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Até que ponto Bolsa pode cair antes de reagir com força? Analistas calculam

João José Oliveira

do UOL, em São Paulo

06/03/2020 18h52

As incertezas provocadas pelo coronavírus levaram a Bolsa brasileira a ter fortes quedas e ficar abaixo do nível dos 100 mil pontos. Essa tendência deve continuar por um tempo: a Bolsa deve recuar ainda cerca de 18% antes de começar a ter uma recuperação mais firme.

Isto é o que afirmam analistas que usam análise técnica —o estudo de índices e preços de ações para identificar quando um bem tem mais potencial de valorização ou de perdas.

Na análise técnica, os gráficos mostram as pontuações (no caso de índices) ou preços (no caso das ações) que funcionam como uma espécie de barreira. São chamados de pontos de suporte ou de resistência. Segundo eles, funciona assim: se o índice ou ação cair, mas não chegar a atingir esse ponto de suporte, tende a retomar a tendência de alta. Porém, se cair abaixo desse ponto, a tendência é continuar no ciclo de baixa.

Bolsa caiu abaixo dos 100 mil pontos. E agora?

Foi o que ocorreu com o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, quando caiu abaixo dos 100 mil pontos. "A perda do suporte dos 100 mil pontos, que passa a atuar como resistência de curto prazo, indica que o índice vai mirar seu próximo suporte, que seria na casa de 95.000 pontos", afirmou o analista-chefe do banco digital Modalmais, Leandro Martins. Ou seja, o índice pode abrir a próxima semana em queda e recuar até 5%.

O analista o analista da Genial Investimentos, Igor Graminhani, detalha como esse caminho pode ocorrer. Segundo ele, a tendência de baixa vai seguir até o indicador bater em 95.855 pontos, mesma pontuação que havia sido marcada em 26 e 27 de agosto de 2019. Se esse suporte de 95.855 pontos for quebrado, a Bolsa segue, então, rumo a um novo teste, dessa vez em um piso ainda mais fundo, em 89.410 pontos.

"Esse suporte (89.410 pontos) é muito forte. Se o Ibovespa chegar lá, minha leitura é a de que o mercado bate e volta", afirmou Graminhani. Ele disse que essa pontuação, se atingida, levaria o Ibovespa de volta ao patamar de maio de 2019.

Mas e se o movimento de venda de ações seguir forte e o Ibovespa vier abaixo desse suporte, qual seria o próximo teste? Segundo Graminhani, o Ibovespa pode seguir caindo até os 84.030 pontos. Nesse caso, isso representaria para o Ibovespa um tombo de 18,4% em relação a esta semana.

Como acompanhar o desempenho

Segundo o analista da Genial, é preciso acompanhar sinais no mercado para checar se o movimento de queda pode ou não estar perdendo força. Um exemplo, diz ele: "Se a Petrobras (PETR4), ação com peso no Ibovespa, por exemplo, vier abaixo de R$ 23,28, vai continuar pressionando para baixo a Bolsa. Mas se o papel tocar nesse preço e respeitar o suporte, ou seja, voltar a subir, ele passa a atuar contra a tendência de queda", disse Graminhani.

Ele afirma que é importante observar o volume de negócios. Se a Bolsa seguir caindo, mas o volume de negócios diários diminuir, isso já é bom sinal.

Mas se o Ibovespa seguir em queda em dias marcados por um giro financeiro elevado, acima da média diária das últimas três semanas —que foi de R$ 21 bilhões—, a possibilidade de os suportes serem quebrados é maior.

Projeções são revistas

Enquanto os analistas grafistas traçam os pontos de suporte para a queda do Ibovespa, algumas casas financeiras já revisaram as projeções para o principal índice acionário neste ano.

A equipe econômica da XP cortou de 140 mil para 132 mil as estimativas para o principal índice da Bolsa brasileira ao final deste ano.

A corretora Necton, por exemplo, decidiu rever para baixo a projeção do Ibovespa para o final deste ano, de 137 mil para 129 mil pontos. "Por mais que acreditemos que iremos superar mais esta epidemia, não seria sensato não tomar algumas precauções", afirmou o economista-chefe da Necton Investimentos, André Perfeito.

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