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Bolsa e dólar operam no nível da crise de 2009; entenda

Matheus Lombardi

Do UOL, em São Paulo

20/06/2013 15h02

A Bolsa de Valores e o dólar têm operado nos últimos dias nos mesmos níveis da crise de 2009, quando os mercados de todo o mundo sofreram com a quebra de grandes bancos e empresas. Uma das principais causas disso foi o anúncio do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) de que pode cortar os incentivos mensais de US$ 85 bilhões em títulos.

Para enfrentar a crise econômica, o governo dos EUA vem injetando dinheiro na economia. Ele faz isso ao comprar títulos públicos em mãos de investidores e bancos. Ao fazer essa compra, o governo coloca dinheiro no bolso desses investidores e bancos, que pode ser direcionado tanto para outros investimentos (como ações) ou para a concessão de crédito, o que pode estimular a atividade econômica.

Em tese, com mais dinheiro circulando, os empréstimos para empresas e consumidores ficam mais baratos, o que anima os investimentos no setor produtivo e o aumento do consumo.

Como o governo americano considera que a economia já está melhorando, pensa agora em parar de comprar esses títulos. Foi o que incomodou o mercado.

Dinheiro que sobra nos EUA vai para países como o Brasil

Junto de outras economias emergentes, o Brasil é um dos destinos preferidos desse dinheiro injetado pelo governo na economia, já que os juros no Brasil são bem mais atraentes do que os encontrados em economias desenvolvidas. Enquanto no país o investidor estrangeiro tem juros de 8%, nos EUA, a taxa média é de 0,25%.

Qualquer notícia que assusta os mercados faz os investidores retirarem o dinheiro de investimentos mais arriscados (como a Bolsa de Valores brasileira, por exemplo), para investimentos mais seguros ou em países com economias mais estáveis. Isso faz a Bolsa cair.

Enquanto isso, o dólar sobe. O mercado de câmbio opera com a lei da oferta e da procura. Ao vender suas ações, os investidores compram dólares no mercado. Com menos dinheiro em circulação, e o preço da moeda sobe.

O Banco Central vem tentando nos últimos dias, com a realização de leilões (uma espécie de venda do dólar no mercado futuro), segurar a alta da moeda norte-americana. Porém, as tentativas não têm surtido o efeito desejado.

De acordo com a Bovespa, os investidores retiraram R$ 5,5 bilhões do país apenas em junho.

Mantega disse ter "bala na agulha" para o câmbio

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta quarta que o governo federal tem "muita bala na agulha" para evitar variações muito intensas no câmbio. "Muitas reservas, muitos dólares", completou. 

Ao ser questionado sobre as ações do Fed (Federal Reserve, o BC americano) e o comportamento do câmbio brasileiro nos últimos dias, Mantega disse que o Banco Central e o Ministério da Fazenda estão atentos para conter as oscilações.

(Com agências)