Ação da Vale cai 24,5% após tragédia em MG e puxa perda de 2,3% da Bolsa
As ações da mineradora Vale (VALE3) fecharam esta segunda-feira (28) em queda de 24,52%, a R$ 42,38, na primeira sessão após o rompimento de uma barragem de rejeitos da companhia em Brumadinho (MG), na sexta-feira (25). Os papéis da mineradora chegaram a ficar em leilão por 15 minutos pela manhã, devido à instabilidade.
Nos Estados Unidos, as ADRs (American Depositary Receipts, na sigla em inglês) da Vale negociadas na Bolsa de Nova York fecharam em baixa de 18,01%, a US$ 11,20. Na sexta-feira, quando a Bolsa brasileira estava fechada por feriado em São Paulo, as ADRs da Vale caíram 8%, a US$ 13,66.
A tragédia em Brumadinho também afetou outras empresas na Bolsa. As ações da Bradespar (BRAP4), que possui participação na mineradora, fecharam em baixa de 24,49%, a R$ 26,43.
Bolsa tem maior queda diária desde 10 de dezembro
A forte queda dessas duas ações pesaram sobre o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira. Ele fechou em baixa de 2,29%, a 95.443,88 pontos, na maior queda percentual diária em um mês e meio, desde 10 de dezembro (-2,5%).
A Vale e a Bradespar responderam por uma perda de cerca de 2,7% da Bolsa, segundo o analista da Genial Investimentos, Filipe Villegas. "Sem elas, o Ibovespa teria fechado em alta hoje", disse.
Dólar fecha em queda
O dólar comercial fechou em queda de 0,17%, cotado a R$ 3,765 na venda. Na quinta-feira (24), a moeda norte-americana subiu 0,23%.
O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, se refere ao dólar comercial. Para turistas, o valor sempre é maior.
Vale perde R$ 70 bi em valor de mercado
A queda de 24,52% nas ações da Vale fez com que o valor de mercado da mineradora desabasse. Somente nesta segunda-feira, a empresa perdeu R$ 70 bilhões em valor de mercado. O montante é maior que o valor de mercado de grandes companhias, como a Suzano Papel e Celulose (R$ 64,7 bilhões).
O valor de mercado de uma empresa é calculado ao multiplicar o valor de cada ação pelo total de papéis disponíveis no mercado.
Agência rebaixa nota da mineradora
A agência de classificação de risco Fitch rebaixou a nota da mineradora Vale para "BBB-" na noite desta segunda-feira. O rebaixamento, segundo a Fitch, reflete a expectativa de que a companhia terá de arcar com pesados custos de reparação da tragédia.
No sábado (26), outra agência de risco, a S&P, que já concede nota "BBB-" à Vale, afirmou que poderia rebaixá-la no curto prazo, em consequência do acidente em Brumadinho.
Quase R$ 12 bilhões bloqueados
O rompimento da barragem da Vale despejou milhões de metros cúbicos de lama na região do Córrego do Feijão, destruindo instalações da empresa e arrasando a comunidade local. Dezenas de pessoas morreram e há centenas desaparecidas.
Nesta segunda, a Justiça do Trabalho determinou o bloqueio de R$ 800 milhões da Vale para assegurar o pagamento de indenizações aos atingidos pela tragédia. O valor se soma a outros R$ 11 bilhões bloqueados em três decisões anteriores.
Sobre os bloqueios, a Vale disse que fará um depósito no valor de R$ 1 bilhão para assistência às vítimas, sem necessidade de bloqueio judicial, e que está "avaliando as providências cabíveis" quanto aos outros dois bloqueios de R$ 5 bilhões. "A Vale entende que tais bloqueios não são necessários, uma vez que não se eximirá de suas obrigações de atendimento emergencial da população e reparações devidas", disse a empresa.
Governo estuda afastar diretores da empresa, diz Mourão
O presidente em exercício, Hamilton Mourão, afirmou nesta segunda-feira que o afastamento da diretoria da Vale está em estudo pelo grupo de crise do governo formado após o rompimento de barragem.
A declaração de Mourão veio após o advogado da mineradora, Sergio Bermudes, negar responsabilidade da empresa no caso e afirmar que os diretores da companhia não iriam renunciar. Posteriormente, a Vale emitiu comunicado desautorizando as declarações do advogado.
Vale suspende pagamento de dividendos e bônus
Após o rompimento da barragem, a Vale suspendeu sua política de remuneração aos acionistas. Na prática, a empresa decidiu não pagar dividendos e juros sobre o capital próprio, além de bônus a seus executivos.
Em comunicado divulgado na noite de domingo (27), a empresa também informou que está suspensa qualquer deliberação sobre a recompra de ações. Não foi informado por quanto tempo vale a suspensão.
Nesta segunda, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) abriu dois processos para analisar a conduta da Vale na divulgação ao mercado do rompimento da barragem em Brumadinho. O órgão vai coletar informações para apurar se a mineradora seguiu os procedimentos de divulgação de fatos relevantes aos investidores.
Mercado de minério de ferro
O desastre de Brumadinho criou incertezas para o mercado de minério de ferro da China, em um momento em que a procura produto brasileiro está aumentando, disseram vários operadores chineses nesta segunda-feira. A Vale é a maior produtora mundial de minério de ferro com baixo teor de alumínio, o preferido das usinas chinesas devido ao seu baixo nível de impureza.
O rompimento da barragem no Córrego do Feijão é o segundo incidente em uma mina da Vale desde 2015, quando uma barragem de rejeitos em uma mina da Samarco se rompeu e causou o maior desastre ambiental da história da mineração no país. A Vale é uma das donas da Samarco, junto com a australiana BHP Billiton.
A mina do Feijão corresponde a 1,5% da produção da Vale, disse Helen Lau, analista da Argonaut Securities. Quatro operadores chineses do setor disseram que há preocupação de que o fornecimento de minério brasileiro de alta qualidade possa ser reduzido se o governo decidir fechar outras minas da Vale para investigações adicionais de segurança.
Nesta segunda-feira, os futuros do minério de ferro subiram para o maior nível em 16 meses após a Agência Nacional de Mineração ordenar que a Vale suspenda as operações na mina.
(Com Reuters)
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