre".

Importante lembrar que, insatisfeito com os juros a 13,75% com a justificativa da necessidade de cumprir a meta de inflação, o presidente Lula pressionava nos bastidores e falava publicamente que se a meta estava errada [inatingível] era preciso mudar a meta.

Gabriel Barros, economista-chefe da Ryo Asset, considera a decisão desta quinta-feira do CMN positiva, mas mantém um grau de desconfiança sobre mudanças futuras.

"O saldo líquido da decisão do CMN é positivo, apesar de existir um risco de cauda em torno do horizonte de convergência da inflação para a meta, se de 12, 18 ou 24 meses, que deveria ser uma decisão discricionária do BC à luz dos choques que acometem a economia. As repetidas falas do ministro sobre a decisão, ao repetir a expressão 'neste momento', deixam algum ceticismo sobre os passos futuros, mas não muda o saldo positivo da decisão".