Com juro baixo, Bolsa espera chegar a 2 milhões de investidores em 2020
A Bolsa de Valores (B3) poderá duplicar até 2020 o número de pessoas que investem em renda variável no país, atingindo 2 milhões de investidores. A projeção otimista se baseia na taxa de crescimento de abertura de contas de pessoas físicas, no cenário econômico de juros baixos e uma pesquisa sobre os hábitos de investimento dos brasileiros.
A Pesquisa do "Ecossistema do Investidor Brasileiro" aponta que o crescimento tem sido impulsionado pela mudança de comportamento dos investidores, principalmente pelos mais jovens, em busca de produtos mais rentáveis.
A B3 alcançou em abril o recorde de 1.046.244 investidores em ações, ETFs (fundos de índices) e fundos imobiliários. A marca coincide com o primeiro milhão (1.006.547) de pessoas físicas investindo em títulos públicos no Tesouro Direto.
"Temos registrado um crescimento médio de 7% ao mês no número de abertura de contas de pessoas físicas. Nesse ritmo, é possível alcançar os 2 milhões no ano que vem", disse Luiz Felipe Paiva, diretor de relacionamento com clientes da B3.
O Tesouro Nacional, por sua vez, espera superar a meta de 1,350 milhão de investidores no Tesouro Direto até o fim do ano. "Essa é uma projeção que fizemos em nosso planejamento estratégico há cinco anos. Será a primeira vez que iremos ultrapassá-la", afirmou Diego Link, gerente do Tesouro Direto.
Segundo Paiva, a sobreposição de pessoas físicas no Tesouro Direto e na Bolsa é inferior a 30%. "Ou seja, estamos falando em quase dois milhões de investidores nos dois mercados", afirmou Paiva.
Entre os investidores apenas da B3, a sobreposição de contas é de 5%, ou seja, cerca de 50 mil pessoas possuem conta em mais de uma corretora. Nos números do Tesouro Direto não há contagem dupla de investidores.
Meta de 5 milhões de investidores era em "outro cenário"
Questionado sobre a meta de atingir 5 milhões de investidores, divulgada pela última vez em 2014 para ser alcançada em 2018, Paiva afirmou que se tratava de um "outro cenário".
"A Bolsa viveu duas ondas de popularização nos últimos anos. Tivemos o 'Bovespa vai à praia', cujo formato era levar a Bolsa até as pessoas usando um formato de comunicação simples. Depois tivemos a meta dos 5 milhões, que refletia um cenário macro positivo, uma expectativa de grande crescimento. Chegamos a ter 65 IPOs [ofertas iniciais de ações] em apenas um ano. Era um cenário diferente", afirmou o executivo da B3.
"Agora estamos em uma terceira onda, de entender nossos clientes, que são os bancos e as corretoras. Elas estão no front, são eles que fazem crescimento o crescimento do mercado hoje. Quanto mais pudermos explorar essa capilaridade com os investidores melhor", disse Paiva.
Não adianta criticar a poupança
A "Pesquisa do Ecossistema do Investidor Brasileiro" feita pela B3 com mais de 1 mil pessoas físicas apontou que o brasileiro ainda vê a poupança como opção de investimento mais seguro e acessível.
"A cultura da segurança ainda é muito forte na cabeça do investidor. Tentar desconstruir a poupança é um erro. Nós temos que trabalhar a ideia de complemento na cabeça das pessoas. A poupança deve coexistir com outros investimentos", disse o diretor da B3.
Enquanto a poupança possui 153 milhões de investidores, com quase R$ 800 bilhões aplicados, a Bolsa alcançou 1 milhão de pessoas em abril, com R$ 220 bilhões investidos. "[Esse volume de recursos] é quase um terço da poupança, o que mostra o potencial de crescimento da Bolsa [entre as pessoas físicas]", declarou Paiva. No Tesouro Direto, o volume de recursos investidos soma R$ 57 bilhões.
80 mil pessoas possuem mais R$ 1 milhão cada na poupança
Segundo a pesquisa, cerca de 20 milhões de pessoas possuem mais de R$ 5 mil aplicados na poupança. "São pessoas que, potencialmente, poderiam experimentar outros produtos financeiros."
Outras 80 mil pessoas mantêm mais de R$ 1 milhão aplicado na caderneta, cada uma. "Nesse caso, eu diria que ter R$ 1 milhão na poupança já é teimosia. Não faz sentido", disse Paiva.
Entre os investidores da Bolsa, 421 mil pessoas (42% do total de 1 milhão) mantêm até R$ 10 mil aplicados em algum dos produtos oferecidos (ações, derivativos, fundos imobiliários e ETFs). Juntos, eles respondem por um montante de R$ 1 bilhão.
Um pequeno grupo de 8 mil pessoas investe, individualmente, R$ 5 milhões ou mais. Juntos, respondem por R$ 127 bilhões, ou 55% do total de investimentos de pessoas físicas na Bolsa.
No Tesouro Direto, a distribuição é um pouco mais homogênea. 567 mil investidores (56% do total) aplicam até R$ 10 mil por pessoa, totalizando R$ 1 bilhão, ou 2% do estoque de R$ 57 bilhões de títulos nas mãos de pessoas físicas. Outros 101 mil investidores (10%) investem entre R$ 100 mil e R$ 500 mil por pessoa, totalizando R$ 21 bilhões (34% do estoque).
Iniciantes na Bolsa aprendem a lidar com mercado de ações
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.