Dólar vai a R$ 5,326, bate recorde e emenda 7ª alta semanal; Bolsa cai 3,8%
O dólar comercial fechou em alta de 1,14%, a R$ 5,326 na venda. Com o resultado, a moeda bateu mais um recorde nominal (sem considerar a inflação) de fechamento desde a criação do Plano Real. Na semana, o dólar acumulou alta de 4,3%, na sétima semana seguida de avanço. No ano, a moeda tem valorização de 32,72%.
O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, fechou em queda de 3,76%, a 69.537,56 pontos. Com isso, fechou a semana recuando 5,3%, após ter subido 9,48% na anterior. No ano, o Ibovespa acumula queda de 39,87%.
O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.
Desemprego nos EUA e impacto do coronavírus
Os casos globais de coronavírus ultrapassaram 1 milhão na quinta-feira (2), com mais de 52 mil mortes, após o grande aumento de casos nos Estados Unidos e o número de mortos avançando na Espanha e na Itália, de acordo com dados da agência de notícias Reuters.
O impacto econômico da pandemia continua assustando os mercados, principalmente após dados norte-americanos praticamente confirmarem uma recessão na maior potência do mundo.
Nesta sexta-feira, o Departamento do Trabalho dos EUA disse que os empregadores do país cortaram 701 mil empregos no mês passado, depois de criarem 275 mil postos de trabalho em fevereiro. A taxa de desemprego cresceu de 3,5% para 4,4%.
"Os Estados Unidos cortaram 701 mil empregos em março, evidenciando os primeiros efeitos do coronavírus no mercado de trabalho americano (...) Aqui, o reflexo foi imediato, com o dólar comercial subindo fortemente", explicou em nota Jefferson Rugik, da Correparti Corretora.
"O coronavírus segue assolando o globo, e, dentre os países afetados, neste momento os EUA são o que está em evidência", disse Ricardo Gomes da Silva Filho, também da Correparti.
Entre analistas, não há expectativa de melhora do cenário tão cedo, o que pode continuar pressionando moedas emergentes, incluindo o real.
Em nota, a Infinity Asset disse que "o problema continua a ser a ausência de um espectro temporal, pois a restrição à demanda pela paralisação se une ao temor pela perda de emprego e renda, os quais se convertem em adicionais restrições à demanda, piorando a atividade econômica como um todo".
"O quanto mais avançar tal cenário, mais se aprofundará a recessão e mais difícil será sua saída. Tal discussão só conseguirá ganhar corpo nas próximas semanas, com a possível redução do pico de casos nos EUA e Europa."
Recorde do dólar não considera inflação
O recorde do dólar alcançado hoje considera o valor nominal, ou seja, sem descontar os efeitos da inflação, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos.
Levando em conta a inflação nos EUA e no Brasil, o pico do dólar pós-Plano Real aconteceu no fim do governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em 22 de outubro de 2002. O valor nominal na época foi de R$ 3,952, mas o valor atualizado ultrapassaria os R$ 7.
Fazer esta correção é importante porque, ao longo do tempo, a inflação altera o poder de compra das moedas. O que se podia comprar com US$ 1 ou R$ 1 em 2002 não é o mesmo que se pode comprar hoje com os mesmos valores.
* Com Reuters
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