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Dólar emenda 4ª alta, passa de R$ 5,70 e bate novo recorde; Bolsa cai 0,51%

Do UOL, em São Paulo

06/05/2020 17h06Atualizada em 06/05/2020 18h58

O dólar comercial fechou em alta de 2,03%, vendido a R$ 5,704. Foi o quarto avanço seguido. Com o resultado, a moeda bateu mais um recorde nominal (sem considerar a inflação) de fechamento desde a criação do Plano Real. No ano, o dólar acumula alta de 42,13%.

O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, fechou em queda de 0,51%, a 79.063,68 pontos.

O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.

Piora da perspectiva da nota de crédito

Ontem, após o fechamento dos mercados locais, a agência de classificação de risco Fitch Ratings informou ter revisado para "negativa" a perspectiva para a nota de crédito soberano do Brasil, com a deterioração econômica e fiscal.

"Segundo a agência, a revisão da perspectiva para negativa reflete riscos negativos associados a ambas, devido a tensões políticas e incertezas quanto à duração e intensidade da pandemia", afirmou em nota o Itaú BBA, citando preocupações sobre impactos na vulnerabilidade do país a choques.

Segundo a Infinity Asset, o rebaixamento pode significar que o pior ainda está por vir: "outras agências tendem a seguir diretrizes ainda mais duras para as próximas classificações de risco."

Redução de juros

Ao mesmo tempo em que reagiam à mudança na perspectiva da nota do Brasil, os mercados aguardavam o resultado da reunião de política monetária do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central.

Após o encerramento do mercado, o Copom anunciou o corte da taxa básica de juros (Selic) em 0,75 ponto percentual, de 3,75% para 3% ao ano. É o menor patamar desde o início da série histórica, em 1996. A decisão foi unânime.

Analistas citaram a perspectiva de outra redução como fator de pressão sobre o real, uma vez que juros menores prejudicam o rendimento de ativos locais atrelados à Selic, tornando o Brasil menos atraente para o investidor estrangeiro quando comparado a países de risco semelhante e maior rentabilidade.

Além disso, amargando o sentimento nos mercados internacionais, dados desta quarta-feira mostraram que os empregadores do setor privado dos Estados Unidos demitiram um recorde de 20,236 milhões de trabalhadores em abril, depois que o fechamento obrigatório dos negócios em resposta ao surto de coronavírus devastou a economia.

Recorde do dólar não considera inflação

O recorde do dólar alcançado hoje considera o valor nominal, ou seja, sem descontar os efeitos da inflação, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos.

Levando em conta a inflação nos EUA e no Brasil, o pico do dólar pós-Plano Real aconteceu no fim do governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em 22 de outubro de 2002. O valor nominal na época foi de R$ 3,952, mas o valor atualizado ultrapassaria os R$ 7.

Fazer esta correção é importante porque, ao longo do tempo, a inflação altera o poder de compra das moedas. O que se podia comprar com US$ 1 ou R$ 1 em 2002 não é o mesmo que se pode comprar hoje com os mesmos valores.

(Com Reuters)