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Dólar sobe 0,8% e fecha a R$ 3,61, com ação do BC e após 3 quedas seguidas

Do UOL, em São Paulo

21/03/2016 17h15Atualizada em 21/03/2016 17h39

Após chegar a subir mais de 1,9% pela manhã e encostar em R$ 3,65, o dólar comercial reduziu o ritmo de alta e fechou esta segunda-feira (21) com valorização de 0,8%, a R$ 3,61 na venda. 

Com isso, a moeda norte-americana quebrou uma sequência de três quedas. Na sexta-feira, o dólar havia caído 1,96% e fechado a R$ 3,582, menor valor desde 27 de agosto de 2015.

Apesar da alta no dia, a moeda acumula queda de 9,82% no mês e de 8,55% no ano.

Atuação do BC

O dólar reduziu a alta após o Banco Central intervir no mercado, fazendo uma operação que não era usada há três anos. 

O BC fez um chamado "leilão de swaps cambiais reversos", contratos equivalentes à compra futura de dólares. A operação foi anunciada na sexta-feira (18), quando a moeda norte-americana acumulava queda de mais de 10% no mês.

No início da tarde, o BC vendeu 5.500 contratos de "swaps" reversos e uma oferta total de até 20 mil. O volume da venda foi equivalente a US$ 272,7 milhões, de uma oferta de até US$ 1 bilhão

A venda parcial foi entendida pelo mercado como um sinal de que o BC não quer mudar a tendência do câmbio (ou seja, não quer fazer o dólar subir), mas sim corrigir exageros e garantir a oferta de dólares no mercado.

A ação do BC, segundo especialistas ouvidos pela agência de notícias Reuters, também serviu como uma porta de saída rápida para investidores que haviam apostado na alta da moeda norte-americana e foram pegos de surpresa pelo tombo recente.

Desde a última sexta-feira, o BC reduziu sua intervenção por meio da oferta de contratos de swaps cambiais tradicionais (equivalente à venda futura de dólares). A decisão levou em conta a desvalorização do dólar ao longo do mês de março e a alta mais lenta dos juros nos EUA, anunciada na semana passada.

Crise política

A crise política alimentava as apostas no afastamento da presidente Dilma Rousseff, algo que muitos operadores entendem como um possível primeiro passo para a recuperação da economia brasileira.

Segundo a "Folha", o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve se reunir na noite desta segunda-feira com a presidente Dilma para definir sua situação no governo.

Em conversas, Lula admite a hipótese de renunciar ao Ministério da Casa Civil, cargo que nem sequer ocupou, para atuar como articulador informal, segundo o jornal. A definição dependerá de decisões da Justiça sobre a legitimidade da nomeação do ex-presidente.

Na sexta-feira, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes suspendeu a nomeação do ex-presidente. A decisão foi vista como positiva por muitos investidores.

No sábado, pesquisa do instituto Datafolha apontou que 68% dos eleitores apoiam o impeachment da presidente Dilma, o que colaborava para o otimismo do mercado.

Investidores têm reagido de acordo com o desenrolar da crise política. Para alguns, a troca de governo poderia resultar em maiores chances de recuperação da economia e o fim da crise política. Outros, porém, acreditam que o cenário de incertezas continuaria atrapalhando o reequilíbrio econômico, mesmo com a saída da presidente.