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Mariana Londres

REPORTAGEM

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Mercado amplia aposta de queda e juro de um dígito fica mais próximo

Gabriel Galípolo participa da primeira reunião do Copom em agosto - TON MOLINA/ESTADÃO CONTEÚDO
Gabriel Galípolo participa da primeira reunião do Copom em agosto Imagem: TON MOLINA/ESTADÃO CONTEÚDO

Do UOL, em Brasília

05/07/2023 04h00

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Muitos fatores têm derrubado os juros futuros, ampliando a aposta do mercado para que o início do ciclo de cortes da Selic (a taxa básica definida pelo Banco Central) ocorra na reunião do início de agosto do Copom (Comitê de Política Monetária), abrindo o caminho para o Brasil voltar a ter juros de um dígito já no próximo ano, em 2024.

A previsão de os juros de 2024 ficarem abaixo dos 10% apareceu pela primeira vez no Boletim Focus (pesquisa semanal feita pelo BC com agentes do mercado) em 16 de junho, com taxa de 9,5%. Antes disso, o mercado enxergava o rompimento dessa barreira apenas em 2025.

Aprovado pelo Senado para ocupar a diretoria de política monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo disse ontem aos senadores que a taxa básica mais baixa tende a estimular "o retorno dos investimentos e de crescimento mais sustentável pelos próximos anos".

Com a melhora dos indicadores na última semana (ata do Copom, avanços na regra de gastos, possibilidade de aprovação da reforma tributária e do PL do Carf, resultados de inflação, manutenção da meta de inflação para os próximos anos em 3%), alguns analistas já enxergam juros de 9% no final do ano que vem.

Para o consumidor que precisa de empréstimo ou financiamento, os efeitos da taxa de juros mais baixa só começam a aparecer em um prazo de 12 a 18 meses no Brasil, que tem cerca de 40% de crédito direcionado (ou seja, grande parte do mercado tem juros subsidiados e o impacto demora mais). Os juros futuros só chegam perto de romper a barreira dos 10% em janeiro de 2026, como explica o economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, em relatório nesta segunda-feira (3):

"No mercado de juros, a taxa para janeiro de 2026 está próxima de 10%, quase atingindo um dígito. Seria a primeira vez que veríamos essa curva de juros em um patamar tão baixo em mais de dois anos. Existe uma grande chance de que, no curto prazo, a taxa de juros caia para um dígito, especificamente no vencimento de janeiro de 2026".

Apesar do aumento do consenso de que o BC irá cortar os juros na reunião de agosto, o ritmo dos cortes ainda é a principal dúvida do mercado. Algumas instituições projetam dois cortes de 0,25 seguidos de dois de 0,50, o que levaria a Selic a 12,25% em dezembro. Outras apostam em início de cortes de 0,50, e, em função disso, o último Focus já projeta juros de 12% no final do ano (em caso de quatro cortes de 0,50, os juros terminariam 2023 a 11,75%).

Importante lembrar que em agosto completa um ano em que os juros brasileiros chegaram a 13,75%, em um movimento do Banco Central iniciado dois anos antes para frear os efeitos inflacionários sentidos no mundo todo com as quebras das cadeias de suprimentos na pandemia, e o impacto no preço da energia e commodities com a guerra da Ucrânia.

O movimento de alta dos juros no Brasil começou em agosto de 2020, quando a Selic estava a 2% depois de um ciclo de baixa em função da resposta necessária dos países à pandemia (jogando dinheiro na economia e aumentando o endividamento dos governos). Antes do início da pandemia, em fevereiro de 2020 (o início oficial pela OMS é 11 de março), os juros brasileiros estavam em 4,5% após um longo ciclo de queda iniciado em agosto de 2016.

Do ponto de vista político, está cada vez mais reduzido o espaço do Copom de adiar o início dos cortes para a reunião de setembro. Em agosto, será a primeira reunião com a presença dos novos diretores indicados pelo governo Lula e aprovados pelo Senado, Gabriel Galípolo (diretoria de política monetária) e Aílton Aquino (diretoria de fiscalização).