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Dólar sobe 1,87% e fecha a R$ 3,584, após vazamento de áudio de Jucá

Do UOL, em São Paulo

23/05/2016 17h05Atualizada em 23/05/2016 17h07

dólar comercial fechou esta segunda-feira (23) em alta de 1,87%, a R$ 3,584 na venda. É o maior valor desde 18 de abril, quando a moeda norte-americana terminou o dia valendo R$ 3,597.

Na sexta-feira, o dólar havia caído 1,46% e encerrado a semana em baixa de 0,15%

Com isso, o dólar acumula alta de 4,13% no mês. No ano, no entanto, a moeda tem desvalorização de 9,26%.

Crise no Ministério do Planejamento

Investidores estavam cautelosos após notícia publicada pela "Folha" sugerir que o ministro do Planejamento, Romero Jucá (PMDB-RR), teria proposto um "pacto" contra a operação Lava Jato. O mercado teme que a campanha pelo reequilíbrio das contas públicas brasileiras possa enfrentar novos impasses com isso.

Jucá é um dos principais interlocutores do governo do presidente interino Michel Temer com o Congresso e está encarregado de buscar apoio para medidas como corte de gastos e aumento de impostos.

Em entrevista coletiva nesta manhã, Jucá afirmou que não tem medo de ser investigado e que o exercício de seu cargo é de decisão do presidente interino. Também disse que seguirá no posto enquanto entender que tem a confiança de Temer.

"A política continua falando mais alto do que a economia. A oposição vai cair matando no Congresso, e existe a possibilidade concreta de [Jucá] ser afastado", disse Arlindo Sá, operador da corretora Ativa, à agência de notícias Reuters.

"Perder um soldado já na largada seria muito ruim para a credibilidade desse governo, ainda mais por acusações de obstrução de Justiça", afirmou.

Rombo de R$ 170 bi

Na noite de sexta-feira, o governo anunciou que pedirá ao Congresso autorização para fechar 2016 com rombo recorde de R$ 170,5 bilhões.

Embora o número fosse em certa medida esperado pelo mercado, alguns operadores se decepcionaram com a falta de anúncio de medidas concretas para reduzir o rombo.

"O novo governo Temer precisa alcançar um equilíbrio delicado, anunciando novas medidas e, ao mesmo tempo, assegurando apoio no Congresso", escreveram analistas do banco JPMorgan em nota a clientes. "O governo precisa demonstrar progresso constante ou corre o risco de frustrar as expectativas".

Nesta terça-feira (24), o governo deve anunciar um pacote de medidas para tentar melhorar as contas públicas e estimular a economia.

Sem atuação do BC

Pela terceira sessão seguida, o Banco Central não fez leilões de swap cambial reverso, que equivalem à compra futura de dólares.

Dólar mais baixo tende a prejudicar a atividade de exportadores ao encarecer produtos brasileiros. Por outro lado, o dólar forte pode pesar sobre a inflação local.

(Com Reuters)